EUCLIDES DA CUNHA ,UM FORTE!

Euclides da Cunha, carioca de Cantagalo, foi verdadeiramente um forte, sem ser sertanejo. Trabalhou arduamente e lutou contra moléstias que insistentemente o acometia, como a pneumonia, a tuberculose, a malária... Posicionou-se sempre que necessário em questões políticas, como por exemplo, quando em 1893, escreveu artigo contra o governo do Marechal Floriano e em 1894 e se colocou contra a execução de presos políticos de forma sumária.Foi sociólogo, professor, escritor, repórter jornalístico e engenheiro. Acreditava fortemente na vitória do governo sobre os discípulos de Antonio Conselheiro e registrou isso em seus artigos. Em 1897 cobriu a quarta expedição contra Canudos, como correspondente do Jornal “O Estado de São Paulo”, e escreveu em sua cadernetinha de bolso, informações a respeito dos costumes e expressões populares da gente que vivia nos arredores da cidade. Fez vasto relato sobre as mudanças climáticas, à flora, as serras da região, os minerais... Além de copiar os diários dos combatentes, seus companheiros de jornada, tudo isso na efervescência daqueles dias em que o governo queria a cabeça do santo do nordeste, o Conselheiro!

Euclides, certamente escreveu o seu mais celebre livro, “os Sertões” e através dele, colaborou com sugestões muito importantes, após vivência in loco da vida grotesca de um povo sofrido pela seca, nos confins do sertão baiano. Chamou atenção para a necessidade de desvio das águas do rio São Francisco para irrigar as terras áridas sertanejas, castigadas pela estiagem e calor infernal. E, ao Presenciar centenas de moribundos gemendo no tórrido chão de Belo Monte após sangrenta batalha, sentiu grande tristeza conforme seu último artigo para o jornal.

Sua vida pessoal foi turbulenta, foi traído pela sua esposa Ana e morreu pelas mãos de seu rival , o cadete Dilermando de Assis e o seu irmão Dinorá. História fatídica e sinistra, pois, tempos depois, o seu filho apelidado de “Quindinho” na tentativa de vingar a morte do pai Euclides, foi vitimado pelo mesmo Dilermando. Uma trajetória de vida com desfecho fatal.

Um homem de fibra, carioca, brasileiro, altivo, um escritor de sentimentos fortes que demonstrava na prática tudo o que sentia, que dizia, queria...

Fez isso em 1897, ao escrever no álbum da médica Francisca Praguer Fróes, o poema “Página Vazia” um desabafo ao desapontamento e nostalgia, pós Guerra de Canudos, um vazio... Pós selvageria!