Lá no horizonte,
entre a neblina baça,
Tua luz me chamava ao alto mar.
Entre as vagas, mãos azuis angelicais
Acariciavam-me em tenros olhares
E na toada rítmica de um canto melodioso
Transformava esse momento nebuloso
Num convite ao descobrir e ao tentar....
Desnudei-me, ancorando meus receios
No cintilar desse sinal , porto seguro,
E fui seguindo aquela luz radiante,
Acreditando sempre, que num instante
Eu a iria alcançar...
Ignorei os corais das minhas dúvidas,
Naveguei altivo nas marés das incertezas,
E já não era, então, onda solitária
Sob o véu da noite desafiante.
E fui assim, singrando o espumaredo,
E em cada onda fui exorcizando o medo,
De passar entre recifes pontiagudos,
de, entre penedos, serpentear o meu navio...
Livre, então, das amarras dos temores,
Deixei meu silêncio gritar por vida
Parindo, naquele mar, novos sonhos e amores...
Mil perigos enfrentei na travessia
Mil momentos em que tentei recuar,
Mas a luz, rebrilhando em teu olhar
Acenava-me, toda em esplendores
Como anjo, numa galáxia estelar,
Ungindo-me em teus prelúdios, mostrava-me
que o canto ainda estava a me chamar...
E assim, fui avançando ao alto mar...
© J.B Xavier & Fernanda Guimarães