Nossos Silêncios
Um sorriso antecipa-se ao destino que me trazes,
Derramando-se entre os lábios e o encontro...
Há a saudade, parceira de olhares,
Desalinhada e atônita respira a espera,
Onde vaga minha ansiedade andarilha,
A percorrer veredas...
Há sussurros tênues, murmúrios perfumados,
Soprando lembranças e sensações...
Há um sentido de eternidade,
No que foi confesso e declarado,
No universo de nossos horizontes.
Tantas vezes inventamos carícias,
No confluir de nossas emoções
Provamos desvairados da loucura dos desejos
Que se pensavam intangíveis,
Rendidos ao imponderável,
Sedentos de toda ternura,
Esculpimos a nudez do sentir,
Talhando-a na palavra
Quase sempre imprecisa,
E nos entregamos, finalmente,
Ao latejar do desejo insatisfeito,
Que tropeçava na ânsia do instante
Em que nos queríamos unos...
E logo ali, um pouco além da eternidade,
Ainda nos espera o caminho
Que guardará o silêncio dos nossos passos
Nas câmaras secretas de nossos corações...
E todas aquelas palavras não ditas,
Que se pensavam distantes,
Que se resumiram em instantes,
Apenas em olhares de saudades
Deixar-se-ão descobrir,
Sem se deixarem proferir,
No selar de nossas bocas...
© Fernanda Guimarães e J.B. Xavier