PROFECIAS
Andam comentando a respeito das premonições do professor Juscelino. Aqui, vou me ater à principal sobre a minha cidade, o Rio de Janeiro: a que diz que a cidade tem boa chance de ser engolida por uma tsunami por volta do final do ano de 2013, em decorrência, se não me engano, de um abalo sísmico descomunal lá para os lados das Ilhas Canárias.
Não é exatamente profecia nova; já vi inclusive cientistas especulando sobre esta possibilidade, que viria ameaçar não somente o Rio como também todo o litoral do Nordeste do Brasil.
Pressurosa, minha mãe, por exemplo, já avisa, para minha perplexidade, não sei até que ponto irrefletidamente - porque, afinal, as premonições dele são todas registradas em cartório, e basta visitar o seu site para constatar que algumas, pelo menos, já acertou em cheio (e algumas das quais bem tenebrosas) - "Se a Itália ganhar esta Copa do Mundo, já vou procurar casa em Minas Gerais, provavelmente em São Lourenço!" Já que uma das suas predições aponta este país como o provável ganhador da competição. Ao que reagi com perplexidade ainda maior: "De qualquer forma vou escolher entre morrer afogada ou de frio!" - porque já tive a oportunidade de fazer escala aérea em Belo Horizonte, por exemplo. Criatura solar por índole que sou, afeita ao clima ameno dos trópicos, naquele dia de enganoso céu límpido quase congelei, ao descer naquele inesquecível aeroporto, que mais me lembrou o Ártico na época do verão polar!
A questão é: até que ponto devemos nos permitir orientar a nossa vida em função daquilo que, por ora, é uma quimera - não para o professor Juscelino, por quem nutro grande respeito, mas para o comum mortal, que não acessa estas projeções para um futuro, diga-se, ainda distante. Assim como também não acho prudente o outro extremo: ficar zombando de coisas que se dão no domínio mais vasto da vida, que não deixam de existir e de nos influenciar, a despeito da nossa franca ignorância sobre estes assuntos.
Então, o que fazer? Repetir a velha história bíblica e dançar, ironizar e festejar enquanto os mais sábios constroem a sua arca, para depois ser engolido, por imprudência, pelo dilúvio? Ou, como minha mãe, já começar a procurar, com uma antecipação de oito anos, residência em Minas Gerais, por excessos de zelos quanto ao que - como o próprio professor Juscelino torce para que seja - ainda é incerto?! Porque ele mesmo já afirmou que torce para errar. O problema é que não errou - em muitas e importantes vezes!
Penso que o caminho do meio, como em tudo nesta vida, ainda é a melhor coisa: não fechar os ouvidos para a possível voz sábia dos atuais profetas; mas também não se deixar governar por irreflexão e histeria coletiva, e por uma qualidade indesejável de desatino, passível de nos lançar num tipo de delírio perigoso e de molde a comprometer o bom andamento da nossa vida e dos nossos compromissos mais imediatos.
Porque uma coisa é certa: todo mundo está por aqui em razão de algum bom motivo, para bem desempenhar seu papel e acrescentar à vida. E é certo que, mesmo com todas as possíveis 'tsunamis', se for chegada a nossa hora, o mar dará um jeito de se elevar ao ponto de cruzar violentamente o país e de nos alcançar, lá em Minas Gerais, ou onde for!...
Ou talvez que o embalo onírico dos nossos sonhos nos carregue - porque ninguém expira o prazo de partida para prosseguir, extemporaneamente, nesta nossa curtíssima estadia no chão terreno.
Com amor,
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