Cuidado com a Meritocracia às avessas

Com o passar dos anos a palavra “Meritocracia” tem se incorporado no vocabulário de funcionários de empresas públicas e privadas. É comum nos dias de hoje, nos depararmos com projetos de implantação deste modelo, mas afinal o que consiste este tema que geralmente causa tanta polêmica nas organizações?

A origem da palavra Meritocracia é do latim mereo, merecer, obter. Em outras palavras, Meritocracia pode ser definida como um sistema onde o mérito pessoal determina a hierarquia, onde aqueles que estiverem mais preparados são escolhidos e promovidos. Então quer dizer que um funcionário que cumpre suas metas, mantém uma postura condizente com o seu cargo e tem um bom conhecimento das suas funções será recompensado? Não necessariamente, ou melhor, depende.

Ressoa muito bem ao pé do ouvido uma mensagem assim como muitos já devem ter escutado: “Nesta empresa, os melhores são valorizados e os ruins são depurados”. Um lema desses mexe com a produção dos funcionários dedicados, pois ansiarão por obter metas cada vez mais desafiadoras, deixando-os orgulhosos por seu empenho ao final de uma dura jornada de trabalho porque estão almejando o reconhecimento. Ao perceber que a organização quer possibilitar uma melhora na vida de um funcionário, ele vai valorizar o seu trabalho e entregar mais do que entregaria habitualmente.

E este reconhecimento não precisa necessariamente estar atrelado a parte financeira. As pessoas gostam de se sentir acolhidas e de acima de tudo terem sua liberdade. Benefícios que vão além do reconhecimento público, como cafés da manhã, almoços, mais horas em sala de lazer, serviços de beleza para mulheres, esportes radicais para homens, cursos, viagens, entre outros são “recompensas” muito valorizadas pelos funcionários.

Mas é possível uma empresa não reconhecer os esforços de um bom funcionário, ou seja, praticar a “Meritocracia às avessas”? Sim e às vezes até sem se dar conta. Tomamos como exemplo a Empresa Y, que tem em determinada área o gestor Antônio que conta com dois funcionários do mesmo nível, Maria e João. Maria e João recebem o mesmo salário e os mesmos benefícios. João é pontual, cumpre prazos e metas, é confiável e suas entregas são de excelente qualidade. Maria ao contrário de João, possui um rendimento visivelmente inferior, chega atrasada, não cumpre prazos e efetua entregas incompletas.

Bom, mas até aí aonde está a falha da empresa? É visível que João é o merecedor de recompensas, mas de fato é o que ocorre? Não. Matematicamente falando, Maria ganha mais porque faz menos. Ou seja, ambos ganham o mesmo salario e os mesmos benefícios, porém Maria chega atrasada e se empenha menos. Se você se familiarizou com esta situação, CUIDADO! Este é o primeiro indicativo de que você irá reter “as marias” (perdíveis) e perder “os joãos” (imperdíveis).

O primeiro passo para evitar que situações como estas se tornem comuns em uma organização é a definição de regras de avaliação claras e visíveis à todos. A meritocracia e a avaliação desempenho caminham juntas e sempre foram questões polêmicas para a administração. Há muita resistência ao se “cobrar” atingimento de metas e mensurá-los, mesmo nos tempos de hoje, esta postura ainda é vista como autoritária.

Com a implantação de uma gestão por resultados nas organizações, pode-se verificar uma maior preocupação com o emprego de metodologias, e ferramentas que chegam bem mais próximo do desempenho do empregado do que antes. As empresas multinacionais são praticamente as pioneiras nesta implantação, e se tornaram as preferidas, pois é muito comum vermos que distribuem prêmios para os melhores avaliados e passam a ser o sonho de “consumo” de muitos.

Na verdade uma bonificação de cunho financeiro é sem sombra de dúvida, excelente, mas o mais importante é o funcionário sentir-se reconhecido e valorizado pelos seus bons resultados.

Thais Fátima L Oliveira
Enviado por Thais Fátima L Oliveira em 23/06/2012
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