Um solo de saxofone

O saxofone é um dos instrumentos mais agradáveis de se ouvir, seja no conjunto de uma orquestra ou de forma individual, em um solo. Popular, no Brasil, desde o imortal Pixinguinha, o instrumento ganhou o diminutivo de “sax”, mas sem perder sua majestade e seu poder de encantamento. Como o velho “Pixinga” era especialista – entre outras coisas – em chorinhos, o saxofone ganhou o apelido de “chorão”, por saber, como ninguém, retratar as mágoas de amor, do compositor, do intérprete e do ouvinte.

Segundo sei, existem vários tipos e afinações de saxofone, cada uma adequada a um tipo de música ou arranjo. Meu pai tinha um amigo que tocava sax. Eles, naquele grupo de aficionados, chamavam o instrumento de “cachimbo”. E lá se iam as tardes de sábado para a casa do Armando Leão escutar a dolência dos blues e chorinhos do solista. Minha mãe colecionava discos de Freddy Garner.

Neste momento em que redijo este artigo, na FM Guaíba um sax chora suas mágoas, através de “Just way you are”, soprado por Gil Ventura. Hoje, a referência mundial no sax é o mestre Kenny G, embora existam outros virtuoses internacionais com boa vendagem nesse tipo de música.

No Brasil temos bons saxofonistas, onde se destaca a revelação de Caio Mesquita (com apenas 17 anos) e o veterano Moacyr Silva, que lançou mais de dez discos sob o pseudônimo de Bob Fleming, reproduzindo só música americana, jazz e blues.

Recentemente fiz um cruzeiro marítimo pelo litoral brasileiro onde, entre outras atrações, era possível admirar na orquestra do navio, as exibições de um trombonista e de um saxofonista, jovens porém de elevado grau de capacidade musical. E lá ficava eu, absorto em vê-los tocar, de “André de sapato novo” ao “Moonlight Serenade”. Nada mais enriquecedor para o espírito humano que uma boa música, uma leitura edificante ou um discurso conciso.

Mas tudo isto é mera introdução para uma história (verídica) que quero contar.

Dois jovens amigos saíram para a noite, dispostos a tomar “todas”. Como havia muitos bares e a sede era muita, combinaram fazer um “pitstop” em cada um deles, onde tomariam apenas duas doses em cada um.

No dia seguinte, comentavam a noitada. Um deles disse estar assombrado com a qualidade dos bares. Num deles – afirmou – até o vaso sanitário era dourado. Como o outro duvidasse, à noite fizeram o mesmo roteiro, perguntando ao porteiro se era ali que tinha, no banheiro, um vaso dourado.

Depois de muitas voltas, em um determinado bar, ao ouvir a pergunta, o porteiro gritou para alguém lá de dentro: “Roberval, descobri o bêbado que cagou no teu saxofone!”. Alguns solos saem desafinados...

Antônio Mesquita Galvão
Enviado por Antônio Mesquita Galvão em 06/01/2007
Reeditado em 15/01/2007
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