Como livrar-se da depressão SERMO XXXVIII

COMO LIVRAR-SE DA DEPRESSÃO

Invoca-me no dia da angústia.

Eu te livrarei e tu me glorificarás (Sl 50,15)

Eu não pretendo dar aqui nenhuma receita médica ou invocar algum postulado científico a respeito da grave doença da depressão, pois este não é o meu campo de pesquisa, ou como dizem os jovens: não é a minha praia. Mesmo assim, há várias pistas para organizar um raciocínio lógico capaz de ajudar as pessoas acometidas desta, que já era considerada “a doença do século XX” e que agora, no século XXI ataca com mais força, não respeitando homens, mulheres, idosos e até crianças.

A depressão, vista pelo enfoque da psicologia, é um distúrbio mental caracterizado por sentimentos de inutilidade, culpa, tristeza e desesperança profunda. Pode aparecer acompanhada de vários sintomas concomitantes, incluindo as perturbações do sono e a falta de apetite, perda de iniciativa, tendência à auto-destruição, abandono, inatividade e incapacidade para o prazer.

Os principais tipos de depressão são o distúrbio depressivo e a depressão bipolar (ou “síndrome maníaco-depressiva”). Nessa última, alternam-se períodos depressivos e estados de euforia, chamados de bipolaridade: ora depressivo ora eufórico: o mesmo que ciclotímico.

Por depressão se entende aquele estado de desencorajamento, de perda de interesse, que sobrevém, por exemplo, após perdas, decepções, fracassos, estresse físico e/ou psíquico e das rotinas, no momento em que o indivíduo toma consciência do sofrimento ou da solidão em que se encontra.

No tratamento da depressão, ainda sem lograr uma significativa eficácia, são empregados dois tipos de medicamentos: os antidepressivos e os inibidores da chamada “monoaminooxidasa”. Em 1986, foi introduzido o Prozac (um extrato de fluoxetina), que inibe a reabsorção da serotonina no cérebro. Fora isto, a doença não possui um tratamento que cure totalmente seus sintomas e conseqüências. Nesse terreno as soluções ainda são paliativas.

A doença vai e volta. Por isto é tão temida. Esses remédios, chamados “tarja preta” ajudam em algumas coisas e trazem problemas em outras. Todo o remédio é veneno, e como tal faz bem para algumas coisas e faz mal para outras.

Há diversas causas que concorrem para o surgimento da depressão. Em muitas pessoas, uma perda pessoal ou o estresse grave são identificados e podem interagir com a predisposição à depressão. As causas podem incluir fatores genéticos, familiares, bioquímicos, físicos, sociais e psicológicos.

A depressão grave ocorre em todos os grupos de pessoas. Afeta ambos os sexos, com uma incidência maior entre as mulheres. A depressão grave afeta hoje cerca de 25% da humanidade, em algum ponto de sua vida. Os dados são alarmantes.

A depressão foi considerada a mais grave doença psiquiátrica da modernidade, afetando aproximadamente oito milhões de pessoas só na América do Norte. No Brasil, há cerca de 18 milhões de pessoas deprimidas. É mais uma patologia do mundo moderno. Mas um grupo de pacientes, as crianças, vem chamando a atenção. Seus pezinhos mal tocam o chão quando chegam a se sentar nas cadeiras dos psiquiatras, mas apresentam sintomas de gente grande e demandam sérios cuidados.

As causas para a depressão infantil, em geral estão dentro de casa. Um ambiente familiar desequilibrado propicia uma série de transtornos mentais, entre eles a depressão. Especialistas afirmam que “crianças que vivem sob muita tensão num ambiente familiar e/ou social muito violento ou com muita privação material ou afetiva tendem a ter depressão”. Os técnicos apontam ainda como possíveis causas perdas precoces, abandono ou morte de entes queridos, bem como a violência doméstica e os abusos sexuais dentro do lar.

A falta de um suporte de profissionais de psicologia no aconselhamento pastoral dificulta o avanço de maior ajuda às famílias. Sem visão e experiência científica a respeito de alguns casos, as igrejas correm o risco de espiritualizar todo tipo de problema, não discernindo, muitas vezes, o que é do corpo, da alma ou do espírito.

