O POLÍTICO MAIS PRÓXIMO DO POVO!

Recentemente eu assisti a uma entrevista do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, no programa “De Frente com Gabi”, da apresentadora Marília Gabriela, e escutei frases do ex-presidente que me deixaram pasmo.

Entres outras contradições, considerando-se o que FHC fez quando estava na presidência, ele afirmou que os políticos têm que falar com o povo e disse que ele, como sociólogo, fazia isso durante seu mandato. Quem viu isso? Com que povo ele falava?

É interessante como esses políticos ficam bons quando saem do poder. Todo mundo sabe que, apesar de ser sociólogo, FHC quando chegou ao poder disse: “esqueçam o que eu escrevi”. Hoje ele afirma que inventaram essa história, mas não diz, nem processa quem inventou.

FHC disse também, em sua entrevista, que a grande diferença entre o seu governo e o de Lula é que ele é um intelectual, enquanto Lula não tem capacidade para saber o que está dizendo. Que modéstia! Isso deixa bem claro a ligação de FHC com o povo!

Mas o que achei de mais estranho foi o ex-presidente generalizar e dizer que os políticos ficam distante do povo, principalmente porque, segundo ele, o povo vota nos presidentes, nos governadores, nos senadores, nos prefeitos e se lembra disso, mas esquece em quais deputados e em qual vereador votou nas últimas eleições.

Eu não tenho mais a menor simpatia pela política, e me curei dessa doença de ser político, graças a Deus, mas não posso esquecer que fui vereador, por dois mandatos e por isso não admito FHC, ou qualquer outro político burguesinho, dizer que o vereador vive distante do povo.

Ao contrário do que FHC disse, quem vive distante do povo são os presidentes, os governadores, os prefeitos, os senadores e os deputados. O povo não sabe onde moram, nem tem acesso às casas desses “cidadãos”, mas as casas dos vereadores, principalmente no interior, são visitadas todos os dias pelos eleitores.

Os presidentes, senadores e deputados desaparecem. Os prefeitos vão morar noutras cidades, a maioria na capital, mantendo apenas uma residência eleitoral em seus municípios, e, quando vão às prefeituras, não têm tempo para atender ao povo.

O povo não esquece em qual vereador votou nas últimas eleições, muito pelo contrário, pois o vereador anda em carro próprio, de bicicleta e a pé. Anda nas ruas, nos bares, nas igrejas, nas escolas, em fim, em todos os cantos da cidade, durante todo o ano, ao contrário dos outros políticos que só aparecem para o povo nas campanhas eleitorais.

A vida de um vereador é um livro aberto para o povo. Em todo interior, todo mundo sabe onde os vereadores moram. O povo conhece o carro de cada vereador e até usa suas placas para jogar no bicho. O povo sabe, inclusive, a que horas um vereador sai de casa e a que horas volta.

Tanto isso é verdade, que o vereador é visto pelos eleitores como o político que tem a obrigação de resolver todos os problemas do povo e assim sendo, os vereadores são procurados todos os dias para solucionar desde, uma solicitação para tapar buracos de uma rua, a um problema financeiro e pessoal do eleitor. O que é lamentável, mas é assim que funciona a política desse país.

É por isso que eu concordo plenamente com o slogan usado pela UVP (União dos Vereadores de Pernambuco): “O vereador é o político mais próximo do povo”. E é o vereador quem faz as campanhas de todos os políticos do país, pois é ele quem vai de casa em casa pedir votos para esses “cidadãos”, que quando eleitos desaparecem.

No final da entrevista, Marília Gabriela perguntou ao ex-presidente como ele definiria Lula e, contrariando ao que havia dito no início da mesma entrevista, FHC respondeu que Lula é um fenômeno. Um fenômeno de popularidade e habilidade, que se adapta muito bem às diversas circunstâncias. Mesmo se contradizendo, finalmente, o ex-presidente disse alguma coisa que se aproveitasse.