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Antes eu acreditava que sempre teria algo a dizer.
E por isso fazia questão de registrar tudo o que escrevia. Porque achava valioso demais. Nada escapava.
Eu vasculhava cada caderno procurando por páginas rabiscadas, frases, estrofes... Mesmo perdidas, um dia, fariam sentido. Eu as daria sentido... E tinha um compromisso com isso. Em finalizar o que deixava escrito pela metade.
Lia, relia, atualizava... Dava à perfeição a devida importância, guiada por marte tendencioso. Exigente.
Esse era meu prazer. Colecionar a versão original dos textos em uma pasta brasil de papelão azul, e os updates, pelo menos transcritos no computador.
Acho que não ter mais o que fazer naquela época, me permitia investir todo esse tempo na preservação das minhas expressões. Tão carregadas de vontades de ser, de ideias de vida, de decepções insolentes e atitudes precoces...
Minhas obras sempre foram inspirada em muitos, incentivada por alguns e vividas só por mim. É o caráter de experiência que realiza a arte. E eu me arrisco a viver.
Na ânsia e preocupação de me definir nos versos que escrevia, me limitava a medida que admitia: essa sou eu.
E hoje, depois de tantas poesias, canções e associações livres já feitas e esquecidas, reconheço que a  transgressão presente na arte é ainda maior do que sou capaz de compreender.