Anatomia do Golpe

A ANATOMIA DO GOLPE

Prof. Dr. Antônio Mesquita Galvão

Viver sem ter opinião é perigoso,

porque te obriga a aceitar tudo o que te dizem.

É vergonhoso observar o que os perdedores políticos no Brasil engendraram para defenestrar a Presidenta Dilma eleita democraticamente com 54,5 milhões de votos. “Com esse impeachment os Congressistas fizeram os brasileiros de palhaço” (L. F. Veríssimo). Eles não conseguem esperar uma nova eleição, com medo de perder de novo, então tomam o poder pela via indireta, imoral, a socapa.

Em uma guerra, e a disputa política não é muito diferente, a primeira vítima é a verdade. Notícias apócrifas (falsas) são plantadas diariamente na Internet com o fito de confundir a opinião pública. Eis as pseudo-fontes: PapoTv, PensaBrasil, Brasil Real, Folhapolítica, entre outros. É revoltante a enxurrada diária de aleivosias. Tudo se presta para a proliferação dos ideários golpistas. Falam mas não provam nada. Quem não tem opinião própria acaba aceitando a opinião dos outros. Eles querem a cabeça de Lula porque tem medo do carisma do “barbudo”.

Qual o crime de Dilma? As “pedaladas fiscais”? Vendo a inércia do Senado em aprovar verbas, qual o governante que não faz isto? E fez para agilizar obras e ultimar projetos. Outro crime? Talvez o mais grave, vencer as oligarquias conservadoras a partir de Minas e São Paulo. A velha política do café-com-leite. Isto somado ao crime de ela ser mulher. Houve corrupção no Governo? Claro que houve! Isto ocorre desde Dom Pedro II que dava “mesada” para os deputados. O presidente americano Roosevelt († 1945) já havia dito que no Brasil a corrupção era endêmica, e que aqui ninguém resistia a um “canhonaço” de cem mil dólares.

O Brasil é pródigo em golpes. As oposições nunca se conformam com a perda legítima de eleições e, ao invés de esperar a próxima eleição para tentar derrubar democraticamente o adversário, vão em busca de assumir o poder pelos meios ilícitos, a sorrelfa e com mentiras e falsidade da verdade, para atingir seus objetivos menores. Assim foi com Vargas, Jango, Collor e agora Dilma. Falaram tanto no “mar de lama” sob o Catete (1954) e nada ficou provado, exceto algumas truculências da guarda pessoal do Presidente. Os militares acusaram Jango (1964) de ser comunista e querer cubanizar o Brasil junto com Brizola, o que nunca se confirmou. Collor, que era rico, foi acusado de corrupção por causa de uma Elba que ele teria recebido. Provaram as safadezas de PC Farias e só. Isto tudo evidencia que ainda estamos muito longe de uma salutar vocação democrática. Chegamos à lamentável conclusão que Brasil não é tão diferente do Paraguai.

Quem trai um acordo firmado nas urnas jamais vai honrar um

firmado nas sombras. Um gole agora não vai resolver os

problemas da Nação; pelo contrário, vi agravar.

E de esperar então que todos esses pruridos moralizadores, a partir da “república de Curitiba” se voltem para alguns denunciados, como Temer, Serra, Aécio, Cunha e tantos outros, e que se resgate a “ficha limpa” no Pais.

O autor é Doutor em Teologia Moral e Filósoofo

e-mail: kerygma.amg@terra.com.b

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