No entanto, sabe-se o valor da igreja como família de fé no êxito do tratamento dessas crianças. Quando a família da fé assume a sua função terapêutica, até mesmo uma criança deprimida pode voltar a sorrir. Mas ainda falta gente disposta e preparada para percorrer os hospitais infantis e trabalhar com as crianças hospitalizadas, com as órfãs da violência e com as crianças em situação de risco social.

Há ainda, que se ponderar causas e conseqüências mais graves, decorrentes da depressão, como veremos adiante. É imprescindível, na opinião dos especialistas, que professores, catequistas, recreacionistas, etc., façam contato com os responsáveis pelas crianças se notarem nelas sintomas de depressão. Esse relacionamento é o início de um tratamento bem-sucedido.

A depressão, como uma doença da mente e do espírito, provoca na pessoa uma falha no sistema de imunidade, resultando na entrada de diversas outras doenças, como a fraqueza, a impotência física, o desequilíbrio hormonal e do metabolismo, a perda de referenciais morais, mialgias sem origens aparentes, o diabetes e o câncer. Num indivíduo sadio de mente, essas doenças tem maior dificuldade em se instalar, aumentando consideravelmente a qualidade de vida.

Como vimos, a depressão torna as pessoas mais vulneráveis a diversas doenças que, depois de instaladas, custam a ser erradicadas do corpo humano. São presas fáceis da depressão pessoas que perderam o emprego, aposentados que não sabem o que fazer do seu tempo livre, viúvos e indivíduos – às vezes bem jovens – que foram reprovados em concursos ou vestibulares para a universidade. Elas se desesperam diante de uma sensação de inutilidade.

Na Bíblia há muitos casos que evidenciam a incidência, desde os tempos muito antigos, de depressão, falta de iniciativa, medo, incapacidade de organização mental, que tanto poderiam apontar para problemas mentais, psíquicos, ou esgotamento físico e estresse, e até influências diabólicas, provocados por possessões e ataques de mais espíritos.

As angústias, os desajustes, os conflitos citados em vários livros das Escrituras revelam problemas de origem mental, comportamental e espiritual que assolavam o ser humano desde as remotas eras. A depressão é uma doença às vezes congênita, fruto de sugestão ou efeito de ação maligna no espírito do indivíduo. Para vencer as angustias, muitas delas de origens infernais, a pessoa deve recorrer à oração, uma das mais importantes terapias para esse tipo de mal.

O salmista afirma que “eu estive aflito e o Senhor me curou”. Quando a gente ora, está se entregando aos cuidados do maior terapeuta – Jesus – que tudo sabe, tudo pode e sempre está ao nosso lado. Ao dizer que “todo o poder me foi dado...” (cf. Mt 28,18) ele revela que pode curar qualquer enfermidade.

Todo o terapeuta humano formula uma tese, na busca de um diagnóstico para a nossa doença. Ele pode acertar como pode errar. Há males físicos e males da mente. Cuidado com a espiritualidade excessiva. Ore, clame a Deus por sua cura, mas consulte o médico, vá ao analista, faça terapia.

A história de Israel conta que um espírito mau atormentava o rei Saul (cf. 1Sm 16,14). A mesma narrativa fala em um distanciamento do rei com relação a Deus, o que seguramente abriu espaços aos avanços do Maligno, que ensejaram uma violenta depressão que sacudia o espírito do rei. A narrativa informa que, por causa de suas transgressões e pecados, Deus chegou a se arrepender de ter feito Saul o rei de Israel (cf. 1Sm 15,35). A falta de vigilância, na virtude e na observância da lei de Deus, abre flanco para a ação do diabo, que ataca o homem com depressões, dúvidas, medo e insegurança.

Assim como há casos de depressão puramente psíquica também ocorrem aquelas que são protagonizadas pelas forças do mal. Recordam como Jesus foi tentado pelo diabo no deserto? É possível, igualmente, no limiar de sua paixão, enxergar Jesus, no Getsêmani como vítima das investidas do Maligno, quem sabe tentando afastá-lo de sua missão redentora, cercando-o de uma dramática depressão:

Minha alma está numa tristeza de morte. Fiquem aqui e vigiem

comigo (Mt 26,38).

Nessa angústia, mesmo curvando-se ante o projeto do Pai ele chega a pedir que aquele cálice de sofrimento seja afastado dele (cf. Mt 26,39). Nesse embate contra as trevas Jesus nos revela que estas forças existem no mundo e podem atacar a qualquer um. É preciso estar vigilante!

