O MUNDO FELIZ
No artigo anterior, comentei sobre o idioma espiritual inerente à música de Bach, e sobre a leitura de uma obra interessante do médium Elifas Alves, A Vida no Planeta Feliz, que nos fala sobre ser, este grande mestre da música, um jupiteriano que, no livro, nos oferece o seu depoimento profundamente inspirador sobre como é a vida em estágio avançadíssimo neste mundo de sua procedência, - Europa, este satélite jupiteriano, e lar de outros grandes mestres da música clássica, como Mozart, cuja missão neste mundo foi, igualmente, a de oferecer à humanidade, por intermédio da Arte musical aprimorada, subsídios para a mais rápida evolução de sua sensibilidade. Porque a música é linguagem universal que toca a alma, passível de despertar e incrementar sentimentos e impulsos construtivos no processo gradual do progresso do mundo.
Finda a leitura, não resisto a retomar, ainda uma vez, o tema, para oferecer ao leitor interessado maiores detalhes desta realidade maravilhosa que, nada embora certamente questionada de muitos, orientados pelas limitações lógicas do confinamento material terreno, não me causou, em nenhum momento, espécie - senão bem estar, entendimento, profunda empatia e sensação de familiaridade! Quando muito, talvez, um devaneio íntimo, algo melancólico, fruto de reflexões girando em torno do desejo sincero de ser, um dia, merecedora de habitar estas dimensões de vida mais gratas, e nem tão distanciadas. Situadas apenas em faixas diversas de manifestação da Vida noutras dimensões do nosso próprio sistema solar!
Justifica-se. Quem, em sã consciência, não ansiaria merecer um lugar assim, ou nele guardar origens? Num lugar no qual, de há muito, inexistem as expressões vitais turbulentas, nas quais se esbatem sociedades como a nossa, orientadas exclusivamente em função de competitividade e dinheiro?
Que tal imaginar, nem que apenas hipoteticamente, o se viver livre destes agrilhões, num mundo no qual inexiste o dinheiro, mas onde sobeja colaboração espontânea, aproveitamento-se cada indivíduo naquela ocupação e atividade que mais se lhe afiniza à índole e aos seus talentos - e, é fato, cada qual na Criação os possuí, como ser exclusivo que é!
Imagine-se a ausência da aparente escassez de recursos que grassa, ainda, na face do orbe terreno, em razão da crença e prática de vida errônea, segundo a qual alguns poucos merecem mais do que os demais usufruir dos dons naturais de suprimento planetário? Pense na valorização responsável do meio ambiente! Num modo de vida no qual prevalece o respeito profundo pela vida em cada coisa e indivíduo que nos ladeia no bojo planetário, cada qual considerado e aproveitado, devidamente, na dignidade daquilo com que se compatibiliza e se compromete prazerosamente a fazer, em prol do progresso e da coexistência!
Nada de competição! O desconhecimento do que se seja a miséria moral e material, porque, se inexiste ambição, ganância, e práticas políticas e econômicas visando exclusivamente poder e privilégios materiais, todos têm, de nascença, direito assegurado para com os recursos que, por justiça, são herança natural da humanidade como um
todo!
Imagine um mundo onde se volita, ao invés de se ver subjugado pelo peso excessivo da gravidade ao pó do chão! Um mundo no qual se comunica pela linguagem indelével e sempre exata do olhar, dos pensamentos e dos sentimentos, não se fazendo mais necessária a imprecisão verbal da qual somos, ainda, reféns! Um lugar onde se cultiva com equanimidade para todos o estudo da Arte e das Ciências mais elevadas, e no qual é livre o acesso a todas as pesquisas, para que, assim, cada qual beneficie a vida local com aquilo que de melhor tem a oferecer!
Utopia?! Talvez... mas apenas da ótica da miopia da crosta terrena onde transitoriamente estagiamos, presos à lógica fria e frequentemente impiedosa da materialidade dominante, que destina o reles pedaço de pão apenas aos que detêm as oportunidades financeiras de possuí-lo!
O livro, ao seu término, e ao lado da breve biografia terrena de Bach, faz menção às moradias flutuantes de Europa; à capacidade de volição gradual de cada qual segundo a sutilização da própria intimidade espiritual!Descreve, a partir de matéria extraída de um exemplar da Revista Espírita (ago. 1858, 2 ed, Feb) a decoração esplendorosa da mansão de Mozart (abaixo).
Sim, mansão! De vez que, num mundo de pujança espiritual, onde se vive para venerar a vida num dia de apenas cinco horas (correspondendo a semanas terrenas), nada falta a ninguém, e há fartura de tudo, para uma população que se nutre, basicamente, de frutos, pastilhas, e de emanações energéticas amorosas!
E, em nosso íntimo, de algum modo, muitos de nós sentimos que deveria ser assim! Mesmo aqui, neste nosso mundo de provas! Intuímos que - se quisermos! - um dia haveremos de conquistar esta herança luminosa, destinada aos que, já tendo vencido as etapas ríspidas de evolução nas quais ainda nos esbatemos, enfim atingiram o patamar de compreensão de que viver é abastança de amor e de felicidade, para qualquer um que veja e entenda o seu próximo, quem quer que seja, como merecedor daquilo que quer para si mesmo!
Assegura-nos um emissário Crístico em palestra, nas linhas finais da obra encantadora de Elifas Alves, que somente ao conquistarmos, na Terra, estas noções imprescindíveis de maturação evangélica, na realização da fraternidade como modo de vida, com "plena democratização da sociedade, na garantia plena de seus direitos à vida, o homem terá direito de abraçar também outros conhecimentos mais elevados acerca da vida universal. Antes, não"! Depreende-se, assim, paralelamente, que deverão se modificar também os parâmetros mensuráveis da ciência, que nunca encontrará vida fora da Terra sob a ótica da instrumentação ainda limitada de que dispõe!
Mas um dia, amigos, sob o influxo das bençãos de Jesus, a nossa morada terrena haverá de ser assim, como Europa: um mundo feliz!
Só depende de nós!