Dia do Professor

Wilson Correia

Um Decreto de 15.10.1827, de D. Pedro I, criou o Ensino Elementar no Brasil. Por ele, “todas as cidades, vilas e lugarejos” vieram a ter “suas escolas de primeiras letras”. E essa data ganhou importância. Em 1963, o Decreto Federal 52.682 marcou o 15.10 como o Dia do Professor e feriado letivo nacional para "comemorar condignamente o Dia do Professor”, quando “os estabelecimentos de ensino farão promover solenidades, em que se enalteça a função do mestre na sociedade moderna, fazendo participar os alunos e as famílias" (Fonte: <http://www.portaldafamilia.org/datas/professor/diaprof.shtml>).

Hoje em dia, nem o “cartãozinho de cumprimentos” o professor recebe, seja das instituições educativas seja dos membros da sociedade. Parece não haver motivos para se lembrar do professor e se enaltecer o trabalho que ele desenvolve com vistas para a formação de homens, mulheres, trabalhadores e cidadãos. Não nos damos conta de que uma sociedade indiferente com relação aos seus educadores revela-se apática para com a própria educação e prosseguimos nessa indiferença.

Claro que a falta de empatia não afeta só o magistério: vivemos na sociedade do reconhecimento perdido. Porém, no que nos toca, temos que lembrar, todos os dias, que nossa profissão é vital; e que, ainda que não reconhecidos, vistos como massa de manobra, miseravelmente pagos, desrespeitados, alvos de socos verborrágicos dos políticos, dos cassetetes inclementes da polícia, da violência diária, mal representados pelas entidades de classe e partidos políticos, achincalhados em nossa honra e dignidade, por nós passam todos os filhos da sociedade.

Por isso o modelo societário mais humano e justo; o homem e a mulher mais solidários e companheiros, em certa medida, dependem de nós, de nosso trabalho diuturno. Cunhar aí o senso do valor do magistério depende também de nós. Então, que a nossa valorização comece por cada um de nós.

E que saibamos: “mais do que exercer uma técnica específica”, ensinar é “necessariamente convidar os jovens á reflexão, ajudá-los a pensar [sobre] o mundo físico e social, as práticas e saberes específicos, com o rigor e a profundidade compatíveis com o momento em que vivem. Ensinar é ajudá-los a adquirir um hábito de trabalho intelectual, a ‘virtus’, a força para buscarem a verdade e a justiça, para se rebelarem contra o instituído, para estarem sempre insatisfeitos com as explicações que encontram, com a sociedade na qual vivem, com a realidade que enfrentam no mundo do trabalho. E isso o docente não conseguirá fazer se ele próprio não assumir o trabalho intelectual, a superação da realidade que temos e a construção do novo como uma dimensão de sua existência” (COELHO, I. M. ‘Formação do educador: dever do Estado, tarefa da universidade’. In: BICUDO, M. A. V. & SILVA JR., C. A. (Orgs.). ‘Formação do educador’. São Paulo: UNESP, 1996, p. 39-40).

Que nosso trabalho revele nosso valor e que a sociedade o reconheça.

Aos colegas que fazem e sofrem a educação, meus sinceros reconhecimentos.

Parabéns, Professor!

Parabéns, Professora!