O profeta Elias, mesmo vencendo a idolatria dos profetas de Baal, anunciando que “só o Senhor é Deus!”, foi vitima de uma exaustão, quando o diabo levou-o à depressão (cf. 1Rs 19). O Senhor o socorreu e ele pode completar sua missão. Igualmente Jonas, um profeta do pós-exílio, depois de anunciar a destruição de Nínive (que o Senhor suspendeu na última hora) sentiu-se desprestigiado, entrou em depressão e quis morrer (cf. Jn 4) .

Quando o rei Davi soube que seu filho, gerado em Bestabé havia morrido, entrou em uma profunda depressão.

Quando te invoco, responde-me, ó Deus, meu defensor! Na

angústia tu me aliviaste: tem piedade de mim, ouve a minha

prece! (Sl 4,2).

Como a corça bramindo por águas correntes, assim minha alma

está clamando por ti, ó meu Deus! (42,2)

As lágrimas são o meu pão, noite e dia, e todo dia me

perguntam: “Onde está o teu Deus?” (v. 4)

Por que te curvas, ó minha alma, gemendo dentro de mim?

Espera em Deus, eu ainda o louvarei: “Salvação da minha face e

meu Deus!” (42,12)

Outra vez, por causa de seus pecados, o orgulho, a concupiscência e a soberba, o rei Davi se viu imerso em uma depressão sem precedentes. Ao invés de se desesperar ele assumiu atitudes de penitente e recorreu ao poder de Deus para que ficasse livre de tanta angústia:

As ondas da morte me envolviam, as torrentes de Belial me

aterravam, os laços do xeól me cercavam, as ciladas da morte

de atingiam (2Sm 55,5s).

Neste texto vemos toda pestilência dos assaltos do mal, onde o Maligno (Belial, o malvado) conjura forças negativas da morte e do Inferno (xeól) para derrubar e vencer um homem ungido por Deus. Depois de suplantar tantas investidas, Davi se rejubila com seu Deus, aquele que o livrou das armadilhas do inimigo:

Javé é minha rocha e minha fortaleza, o meu libertador. Nele,

meu rochedo, eu me abrigo, meu escudo e minha força

salvadora que me salva da violência (2Sm 22,2s).

Salvo de seus males, físicos, morais e psíquicos, Davi reconhece o poder de Deus que o livrou das mãos do Maligno, e se põe a louvar e bendizer o Senhor. E nós? Quantas vezes somos socorridos por Deus, que nos liberta da boca do leão, e esquecemos de agradecer, ou achamos que nos livramos por nossa conta? É prudente conhecer o louvor do rei Davi:

Seja louvado! Eu invoquei a Javé e fui salvo dos meus

inimigos (2Sm 22, 4)

Na minha angústia invoquei a Javé, ao meu Deus lancei o

meu grito. Do seu templo ele ouviu a minha voz, e o meu

grito chegou aos seus ouvidos (v. 7).

As lutas de Davi entre a virtude e os pecados estão retratadas em muitos dos seus salmos, que exemplificam os assaltos do Maligno, neutralizados pelo poder de Deus:

Eu amo a Javé, porque ele ouve a minha voz suplicante,

porque inclina seu ouvido para mim, no dia em que eu o

invoco. Laços de morte me cercavam, eram redes mortais, e

eu caí na angústia e aflição. Então eu invoquei o nome de

Javé: “Javé, salva minha vida!” Javé é justo e clemente, o

nosso Deus é compassivo. Javé protege os simples: eu

fraquejava, e ele me salvou. Volte ao repouso, ó minha vida,

porque Javé foi bondoso com você. Libertou minha vida da

morte, meus olhos das lágrimas e meus pés de uma queda.

Caminharei na presença de Javé, na terra dos vivos. Eu tinha

fé, mesmo ao dizer: “Estou por demais arrasado!”

(Sl 116,1-10).

Para o processo de cura, a pessoa deve olhar para dentro de si, estabelecer uma rigorosa auto-análise, buscar a reflexão pessoal das causas desse mal, sem esquecer de recorrer à ajuda divina. É impossível livrar-se de desequilíbrios do espírito sem recorrer à providência Divina. Em muitos casos, só Deus é capaz de dar a cura e a tranqüilidade que dela advém.

