A Necessidade é Atingir Consciência e não Inventar Culpados

Como Che, hei que endurecer na constância de lutar por querer mudar as coisas, sem jamais perder a ternura pelos direitos de qualquer ser humano, mas como todo pacifista, prefiro os métodos de Gandhi. (nota nossa)

A Conscienciologia é uma ciência nova, pragmática e suas buscas são particulares, podendo ou não ser reveladas, compartilhadas, aceitas e servirem a outros. O ser humano é levado a encontrar respostas particulares e superar limites pessoais, atentando também para a necessidade de ser útil ao meio ambiente – o planeta em que vive e os outros seres que nele vivem - inclusive é reforçada a necessidade de solidariedade ao outro, pelo esclarecimento e resgate humano, como reflexo social – ou seja, fazer o bem às outras pessoas no geral, além de si mesmo e dos seus.

Isso não quer dizer carregar ninguém nas suas costas, nem assumir compromissos alheios. Muitas pessoas não se olham no espelho, olham para os outros, querendo achar no outro a resposta solução para a sua vida e para o mundo. Conscientizar é importante, sabendo que as mudanças são lentas. Invadir e interferir arbitrariamente na vida alheia é uma forma desumana e de desrespeito ao próximo.

Os tempos atuais, fora as brigas e ambições humanas que tanto atrapalham, estão difíceis e ainda mais serão. A ciência aponta o risco geológico de terremotos, da divisão dos continentes e do avanço das águas sobre a camada terrestre, por causa do superaquecimento do planeta, causado principalmente pelos desmatamentos e pela poluição do ar.

Todo tipo de fanatismo ou de posições extremistas estão longe de estarem corretas e serem sábias. Apontar culpados e deixar de assumir a própria culpa, mudando o comportamento é um erro. Primeiro, os homens culpavam os adoradores de deuses desconhecidos dos seus pelas desgraças do mundo e os matavam. Depois, com a chegada do monoteísmo, os homens culparam as mulheres pelas desgraças - por causa da história de Eva; depois culparam os negros, por Caim, já que estava escrito que uma mancha negra cairia sobre os descendentes. Jesus Cristo inaugurou uma nova época, com a chamada boa nova [evangelho], onde Deus é pai de todos e sua igreja ou seguidores deviam amar e respeitar a todos os homens. Ignorantes, muitos ainda culparam os judeus pelas desgraças, por Cristo ter morrido entre eles, se esquecendo que Ele também nasceu entre eles e o próprio Jesus os absolvia orando por eles e dizendo que se erraram, não sabiam o que faziam. Estão duvidando do que disse o próprio Jesus Cristo?

Agora, extremistas religiosos tentam culpar aos gays pelas catástrofes ambientais que estão acontecendo e pelas que acontecerão, como sendo fruto de uma maldição [não assumindo a própria culpa de todos nós, sem exceção, de não cuidarmos do planeta casa que Deus nos deu]. Muitos gays tem sido assassinados no Rio de Janeiro aleatoriamente, sem causa definida, nos últimos meses, mais de 100 assassinatos sem nenhum motivo aparente a não ser por serem gays, o que não é motivo de se matar alguém. Isso resolverá as enchentes? A resposta é não.

Esses fanáticos também culpam aos que tem algum pertence [e que estudaram, trabalharam, pouparam e investiram honestamente durante anos] pela pobreza existente e fome no mundo – e se esqueceram do dinheiro absurdamente gasto com armas, que 10% dele mataria a fome no mundo. Não é necessário que todo mundo seja pobre, há abundância para todos – e não está na pobreza a salvação, visto na bíblia, onde se lê “mais fácil um camelo passar no fundo de uma agulha que um rico entrar no reino dos céus”, entenda-se rico por orgulhoso e orgulhoso aquele que se acha melhor que os outros, dono da verdade, do acerto e do merecimento enquanto o outro ou uma coletividade é considerado sua antítese. Querer ser dono de Deus, seu único preferido, foi o pecado que tirou Lúcifer do céu. Estamos nós humanos cometendo o mesmo erro de alguns anjos?

