A Morte de Zilda Arns - O Brasil ficou devendo mais uma.

Estou, no mínimo, chocada com a morte de Zilda Arns, aliás estou chocada com muitas coisas, mas este choque “agarrou” meu coração.

De um continente distante do meu, acompanho o noticiário de outro continente anunciando a morte do grande SER humano chamado Zilda Arns. Certa vez, escrevi um artigo que mencionava a Pastoral da Criança e seus salvamentos para o povo brasileiro.

A Nobre Senhora Zilda Arns é catarinense, assim com eu e tantos outros catarinas, do município de Forquilhinha, perto de Criciuma com uma distância geográfica de duzentos e cinquenta quilômetros de Florianópolis, capital do estado. Médica pediatra, desenvolveu no país a Pastoral da Criança, programa este no qual fui voluntária por três anos e que minha mãe, também voluntária, é coordenadora na cidade onde mora.

O Programa Pastoral da Criança tem como objetivo, e penso que tem conseguido de forma brilhante, acabar com a mortalidade infantil dentro do território brasileiro. O Programa é tão simples que emociona. São pessoas voluntárias, geralmente senhoras, que dedicam o seu tempo para ajudar na imortalidade infantil, dando informações precisas e encaminhando pessoas, de casa em casa, ensinando como se alimentarem, distribuindo a farinha que salva vidas, desenvolvida pela própria doutora Arns. Além disso, todo mês, geralmente na última sexta-feira de cada mês, assim é na Pastoral de Araranguá, as crianças são pesadas para saberem se está tudo conforme as orientações.

O trabalho iniciou-se em 1983, na Paróquia de São João Batista, município de Florestópolis, Arquidiocese de Londrina, no estado do Paraná. Este município foi eleito por apresentar uma alta taxa de mortalidade infantil (127 crianças para cada mil nascidas). Após um ano de atividades, a mortalidade infantil foi reduzida para 28 crianças para cada mil nascidas. Diante do sucesso, no ano seguinte, o trabalho da Pastoral da Criança se expandiu para outras regiões brasileiras com apoio dos bispos. Atualmente, mais de 260.000 voluntários acompanham o desenvolvimento de quase 1,8 milhões de crianças de 0 a seis anos e quase 94 mil gestantes em 42 mil comunidades pobres, de 4.066 municípios, em todos os estados do país. Desde o inicio do ano de 2008 a Pastoral da Criança está sendo coordenada pela Ir. Vera Lúcia Altoé, sendo por sinal a primeira sucessora da Dra. Zilda Arns Neumann. Os voluntários da pastoral da criança, membros da própria comunidade, acompanham as famílias assistidas. Procuram orientar sobre seus direitos e deveres, buscando uma melhor qualidade de vida. Em relação às gestantes, desenvolvem o acompanhamento do desenvolvimento do bebê a cada trimestre da gravidez, identificando possíveis situações de risco à gestação. Conscientiza a gestante, preparando-a para o parto e os cuidados pós-parto, informando sobre o aleitamento materno, vacinação e outros cuidados para o desenvolvimento da criança, além de apoio psicológico e conscientização sobre seus direitos e deveres. O acompanhamento das crianças se dá através de visita periódica durante as quais trabalha-se a conscientização da família sobre seus direitos e deveres, sobre o desenvolvimento infantil, do apoio ao aleitamento materno, de orientações sobre higiene e saúde, vacinação, acompanhamento nutricional, prevenção e tratamento da diarréia e de infecções respiratórias e identifica-se sinais de risco para a saúde.

Sabem, quando li a notícia, fiquei como estou agora, parada, meio que sem ter o que dizer, meio que querendo chorar e não sabendo o porque. O que sinto é uma dor que não é minha, mas imagino que seja de todos os quais Zilda conseguiu salvar.

Zilda Arns morreu, com 75 anos, trabalhando no Haiti, militante do próprio Projeto em que foi desenvolver naquele continente.

Eu não queria fazer isso, porque Zilda Arns não merece, mas sou obrigada a comentar que o Brasil, o PAÍS BRASIL, ficou devendo mais uma, não para a nobre Zilda Arns, mas para ele próprio que desprezou na forma mais plural da palavra esse grande Projeto da Pastoral da Criança.

Quiçá, para o Brasil, seja mais interessante olhar com olhos de peneira ao sol, dando uma ajudadinha aqui, outra acolá para sobrar mais dinheiro para tanto roubo.

Zilda Arns morreu em missão, missão humana, missão de solidariedade, missão de justiça, missão de honra, missões estas que o Brasil e seus governantes jamais vão entender.

*Desculpem a falta de correção gramatical.

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Gislaine Becker
Enviado por Gislaine Becker em 13/01/2010
Código do texto: T2027096
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