Puseste em meu coração mais alegria do que quando

transbordam o trigo e o vinho deles. Em paz me deito e logo

adormeço, porque só tu, Javé, me fazes viver tranqüilo

(Sl 4,6s).

Em alta voz eu grito a Javé, e ele me responde do seu monte

santo. Posso deitar-me, dormir e despertar, pois é Javé quem

me sustenta (Sl 3,5s).

Encontramos no salmo 50 uma das sentenças que melhor exemplificam o poder de Deus, que nos ajuda na hora da depressão. E preciso pedir a cura, aguardar com fé sua realização e depois louvar a bondade do Senhor:

Invoque-me no dia da angústia: eu o livrarei, e você me

glorificará (v. 15).

Descarregue seu fardo em Javé, e ele cuidará de você. Ele

jamais permitirá que o justo venha a tropeçar (Sl 55,23).

É inegável a afirmação de que Deus socorre o oprimido:

Tem piedade de mim, ó Deus, porque me atormentam, o dia

todo me atacam e me perseguem; o dia todo me espreitam e

atormentam, são muitos os que do alto me combatem.

Levanta-me no dia terrível, pois eu confio em ti. Em Deus, cuja

promessa eu louvo, nesse Deus eu confio, e não temerei! O

que pode um mortal fazer contra mim? Todos os dias eles

discutem e planejam, maquinando o mal contra mim; eles se

reúnem, se escondem e observam meus passos, espreitando

com avidez a minha vida. Rejeita-os, por causa da injustiça

deles! Ó Deus, derruba com tua ira os povos! Anota em teu

livro a minha vida errante, recolhe minhas lágrimas em teu

odre! Meus inimigos recuarão quando eu te invocar, e assim eu

saberei que tu és o meu Deus. Em Deus, cuja promessa eu

louvo, em Javé, cuja promessa eu louvo, nesse Deus eu

confio, e não temerei! O que pode um homem fazer contra

mim? Eu mantenho os votos que fiz a ti ó Deus, eu os

cumprirei com ação de graças, porque livraste da morte a

minha vida, e meus pés de uma queda, para que eu ande na

presença de Deus, na luz dos vivos (Sl 52, 2-14).

No célebre Salmo 23, tão conhecido de todos nós, Davi nos ensina a forma de vencer as angústias, o medo e a depressão:

Embora eu caminhe por um vale tenebroso, nenhum mal

temerei, pois junto a mim estás; teu bastão e teu cajado me

deixam tranqüilo (v. 4).

Indagado a respeito da cura de tantos males que afligem a humanidade, Jesus respondeu: “As pessoas que têm saúde não precisam de médico, mas só as que estão doentes” (Mt 9,12).

Em Mateus 28,18 Jesus nos diz que “todo o poder me foi dado no céu e sobre a terra”. Ora, se Jesus tem todo o poder, só ele é capaz de curar nossos males, sejam eles do corpo, da alma e do espírito.

Nesse particular é um ato de caridade encorajar os deprimidos, os que são vítimas da angústia e os que estão sofrendo toda a espécie de ataques do mal. Na Bíblia vemos que Deus encorajou

• Abraão (Gn 15);

• Josué (Js 1);

• Davi (Sl 57,1s);

• Paulo (Gl 7,1);

• Os fracos, tornando-os fortes (2Cor 12,7).

Não que eu já tenha conquistado o prêmio ou que já tenha

chegado à perfeição; apenas continuo correndo para

conquistá-lo, porque eu também fui conquistado por Jesus

Cristo. Irmãos, não acho que eu já tenha alcançado o prêmio,

mas uma coisa eu faço: esqueço-me do que fica para trás e

avanço para o que está na frente. Lanço-me em direção à

meta, em vista do prêmio do alto, que Deus nos chama a

receber em Jesus Cristo (Fl 3,12ss).

Na Antiguidade, o profeta Isaias enfatizava os cuidados como que maternos de Deus com seus filhos em dificuldade, oprimidos pelo pecado, pela injustiça, pelas doenças e pela morte.

Mas pode a mãe se esquecer do seu nenê, pode ela deixar de

ter amor pelo filho de suas entranhas? Ainda que ela se

esqueça, eu não me esquecerei de você (Is 49,15).

