“ A lei é relativa. O amor é Absoluto”.

Frase esta citada no copo do texto: Apóstolos sem fronteiras” pelo magistrado e professor João Baptista Herkenhoff, da Faculdade Estácio de Sá de Vila Velha (ES), na coluna: Ponto de Vista do jornal Folha Metropolitana de Guarulhos. O qual circulou dia 09/11/11. Tenho refletido sobre o mesmo nos últimos cinco meses e dois dias.

Ao ler o título do texto prematuramente julguei que o mesmo tratava de outro tipo de fronteiras. No entanto, enganei-me, pois, tratava de fronteiras no âmbito das leis, emoções para os quais o magistrado embasou-se no texto paulino de I Coríntios 13.1”Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine”. 1 Coríntios 13:1. . Muito embora este poema paulino tenha 13 estrofes ou versículos.

Dr. João Batista parafraseou da seguinte forma: “Podemos colocar o Apóstolo Paulo no Século XXI e, dentro de sua linha de ensinamento, desdobrar sua palavra: ainda que eu conheça e cumpra todos os artigos do Código de Direito Canônico, isso de nada valerá se eu não tiver Amor. O Amor, na lição de Paulo Apóstolo, é a grande diretriz da vida, é a balança através da qual, com a medida do Absoluto, pesamos tudo que é relativo. A lei é relativa. O Amor é Absoluto”.

O amor na lição do Apóstolo Paulo é a grande diretriz na vida , é a balança através da qual, com a medida do Absoluto pesamos tudo que é relativo. A lei é relativa. O amor absoluto, afirma ele.

Mais à frente em sua argumentação ele afirma: “Esta reflexão sobre Paulo Apóstolo me socorre quando penso nisto que se chama "segundo casamento". Casais, cujo primeiro casamento naufragou, e que procuram uma nova morada para o Amor. Conheço tantos lindos casais em segundas núpcias. Casais que constroem cada dia, na partilha, na doação, na responsabilidade, na fidelidade, o Sacramento do Amor”.

Pus-me a refletir sobre tal argumentação e a reestudar o texto paulino sobre – NA ÍNTEGRA, do v. 1 ao 13-, afim de melhor entender sua argumentação.

Algumas perguntas surgiram em meu pensamento as quais submeto à sua arguta observação e avaliação.

1º Se, o cônjuge que abandona o “barco naufragado” do 1º casamento tem direito procurar outra proa – digo: pessoa, relacionamento - “para ali ser feliz” - o que é diferente de querer fazer o outro feliz -, embasado no 1º versículo do texto de I Corintios sobre o amor;

Onde se aplica o direito dos filhos abandonados no “barco naufragado” a desfrutarem uma vida feliz ao lado de ambos os progenitores do casamento?

2º Não será falta de amor deslavada: o rejeitar o primeiro cônjuge, privá-lo de amor físico e emocional. Privá-lo de fidelidade, afetividade, cooperação e proteção mútua como manda a lei, simplesmente porque cansou-se dele ou não conseguiu-lhe amar, apenas o enganou? Ou o mandamento do amor só é válido para o novo relacionamento?

3º Onde foi para o amor absoluto para com os filhos do primeiro casamento? Aqueles que sempre levam os maiores solavancos quando o barco do casamento naufraga? Os filhos da primeira esposa suportam os piores momentos do começo da vida de um casal, quando ainda estão se estruturando, seja financeiramente seja, nas adaptações. Para depois, quando um dos dois – geralmente o homem – parte para começar tudo de nov, deixando para trás, os filhos com as marcas do abandono.

Até por questões financeiras óbvias, os filhos do ajuntamento seguinte ao divórcio, são os mais beneficiados pois, tal pai, quer oferecer a eles tudo que não ofereceu aos primeiros. Aumentando ainda mais as feridos dos primeiros, que a tudo assistem sem entender porque não “mereceram” tantos cuidados, sem entender porque foram jogados no cesto de lixo, quais papéis amarrotados, decertados juntamente com sua mãe.

Não consegui ler em nenhuma linha ou nas entrelinhas a menção sobre a prática do amor para com tais filhos.

Para fundamentar meus questionamentos sugiro a comparação entre o texto paulino completo e o texto do E.C.A. No qual se pode ler:

“Art. 5º Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais”.

Privar uma criança de um de seus progenitores, forçando-a a viver com outra pessoa seja avós ou outro cônjuge, não é crueldade e opressão? Não é privar-lhe de um direito inerente?

Onde está a prática do amor para crianças em tais circunstâncias? Ou a aplicação do amor se restringe ao pai que deseja outra mulher mais nova?

No cap. 13 de I Corintios existem mais doze versículos os quais foram abandonados.