A classe média trabalha, sustenta o mundo e tenta diminuir as diferenças sociais e humanas, pois tem educação e consciência dos disparates cometidos. Não joga a culpa em ninguém. Sabe que a mudança depende do esforço e da consciência de cada um de nós. E que todos devem trabalhar e não querer o que seja do outro. Trabalhe para ter. Doação é medida emergencial, mas não é a solução, e não resgata ninguém, nem social nem humanamente, mas o resgate acontece sim, através da melhoria das condições de educação e trabalho.

Muitos pobres ficam perdidos, sem saber como agir, muitos ficam ainda mais pobres porque desmotivados não trabalham - acabando na ociosidade, não acreditando que devam se esforçar para mudar sua condição; e os milionários ficam perdidos com seus milhões, desconfiados dos outros seres humanos, com medo que lhes roubem - desiludidos, com medo de não serem amados, de não terem amigos, muitos se suicidam.

Os homens que se armam ou acreditam que serão atacados pelos outros ou pretendem atacar outros homens. Que tal um mundo em que se trabalhe a necessidade de viver em paz e o amor seja a medida entre os homens. Jesus Cristo pregou essa receita que muitos esquecem, mas não foi só ele, embora a mensagem dele tenha se expandido mais pois envolve católicos, protestantes, kardecistas, umbandistas e algumas alas mulçumanas [mas observa-se que muitas vezes, sua mensagem tem sido interpretada pelo homem de forma deturpada], mas também Buda pregava o amor e a paz, também Mahatama Gandhi e ainda outros – muitos humanistas religiosos e não religiosos pensaram e pensam parecido.

Acho que os pensamentos, palavras e atos de cada pessoa a salvam. Não existe salvação em massa de um mesmo grupo. Deus é Um. Cada povo o chama de forma diferente, mas fala do mesmo Ente. São variadas formas de tentar entender e contar a história do mesmo Pai. Religiões apontam caminhos comuns e não há como definir a validade e a invalidade de nenhuma, porque dependerá muito do modo como cada religioso a vive, sua fé, seu procedimento. Quanto aos extremistas, cada um quer ser dono de Deus – e julga ou deixa órfão, do lado de fora, as outras pessoas – de diferentes costumes. Deus não é propriedade de ninguém. Somos nós as criaturas, não Ele. Devemos procurar respeitar as outras pessoas, ainda que possam pensar e serem diferente de nós. O ser humano é apegado e os de natureza selvagem, são excessivamente ciumentos, mas precisam se educar.

Numa democracia, o ponto de vista, modo de vida de cada um, vindo da cultura herdada deve ser respeitado, levando em conta os limites do crime particular - estabelecendo em nosso Código Penal – e também dos crimes contra a humanidade – cujos direitos infringidos estão estabelecidos na Carta Universal dos Direitos Humanos.

Gostaria que relessem este texto: http://muraldosescritores.ning.com/profiles/blogs/ecumenismo-uma-fo...

O momento exige medidas extremas sim, mas de cuidado e recuperação ambiental, bem como ações que promovam a conscientização e solidariedade entre os homens, independente de sexo, cor, etnia, religião, profissão, pois todos fazemos parte da raça humana e devemos nos comportar como seres humanos e não como lixos insensíveis e presunçosos.

O reino de Deus não será de presunçosos e/ou egoístas nem tampouco de violentos. Lembre-se Amar ao próximo como a ti mesmo [não desrespeita-lo, não feri-lo como não gostaria que alguém fizesse com você] e a Deus sobre Todas as Coisas [respeitar toda a sua criação, incluindo a casa planeta que nos deu para morar].

Ana da Cruz. A Necessidade é Atingir Consciência e não Inventar Culpados. Mural dos Escritores, 31 de maio de 2010.