Não tenha medo, pois eu estou com você. Não precisa olhar

com desconfiança, pois eu sou o seu Deus. Eu fortaleço você,

eu o ajudo e o sustento com minha direita vitoriosa. Ficarão

envergonhados e confundidos todos os que se enfurecem

contra você; serão reduzidos a nada e perecerão os que

lutam contra você (41,10s).

Quando você atravessar a água eu estarei com você, e os rios

não o afogarão; quando você passar pelo fogo não se

queimará e a chama não o alcançará, eu sou Javé seu Deus, o

Santo de Israel, o seu Salvador (43,2s).

O cristianismo tem na solidariedade um de seus pontos altos; quando há uma crise, uma dificuldade, sempre vem alguém ajudar:

Na verdade, quando chegamos à Macedônia, nossa pobre

pessoa não teve um momento de sossego; sofremos toda

espécie de tribulação: por fora, lutas; por dentro, temores.

Deus, porém, que consola os humildes, confortou-nos com a

chegada de Tito (2Cor 7,5s).

Que o Senhor conceda misericórdia à família de Onesíforo,

porque ele muitas vezes me confortou e não se envergonhou de

eu estar preso (2Tm 1,16).

Jesus lamenta que em sua agonia no Getsêmani os discípulos não se manifestaram solidários com sua depressão:

Vocês não puderam vigiar nem sequer uma hora comigo? Vigiem

e orem, para não caírem na tentação, porque o espírito está

pronto, mas a carne é fraca (Mt 26,40s).

Pelo lado da teologia e das ciências da espiritualidade, a depressão, em muitos casos é um mal que tem no Maligno sua força motora, com vistas à desestabilização do ser humano e conseqüente ruína de sua vida. Nesse aspecto, a depressão pode ser uma doença mental, o fruto de um processo de sugestão, ou o efeito da ação do Maligno.

Não quero generalizar dizendo que toda a depressão é fruto de uma ação demoníaca. Não! Muita coisa é psíquica, funcional, comportamental, etc. Mas que tem muita incidência desse tipo de ação, isso tem! O Espírito Santo inspira palavras de profecia. Nesse mistério eu digo: nunca se sinta derrotado! Deus é fiel! Ele tem um programa de bênçãos guardado para todos nós!

Como o Diabo ataca a vida das pessoas? Por que ele age assim? O diábolos é o adversário do ser humano, tem inveja de sua amizade com Deus. Ele é o desordeiro que vem agitar... agita a alma humana, gera confusão nas consciências e cria conflitos no espírito humano, levando a pessoa aos mais desencontrados tipos de comportamento, tornando-a capaz de graves desatinos. Tem doença que é psíquica, mas também tem depressão que é obra do Maligno para desestabilizar as pessoas, as famílias e os grupos sociais.

Ore, busque a ajuda de Deus e – em paralelo – procure uma ajuda especializada. Não vá aos charlatões. É preciso orar, pedir, clamar. Deus se move por clamor. Ele conhece todas as nossas necessidades, mas quer sentir o quanto nós precisamos dele e o quanto cremos no seu poder libertador:

Senhor escuta a minha prece, e que meus clamores cheguem

a ti. Não escondas tua face de mim, no dia da minha

angústia. Inclina teu ouvido para mim e no dia que eu te

invoco, responde depressa (Sl 102,2s).

Sabem porque Deus nao cura mais as nossas depressões? Porque nao temos a fé suficiente para pedir sua intervenção em nossos problemas.

Preferimos mais acreditar na medicina humana e em ooutros tipos de ajuda do que entregar a ele.

No aspecto físico, depressão é a insatisfação com o mundo que nos rodeia e também conosco mesmo. Trata-se de um sentimento forte capaz de gerar uma fobia, quando acreditamos que é tudo ruim e negativo. É fácil ficar deprimido, pois temos o costume de valorizar o mal existente nos outros e em nós, quando isso acontece, a depressão aparece.

Existem muitos remédios para a depressão e todos são bons, inclusive a simples homeopatia. Entretanto, para sairmos desse sofrimento precisamos mudar o modo de encarar nossos problemas, transformado os sofrimentos em desafios e deste modo superá-los. A depressão está no modo como vemos as coisas, por isso temos que ver e valorizar as coisas boas existentes. Nada nem ninguém é totalmente ruim, é preciso ver e valorizar o bom, o belo. Ficamos mais felizes, e a felicidade é o caminho para sair da depressão.