Nos ver. 4 e 5 Paulo estabelece alguns limites ou fronteiras invisíveis, os quais parece ter sido evitados de propósito pelo ilustre magistrado que apoio o segundo relacionamento. Porém, evitá-los, não os anula:

“E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria.

O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece.

Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal;

Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade;

Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta”.

Logo: O progenitor que abandona filho em um “barco naufragado do 1º casamento” e parte ávidamente em busca da própria “felicidade” em segundas núpcias – nome bonito para uma atitude egoísta -, NUNCA amou nem será capaz de amar jamais. Apenas está procurando a sua felicidade e nunca fazer alguém feliz. Quem assim procede é egoísta demais para ser capaz de amar.

Não seria uma atitude inconveniente e injusta exigir que seus filhos se adaptem a viver com os avós ou com outro cônjuge, tão somente porque um de seus progenitores casou-se irresponsavelmente sem amar o cônjuge, e sem capacidade para amadurecer e aprender a convivência a dois, a qual é feita de renúncias e não apenas de egoismo? Os filhos não deveriam arcar como impactos negativos da busca de seus progenitores em evocar para si o “direito” a desfrutar outros corpos mais novos ou mais ricos financeiramente.

A Palavra de Deus não é semelhante a uma viola de uma corda só. Deus pensa, age e trabalha melhor do que uma orquestra, na qual cada instrumento tem sons e forma diferenciadas e são executados segundo sua finalidade, sem querer eliminar o parceiro por ser velho ou diferente.

Deus odeia o divórcio, odeia a infidelidade ao primeiro amor ( tanto na vida espiritual quanto no casamento). Até porque: quem não consegue ser fiel ao cônjuge o qual está visível à sua frente, como será fiel a um Deus invisível aos olhos humanos, míopes da visão espiritual?

Em seu plano Deus deixou claro para queira examinar a etimologia da palavra AMOR, para quem quiser examiná-la.

Segundos estudiosos de Hebraico: 'ãhêbh; sentido igualado ao português, relacionado com a atração física mútua. Estudiosos do grego a palavra se desdobra em três sentidos, com melhor amplitude que o nosso português:

1)-agapaõ: simbolizando o nobre amor divino de Deus pelos seres humanos. Muitos dos quais não sempre muito humanos. Amor longe das sensações eróticas confundidas com amor.

2)Phileõ: significando afeição íntima e profunda. Simbolizada pelo amor de mãe e irmãos. Muito embora, irmão há, os quais sequer olham um para o outro. Piores que animais.

3)Eros: o envolvimento gerado pela atratividade carnal. Fundamental para que um relacionamento físico entre marido e mulher possa fluir bem. Se mal utilizado – como tem ocorrido na pós modernidade -, onde as pessoas só o enxergam como a única forma de amar. Sendo assim, torna-se o mais prejudicial. Reduz o ser humano a um minuto de êxtase e orgasmo; a um par de belas coxas ou pernas, ou a um par de seios firmes. E o ser humano é mais que tudo isto junto.

Seria esta a prática do amor sugerida pelo Apóstolo Paulo?

Seria este o tipo de “amor” sobre o qual se fundamenta o magistrado de Vitória para colocar-se favorável às núpcias posteriores?

Seria este o amor que Jesus Cristo pregou? “Portanto, tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho também vós, porque esta é a lei e os profetas”. Mateus 7:12.

Seria esta a prática sugerida texto sobre “Apóstolo sem fronteiras” - Amar apenas a mulher da conveniência e os filhos da mulher anterior estão excluídos deste amor?

O “amor” humano, para além de admitir relativismo, é também subjetivo. Como o é as leis e o Direito, os quais contém o ingrediente da subjetividade. Ou seja: Pratique o amor da forma e com quem lhe convenha.

Este não é de forma alguma o amor pregado pelo Apóstolo sem fronteiras.

Paulo estabeleceu fronteiras:

1- o amor não é invejoso;

2- o amor não trata com leviandade. (Não é atitude leviana deixar uma mulher e correr atrás de outra mais nova e bela?”

3- Não se porta com indecência;

4- não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal;

5- Não pratica nem folga com a injustiça, mas folga com a verdade;

6- O amor tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.

7- O verdadeiro amor nunca falha e nunca se acaba.

Se o amor acabou-se é porque nunca existiu.

Concluindo:

O poema paulino sobre o amor completo, tem treze versículos.

É problemático estabelecer-se ou fundamentar-se qualquer teoria sobre apenas o primeiro deles, sob pena de se obter um texto acéfalo, ou paraplégico. 1 Coríntios 13:1 a13.

Leiam-no na íntegra. Vale à pena sua leitura!

nana caperuccita
Enviado por nana caperuccita em 11/04/2012
Reeditado em 11/04/2012
Código do texto: T3606788
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