O DESERTO

Texto: GN 21.8 – 21

INTRODUÇÃO: Quando pensamos em deserto nos vem à mente a ideia de um lugar árido, vazio, uma extensão de areia onde nada sobrevive. Porém a ideia bíblica de deserto é um pouco diferente, já que o povo hebreu vivia numa região onde, apesar da aridez do terreno e da vegetação escassa, era possível sobreviver.

Quando a Bíblia se refere a “deserto”, está designando a região do vale do Rio Jordão, vale do Mar Morto e a região ao sul do Mar Morto. Um lugar de vegetação rasteira, de pequeno porte, onde se podia criar cabras e ovelhas. Normalmente as famílias residiam em pontos estratégicos, próximos a poços, oásis ou pequenos ribeiros. Assim, era possível que uma família bem numerosa vivesse e mesmo prosperasse no deserto.

Nessas condições encontramos Abraão e sua família. Abraão era um homem rico e poderoso; seu filho Isaque um dia seria herdeiro de tudo que era seu. Porém Abraão havia tido um filho com sua escrava Hagar e isso estava lhe trazendo problemas. Para evitar dividir suas posses entre seus dois filhos, Isaque e Ismael, Abraão resolve mandar embora Ismael e Hagar sua mãe.

É assim que encontramos Hagar e Ismael: expulsos de casa, condenados a vagarem pelo deserto à espera da morte ou de um milagre. Talvez você esteja também atravessando um deserto à espera de um milagre. À espera de encontrar solução para a situação de calamidade na sua vida.

Porém, no deserto você também tem oportunidades. Oportunidades que Hagar e seu filho Ismael provaram no deserto. Oportunidades que quero compartilhar com você nesta tarde.

Que oportunidades foram essas?

1. DESERTO: OPORTUNIDADE PARA PROVARMOS A FIDELIDADE DE DEUS.

Hagar era já uma mulher vivida e experiente, acostumada às dificuldades e à dureza do deserto. Porém Ismael não passava de um garoto, que vivia no conforto e na riqueza de seu pai. Andar pelo deserto não era uma experiência fácil para Hagar, porém para Ismael era muito mais penoso e exaustivo. Não suportando o calor, a sede, o cansaço e a fraqueza, Ismael desmaia. Sua mãe, numa atitude de resignação e desespero, o coloca debaixo de um arbusto e se afasta para não o ver morrer.

Porém Deus havia prometido a Hagar que seu filho seria grande e dele também descenderia uma grande nação (GN 21.8 – 13). Como, agora, Deus permitiria que Ismael morresse? Seria Deus infiel às suas promessas? Sua palavra cairia por terra?

Talvez esse fosse o pensamento de Hagar naquele momento, mas Deus jamais deixa de cumprir o que promete. Mesmo que as circunstâncias de nossa vida mudem, mesmo quando nossos planos pareçam ir por “água abaixo”, Deus jamais invalida suas promessas.

Quando passamos por momentos difíceis, somos levados a pensar que Deus se esqueceu de nós, que já não nos ouve ou que não nos ama mais. A verdade, porém é que Deus jamais nos abandona e o deserto que atravessamos é a oportunidade de provarmos da fidelidade de Deus. Deus nos leva ao deserto para que tenhamos prova de que suas promessas são verdadeiras e Ele sempre as cumprirá. (Hb 6.17,18a Por isso, Deus, quando quis mostrar mais firmemente aos herdeiros da promessa a imutabilidade do seu propósito, se interpôs com juramento, para que, mediante duas cousas imutáveis, nas quais é impossível que Deus minta,...)

2. DESERTO: OPORTUNIDADE PARA OUVIR A VOZ DE DEUS.

O texto de Oséias 2.14 mostra uma estratégia que Deus usa com seu povo quando este se mostra rebelde: Ele nos conduz ao deserto para que, assim, possamos ouvir a sua voz.

O deserto é um lugar solitário, vazio, onde não existem carros buzinando, televisões ligadas, patrões dando ordens, crianças correndo... É o lugar ideal para ouvir Deus falando conosco, quando nos desligamos do mundo ao nosso redor. E assim foi também com Hagar.

Quando ela deitou Ismael debaixo do arbusto e se afastou, toda sua atenção estava voltada para o que aconteceria a seguir; ela estava sensível à voz do Senhor. Já esquecera toda sua mágoa de Abraão que a expulsou de casa; já esquecera de toda sua ira contra Sara que provocou sua expulsão; já esquecera de sua inveja de Isaque, que era herdeiro de Abraão, enquanto que Ismael apenas era considerado um bastardo.

Agora ela estava com o coração pronto para ouvir e obedecer à voz de Deus. E Deus fala com ela (vs. 17,18); Deus renova a promessa que havia feito a ela e lhe renova as esperanças. Deus providencia a água que lhes renova as forças e abençoa a Ismael fazendo-o tornar-se um homem forte, capaz de dominar o deserto (v20).

Também a cada um de nós Deus quer falar, porém somos tão ocupados conosco mesmo e com nossas preocupações que muitas vezes o Senhor precisa nos fazer passar pelo deserto para que possamos parar e ouvir a divina voz. (Sl 46.10 Aquietai-vos e sabei que eu sou Deus;...).

3. DESERTO: OPORTUNIDADE PARA APRENDER.

É interessante notar que o texto diz que Hagar e Ismael “habitaram no deserto”. Deus não os retirou do deserto, mas os fez habitar e sobreviver no deserto.

O povo hebreu, assim como muitos outros povos ainda hoje, acostumou-se a viver na região árida e desolada da península do Sinai e das regiões vizinhas. Ali eles criavam cabras e ovelhas, plantavam olivais e parreirais nas proximidades dos oásis e ribeiros, desenvolveram atividades comerciais e muitos se tornavam guerreiros para proteger suas terras.

Ismael nasceu e viveu sua infância nesse ambiente, por isso o deserto fazia parte de sua vida. Ele e sua mãe continuaram a viver no deserto e aprenderam a conviver com os perigos, as incertezas e as dificuldades do deserto. Acima de tudo Ismael e Hagar aprenderam a viver na dependência de Deus.

Em nossa vida muitas situações que vivemos nos ensinam a confiar e depender de Deus. Nossas experiências de vida, tristes ou alegres, calmas ou angustiantes, coletivas ou solitárias, devem servir para nosso crescimento e aprendizado. Como diz Paulo em Rm 5.3 e 4: a tribulação produz perseverança, e a perseverança experiência; e a experiência, esperança!

CONCLUSÃO:

Pela experiência de Hagar e Ismael no deserto aprendemos a olhar para as situações difíceis de nossa vida com outros olhos. Os desertos pelos quais passamos devem ser encarados como oportunidades que Deus nos concede: oportunidade para provarmos da fidelidade d’Aquele que jamais nos abandona; oportunidade para ouvirmos a doce voz do Criador que nos fala ao coração; oportunidade para crescermos e aprendermos a suportar e dominar o deserto que nos rodeia.

Luis Roco
Enviado por Luis Roco em 25/07/2013
Código do texto: T4404131
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