A caridade, o trabalho voluntário, o lazer bem organizado e a disponibilidade social são grandes remédios, pois quando nos sentimos valorizados por ajudar alguém, a nos preocupar com os problemas dos outros a depressão perde espaço. Muito além da lógica trabalhista, as pausas diárias e semanais atuam como uma ascese do corpo, um descanso do espírito e um fortalecimento da natureza.

É salutar uma pausa de tudo o que é vivo. Como diz o rabino Nilton Bonder (em um blog da Internet) tudo deve servir para a pausa: a noite, o inverno e até a morte. Onde não há pausa a vida lentamente se extingue, sem possibilidade de recuperação.

Um mundo que funciona 24 horas por dia, onde se verifica uma incrível falta de tempo para descansar e refletir, instauração a cultura da superficialidade, que é um campo fértil para o surgimento da depressão. Nessa conjuntura, observa-se os jovens que, ao invés de descansar do estudo e do trabalho, usam a noite para a diversão, o que gera alienação, tornando-os vulneráveis, envelhecidos, cansados e propensos às doenças do corpo e da mente.

Lazer é feito de descanso e não de ocupações. A palavra moderna entretenimento indica o desejo de não parar. Essa alienação deprime ante o temor de não ter o que fazer. A incapacidade de parar é uma forma de depressão. Infelizmente muitos de nós saem da escravidão do século XIX para o leasing do século XXI. Porque sonhamos com 100 anos de vida se não sabemos o que fazer com uma tarde de domingo. A pausa consciente de sua riqueza é que dá sentido à caminhada.

É tão fácil acusar as pessoas de fraquezas espirituais, de falta de fé, apontando-lhes inquisitorialmente o dedo. Culpar um depressivo, alguém que caiu, que foi derrotado pela vida, equivale a uma dose de veneno, a uma punhalada.

Para vencer e conquistar a ajuda que vem do Alto, é preciso sempre orar: “A nossa proteção está no nome do Senhor, que fez o céu e a terra!”.

1. Fique atento!

Não permita que o inimigo Maligno ofusque a sua vida;

2. Não desorganize sua mente!

Por que o diabo ataca os depressivos? Para desestabilizá-

los: o indivíduo depressivo pode cometer loucuras e

fracassar;

3. Tenha coragem!

Para ajudar na depressão são necessárias “injeções” de

esperança, que apontem soluções. Se alguém não está

capacitado a ajudar, cale a boca!

4. Tenha fé na ajuda de Deus!

Procure construir um futuro com a ajuda de Deus!

5. Aceite a ajuda dos outros!

Não se sinta derrotado! Acredite no poder de Deus; não se

sinta derrotado: ore e procure a ajuda de um médico,

psicólogo ou terapeuta. Não perca tempo com “pais-de-

santo”, médiuns, curandeiros, gurus, gente que dá “passes”.

Não vá atrás. Lembre-se: eles são todos uns charlatões!

Lembre-se: trate sua depressão como um problema psíquic. Vá ao médico, consulte um psiquiatra, tome os remédios receitados e procure eliminar as causa detectadas. Mas não esqueça: combata o componente espiritual de sua depressão, com orações, meditações, freqüência aos sacramentos, direção espiritual e uma vigorosa ascese de vida.

Se Deus é por nós, quem será contra nós? (Rm 8,31).

Tudo posso naquele que me dá forças (Fl 4,13).

Quando se sentir angustiado, desesperado, cheio de problemas, conte para Deus o seu problema, repreenda suas contrariedades com o nome de Jesus. Tenha coragem e esperança que Deus vai curar e resgatar você de todos os seus males. Deus sempre tem um repertório especial de bênçãos para seus filhos, em especial aqueles que sofrem.

Invoca-me no dia da angústia.Eu te livrarei e tu me

glorificarás

Em nossa vida pode haver angústias e crises. O que não podemos é viver na angústia. Isto é contrário ao plano de Deus. Você crê no milagre? Quem é que pode fazer o milagre em sua vida? Só Jesus, que mudou água em vinho e morte em vida é capaz de mudar a nossa vida. Não nos esqueçamos do que ele nos prometeu:

Venham a mim todos vocês que se acham abatidos

e sobrecarregados, e eu os aliviarei (Mt 11,28).

O autor é Filósofo, Doutor em Teologia Moral e especialista em Bioética.

Palestra ministrada no Conselho Regional de Enfermagem em abril de 2008.