Em Medicina, como em tudo na vida, deve-se partir do mais simples para o mais complexo. O diagnóstico diferencial deve ser feito de forma a primeiro afastar as causas mais comuns e depois listar e avaliar outras possiveis razões para as queixas apresentadas.

A leitura prolongada exige uma eficiencia máxima do sistema visual sensorial e motor. Em outras palavras, a capacidade visual (acuidade) de cada olho e a qualidade da superposição das imagens dos dois olhos (fusão) são atributos diferentes e complementares, ambos necessários para viabilizar uma leitura eficiente. Os musculos de cada olho trabalhando em uníssono aliados à cooperação binocular permitem uma ótima leitura. Sem cansaço visual  e com máxima concentração e portanto captação eficiente (apreensão) do conteudo lido.

Afastadas as causas oftalmológicas, a falta de concentração na leitura e/ou a dificuldade relacionada ao ato de ler devem ser avaliadas sob outro angulo.


Uma outra perspectiva...
 

A desatenção e a falta de concentração são queixas comuns tanto no DDA (disturbio do déficit de atenção - com ou sem hiperatividade) quanto na dislexia de leitura.Em meninas é comum esta forma de apresentação do DDA (bem mais conhecido do que a dislexia visual).

Mas, alguns sinais e queixas visuais (espelhamento, fotofobia e falta de concentração, especialmente em relação à leitura) devem ser valorizados para excluir a dislexia visual antes de formalizar o diagnóstico de DDA (que também é de exclusão, não tem nenhum exame complementar que sòzinho confirme o diagnostico: são necessárias testes neuropsicológicas que avaliam a capacidade de memória e a cognição, entre outros aspectos, além da ressonancia magnética encefálica c/SPECT e a eletroencefalografia com mapeamento cerebral)..

Creio que em dúvida, a criança deva ser avaliada por especialistas tanto  em déficit de atenção quanto em dislexia visual. E se preciso for (dúvidas persistindo), o acompanhamento por ambos especialistas por um tempo maior fará a diferenciação após um determinado período de observação e acompanhamento. A precipitação diagnóstica não conduz a desfechos positivos no longo prazo.

Sendo ainda recente em nosso meio o diagnóstico e o tratamento da dislexia de leitura, as dificuldades enfrentadas por pais, educadores e crianças portadoras do distúrbio podem e devem ser minimizadas através de exaustiva investigação propedêutica.

A maioria de nós, oftalmologistas, não está familiarizado com a dislexia visual, dislexia de leitura ou sindrome de Irlen.

Apesar do exame rotineiro (acuidade visual, analise refratométrica, visão de cores, fundoscopia e biomicroscopia) não apresentar anormalidade digna de nota, as queixas trazidas pelos pais e cuidadores são muito pontuais para serem ignoradas.

O tratamento oftalmológico convencional (lentes corretoras de ametropias) não agrega valor terapêutico. Mas estratégias motoras (avaliação por ortoptista familiarizado com a síndrome disléxica), filtros e prismas  podem melhorar muito a qualidade de vida das crianças portadoras da dislexia de leitura, conforme atestam especialistas habituados a lidar com as queixas oftalmológicas do distúrbio dislexico.

No Brasil núcleos criados por especialistas em Minas Gerais (oftalmologistas Ricardo e Márcia Guimarães) e Pernambuco (oftalmologista Liana Ventura),agregam profissionais de vários segmentos (ortóptica, psicologia, fonoaudiologia, psicomotricidade,etc).

Abaixo seguem alguns textos curtos (extraídos dos sites referentes aos núcleos de diagnóstico e tratamento disponibilizados pelos médicos acima citados) para uma leitura rápida a respeito, com os respectivos endereços eletrônicos para mais informações.

Referência:

"Uma criança inteligente, mas que tem dificuldade para aprender a ler, e a se concentrar na sala de aula, pode ter um problema chamado dislexia, que, em grego, significa “palavra difícil”. Por ser uma disfunção do processamento da escrita no cérebro, a pessoa disléxica geralmente escreve palavras com letras fora de ordem e confunde esquerda com direita.De acordo com a médica Liana Ventura, os disléxicos apresentam problemas no sistema proprioceptivo, que é responsável pela percepção do corpo em relação ao meio ambiente. “Esse sistema está localizado nos olhos, no tato, nos ouvidos, ou seja, ele une todos os órgãos de sentido do corpo. Por isso que a criança disléxica é muito inquieta e tem dificuldade de focar, de se concentrar”, explica."
http://201.7.176.161/noticias/cidades/saude/2011/09/01/NWS,538243,4,62,NOTICIAS,766-ESPECIALISTA-EXPLICA-CAUSAS-TRATAMENTO-DISLEXIA.aspx

Outra referência:

“Gabriel Elie, oftalmologista francês que dirige a revista «Réalités Ophtalmologiques», explica que, «quando se trata crianças disléxicas através do método Alves da Silva, a transformação que se observa é espetacular. Em algumas semanas, estas crianças com grandes dificuldades na leitura adquirem um ritmo de aprendizagem normal».Em sua opinião, «depois de décadas de investigação em dislexia, cujos únicos resultados foram várias teorias que se expandiram em todos os sentidos sem chegarem a solução alguma, Alves da Silva deu-nos a chave do problema, explicando a sua causa e indicando um método terapêutico que se distingue pela sua simplicidade e eficácia»”.   REF: http://www.pcd.pt)

http://dislexia-informar.blogspot.com/2009/05/sindrome-da-deficiencia-postural-sdp.html

Mais uma referência:

 

“Quando uma pessoa tem dificuldades para ler ou para escrever, apesar de ter recebido educação apropriada, suas oportunidades de sucesso na escola e na vida são diminuídas. Freqüentemente associamos estas dificuldades com uma menor capacidade intelectual, mas o problema real pode ser um distúrbio de aprendizado”.

“Os sinais mais comuns são letras e números percebidos e escritos de forma invertida ou de cabeça para baixo. Outras características são dificuldades em aprender alguns fonemas, memorizar novas palavras, problemas com a coordenação motora e dificuldades de leitura”