LIVRES-PENSADORES

Liberdade. Princípio, ou dom divino?
 
Não é por acaso que algumas das nações mais avançadas do mundo tomaram como legenda e ideal - embora por vezes contraditoriamente, no decorrer histórico da interação com o restante do mundo - este que se constituí no maior legado humano, acessível a cada um disposto a adotá-lo como princípio e direito inalienáveis no exercício de suas diretrizes de vida. Embora nem sempre pagando um preço fácil. Porque a mente livre não se corrompe. Não se dobra às pressões do sistema, maiores ou menores. Não conhece temores, e a única limitação inerente à verdadeira liberdade é o reconhecimento, no seu próximo, dos mesmos direitos à liberdade de pensamento e de atitudes.
 
Mentes artistas, via de regra, são livres. Porque a liberdade é intrínseca a outro dos maiores dons divinos legados ao homem - o da criação! E o ser realmente livre cria o seu destino, seja sob quais circunstâncias forem, e por mais limitadoras aparentem. Porque a liberdade de pensamento lhe oferece parâmetros diferenciados de consideração em todas as situações. E foi exatamente a isto que Jesus se referiu ao visitar João Batista em seu claustro, pouco antes da sua morte: "Vim libertá-lo, dentro do seu aprisionamento."; "Um homem pode ir e vir na hora em que deseja; mas ainda assim não é livre, porque coloca a sua fé apenas na sua espada" - Acrescentou ao centurião responsável pela guarda do prisioneiro inocente.
 
O espírita e médium, doutra feita,  via de regra é portador de uma índole inerentemente livre. Liberta de idéias pré-concebidas por crenças e ensinamentos anteriores, impostos pelo sistema vigente, porque, em muitas das vezes, nossos assistentes e amigos de outras dimensões vêm justamente para nos recordar outros ângulos de percepção de situações, coisas e pessoas, que pairam acima das limitações rudes da materialidade. E em quantas vezes estas revelações não colocam por terra todo o edifício enganoso, a partir do qual sedimentamos referências de vida e valores já inócuos para as transformações incessantes do mundo, bem como para as modificações que acontecem diariamente, e com naturalidade, em nós mesmos?
 
Como dito, em várias ocasiões a manutenção da integridade desta diretriz impõe sacrifícios, que beiram o isolamento. Mas a compensação é infinitamente satisfatória. Assim, alçamos vôo para além de falsas necessidades impostas pelo modus vivendi muitas vezes frívolo da hora que passa, ditador às massas inconscientes de múltiplas regras e imposições inúteis. A mente livre é banhada em luz. Porque, nutrida e reconfortada na fonte primeva da Vida, se deleita com as aragens perfumadas da primavera; com as inspirações fartas oriundas do ir e vir das ondas marinhas; extasia-se com a tormenta vincada por raios, e se reconhece verdadeiramente rica, frente ao por-do-sol e aos espetáculos gratuitos da natureza, desprezados por muitos auto-iludidos que situam o seu foco no consumo desenfreado e na competitividade selvagem, como objetivos únicos para se viver.
 
É porque a mente liberta anda em sintonia com a Fonte criativa de tudo. Exalta com naturalidade, em si mesma, este dom supremo, inerente ao caráter divino de todos os seres e coisas presentes na Criação. Assim, não se satisfaz em apenas copiar, decorar e reproduzir o já existente, nem busca provar, a partir disso, a sua supremacia sobre os demais. Como no exemplo magnífico dos naipes musicais de uma orquestra, com cada instrumentista realizando o seu melhor dentro de um todo, ou no ribombar das ondas caldalosas do mar nas areias frescas, onde a ausência de uma só gotícula talvez que desvirtuasse, de algum modo, a sinfonia reconfortante das águas, o ser livre compreende o seu papel na vida. E cria sobre isso, e o exerce graciosamente, com total inteireza.
 
Destoa, em muitas ocasiões, dos padrões áridos ainda vigentes neste mundo de provas. Porque provoca estranheza, quando não aversão, em se recusando a repetir os clichês seculares e inconscientes das fórmulas que não servem mais, exigindo renovações saudáveis em favor da vida. Não enxerga o seu próximo como alguém superior ou inferior a si próprio; mas, idêntico a si,  como uma expressão vital original, sem paralelos, e detentor de qualidades tão exclusivas quanto importantes para as engrenagens mantenedoras da existência. Desconhece a hipocrisia, dada a sua transparência de alma translúcida, e empenhada no bem e na verdade maiores de cada situação. Recusa os jogos de poder, já que não se corrompe, em nenhuma possibilidade, e, para uma tal índole, são, todos estes jogos, de uma desimportância definitiva nos movimentos constantes de um universo que nos oferece em abundância, o tempo todo, retirando-nos inexoravelmente, de outra feita,  tudo o que tínhamos como dádivas permanentes.
 
Assim, o livre pensador não conhece ganância. Se fecha-se uma janela, cria. Liberta-se! Acolhe, de bom grado, as revelações boas e os fatos oportunos que lhe servem de ferramentas úteis em prol do embelezamento da vida. Desfaz-se deste modo, com facilidade, das teias traiçoeiras do apego e da posse. E, reconhecendo a sua situação de eterno aprendiz,  nunca se deprecia em importância diante dos golpes da perfídia desfechados por agentes das sombras, empenhados constantemente na subversão da Luz no mundo.
 
Sejamos, pois, livres pensadores! E, antes mesmos das volições vertiginosas nos mundos e dimensões etéreas, haveremos de, ainda aqui, voar para o infinito! E tocar os céus!
Christina Nunes
Enviado por Christina Nunes em 18/12/2011
Reeditado em 19/12/2011
Código do texto: T3395919
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