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”[…] a única verdade é que vivo. Sinceramente, eu vivo. Quem sou? Bem, isso já é demais […] É curioso como não sei quem sou. Quer dizer, sei-o bem, mas não posso dizer. Sobretudo tenho medo de dizer, porque no momento em que tento falar não só exprimo o que sinto como o que sinto se transforma lentamento no que eu digo. Ou pelo menos o que me faz agir não é o que eu sinto mas o que eu digo. Sinto quem sou e a impressão está alojada […] e também correndo dentro, bem dentro do meu corpo, mas onde, onde mesmo, eu não sei. […]”
Clarice Lispector - Perto do Coração Selvagem
Quem seria eu para dizer quem sou? Você responderia que sou a dona de minha vida e meus pensamentos e opiniões e vontades. Mas também sou suspeita para me definir. Então prefiro não o fazer.
Sou cada livro que já li e filmes que assisti, sou meus erros e acertos, sou as fotos que tirei e não tirei, sou meus textos e minhas frases e minhas pontuações mal colocadas, sou cada passo que dou e que não dou, mas também não sou nada disso. Deveria eu dizer que o que possuo em mim é maior do que cada ato meu, ou será que seria uma mentira dizer isso?
Sou contante, mas vario conforme meu humor. Sou calma, mas me irrito com facilidade. Sou tão fácil de lidar quanto é fácil mastigar adamantium. Nunca me esqueço de algo, mas nem sempre lembro de tudo. Talvez seja mais fácil eu esquecer que perdoar, ou seria o oposto? Eu talvez sei me compreender tanto quanto qualquer outra pessoa saiba. Eu sei quem sou, mas jamais haveriam palavras suficientes pra determinar cada detalhe em mim contido, como assim também deve ser para você.
Sou mais uma entre as 8 bilhões de pessoas deste planeta, e assim como todo mundo, sou única.
Sou apenas eu, e como já havia dito: sou suspeita ao me descrever.