SE REZAR, O BICHO PEGA. SE ORAR, O BICHO COME

Sempre foi assim. Desde que nascemos e que começamos a nossa caminhada como adulto ouvimos sempre, o clássico jargão:

Peça a "Ele" e agradeça sempre, e implícito sempre estará que, não havendo motivos de sobra para isso, melhor mesmo ficar calado do que protestar em tese, respeitando o que se desconhece.

Proteste contra o governador, contra o Presidente da republica, contra o flanelinha, contra o rei. Proteste contra o Juiz de futebol, contra a truculência da policia, contra seu pai, sua mãe, seu inquilino que não pagou o aluguel, o politico corrupto, mas nunca contra Deus.

Proteste contra a morte de Saddam que foi o resultado da guerra dos Deuses do Ocidente contra os Deuses do Oriente, mas não proteste contra o Tsuname, pois esse ai, como tantos outros, ninguém assumiu a autoria. Talvez tenha sido culpa minha, ou de Judas, quem sabe Barrabás teria ressucitado também e se transformado no Saddam (rsss) ou até mesmo eu, você, do lado de cá do Oceano Pacifico, jogando saquinhos de plástico no lixo (que bobagem exagerada, que mentira deslavada).

Nem ouse duvidar da eficiência "d´Ele" como criador onipotente e onipresente. Os dogmas e catecismos mostram e ensinam que tudo de ruim que acontece ao ser humano é e terá sido sempre culpa dele (o ser humano, claro). Ou do demônio, em ultima análise. Ou, segundo aqueles que acreditam nos pensamentos de Alan Kardec, pode ser um aprendizado ou uma repreensão. Ninguém acredita em Geraldo Vandré que cantou recentemente de forma inteligente e exuberante aquela letra de sua autoria, ou não: “Quem sabe faz a hora, não espera acontecer”. Cantar ele cantou, de quem ele teria comprado, não se sabe.

Óbvio dizer aqui e que fique bem claro, o meu respeito a todas as crenças, ou àqueles que acham que o destino está escrito, mas é bom lembrar que os céticos têm o direito de se expressar livremente.

Algumas ironias, algumas piadas, algumas brincadeiras sempre serão permitidas de ambas as partes, como aquela do bêbado que ouvira do amigo a expressão “Deus te acompanhe” e mais à frente tendo tropeçado e enfiado a cara na lama, protestou: “Pode me acompanhar, mas não me empurre não”.

Que me perdoem os crédulos, uso a palavra jargão aqui, para deixar bem claro que o profissionalismo atua de forma eficiente onde a eloqüência e as vestimentas são fundamentais. Desde os tempos de Roma, até os palácios de vidros azuis das espetaculares Igrejas universais, mundiais, regionais, municipais e outras genéricas ou similares com seus nomes mais exdrúxulos.

A toga, os símbolos mais comuns como a cruz e as imagens, os mantos de cetim, e agora recentemente de uns 40 anos pra cá, os ternos e as gravatas. “Meu Deus”, como puderam fazer isso logo com o terno e a gravata. Talvez a culpa tenha sido da microfibra, pois qualquer um hoje pode comprar esse belo e elegante(?) conjunto por R$150,00 e pagar em dez vezes sem juros, num desses magazines populares e possivelmente ainda vem uma biblia de brinde. Não conseguem dissimular apenas o fato de que quando vestem aquela porcaria ficam extremamente desajeitados e ai vem aquela clássica pergunta em forma de piada: " O dono dele era maior" ?

A bíblia contemporânea ou reescrita, como bonificação e com apensos (comentários inteligentes de marketing dos novos pastores) instruindo como chutar uma imagem e não idolatrar símbolos e mostrando os boletos anexos para depósitos bancários, tudo isso autorizado pelo governo e pela nossa carta magna (que chamamos de constituição).

Nas reuniões de maçonaria, a pompa é de uma exuberância de fazer inveja aos nobres do Vaticano. Falo das reuniões “Brancas”, imaginem aquelas fechadas onde somente os Maçons participam, com direito a “maçonetes” e tudo mais (brincadeira minha, gente).

Se falarmos então dos rituais afros mais comuns na Bahia, com os balagandãs, vestimentas brancas, cocares, e outras indumentárias próprias de pais de santos e o luxo das festas de Reis e congados, tudo isso com uma conotação religiosa, fumaça branca (no bom sentido) e sempre ligadas a pratica do catolicismo.

Misturem tudo isso, sem falar nos costumes e crenças de outros paises que em muitos casos ultrapassam as práticas de enfiar agulhas em corpos de crianças e verão ainda coisas mais absurdas em nome da fé cega, da esperança.

Aqui em Goiás, já escrevia em 1995 em seu livro Centopéia de Néon, o Edival Lourenço em uma de suas orações (no verdadeiro sentido da palavra) o seguinte: “Deus não é um guincho que vem em seu socorro quando seu carro quebra e você o chama”

Nesse final de ano, para me assegurar que passaria dos 66, pelo menos na virada, não viajei de avião, não me hospedei em encostas, não atravessei as ruas sem olhar para um lado e outro. Enquanto isso, as garagens subterrâneas de prédios são inundadas, as águas dos rios sobem mais que antigamente (eu acho que isso é um exagero da grande imprensa). Não me arriscarei em endereços próximos de favelas (desculpem, eu quis dizer comunidades) para não levar uma bala perdida. Se atravessar um gato preto na minha frente, vou abrir uma exceção e vou me benzer (rss). Pode ser um gato branco também para que não exijam de mim, uma retratação quanto ao meu "preconceito", mesmo porque eu não sei se poderia chamar um gato negro de gato afro. É preciso tomar cuidado até com as piadinhas.

Sinal dos tempos, hoje é tão importante você monitorar os pontos de sua carteira de motorista, quanto os seus batimentos cardíacos. Sua dose de humor, suas ironias, suas brincadeiras enfim todas essas manifestações exponenciais das emoções humanas que oscilam independentemente do cérebro racional, podem lhe custar um preço e seu “slogan” (jargão) pode ser uma arma contra você mesmo. Que o diga o pobre Boris que nunca mais vai poder dizer – isto é uma vergonha - e um certo reitor que esse ano com certeza não poderá aparecer em público na procissão dos navegantes na capital dos bolinhos de feijão e dos berimbaus. A auto-mordaça dos internautas de um certo provedor, provém.

Portanto, a minha parte como dizem, eu sempre fiz e estou fazendo. Quanto a fato do meu prazo de validade estar vencendo que fique bem claro pelo menos pra mim, que não é um livre arbítrio meu. Que me perdoem os crentes, o carimbo e a data foi Deus quem colocou. Não dá pra pedir prorrogação, mas a minha Deusa Ciência está chegando com tudo (rsss) quem sabe ainda em tempo pra eu mudar minha data de validade, a meu bel prazer.

Luiz Bento (Mostradanus)
Enviado por Luiz Bento (Mostradanus) em 29/02/2012
Reeditado em 29/02/2012
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