O BOM HUMOR E A IRREVERÊNCIA DOS POETAS NORDESTINOS

Eu sempre admirei a inteligência dos poetas, tanto para improvisar glosas, quanto para ter sempre uma boa resposta na ponta da língua, independente do assunto. E quanto mais convivo com eles, mais os admiro.

Conversando com o poeta Marcos Passos, ele me disse que certa vez, uma repórter estava na cidade de São José do Egito, e, entrevistando o poeta Val Patriota, ela comentou: “Nesta cidade todo mundo é poeta, não é verdade?” Ele simplesmente disse que não, pois lá existem muitos poetas, mas nem todo mundo é poeta. A repórter insistiu: “Mas todo mundo aqui sabe rimar!” E Val respondeu: “Saber rimar não significa ser poeta. E rimar é fácil, até você sabe. Vamos fazer um teste?” A repórter aceitou a proposta. Ele então falou pra ela: “Eu digo uma palavra e você faz a rima, tá certo? Ela concordou e ele disse: “mamão”. Ela respondeu: “Pegue aqui na minha mão” e ele retrucou, de imediato: “Se eu soubesse tinha dito manguito!”

O poeta José Honório me contou que um camarada queria trocar uma cédula de cinqüenta reais e perguntou ao poeta Edson Luna: “Você tem trocado?” E ele respondeu em cima da bucha: “Minhas atividades sexuais não interessam a você”.

Há poucos dias, eu estava no Mercado da Madalena tomando umas com um magote de poetas e na prosa falou-se em bêbados, policiais e muito mais coisas. Aí, o poeta Felipe Júnior, criou uma piada que achei muito interessante.

- Um camarada era viciado em Orkut e certa vez, quando chegou a casa bêbado, sua mulher falou: - Meu amor, você chegou bêbado de novo? Faça isso Neguinho! Por favor, pare com isso, aceite Jesus. E ele, com a língua enrolando, respondeu: - Ele não me adiciona!

O poeta Jorge Filó também inventou a sua.

- Um camarada estava dirigindo com os documentos do carro atrasados. Um policial de trânsito mandou parar o carro e, depois de desejar bom dia, disse: - Documentos do carro e identidade, por favor! Ele entregou os documentos ao policial e ficou pensando numa maneira de oferecer uma bola para se livrar da multa, mas ficou preocupado em o policial não aceitar e o prender por tentativa de suborno. Então, enquanto o policial olhava os documentos, ele cantou uma música de Alceu Valença: “Uma onça pintada, seu tiro certeiro… E o guarda, como quem não quer, querendo, respondeu cantando uma música de Fagner: “Quem dera ser um peixe…

O poeta Neném Patriota, quando era Secretário de Cultura do Município de São José do Egito, teve a infeliz ideia de colocar na entrada da cidade uma placa onde se lia: “São José do Egito, o berço imortal da poesia”. Pelo fato de grandes poetas terem nascido em Itapetim, que na época pertencia a São José, como foi o caso dos tios de Neném, os poetas Lourival, Dimas e Otacílio Batista, o poeta itapetinense Marcos Nunes, autor do poema “Poetas de Itapetim”, falou: “Se São José do Egito é o berço da poesia, então Itapetim é o ventre!

O poeta Jorge Filó, poeta do mundo, porque morou em quase todas as cidades do Nordeste, sabendo que os primeiros poetas repentistas surgiram na cidade de Teixeira, na Paraíba, não perdeu tempo e disse: “Se São José é o berço da poesia e Itapetim é o ventre, então Teixeira é a gala!