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Rosa Maria Jaques - www.visaoparanormal.com

Biografia - Um relato de uma busca.

Esta é uma biografia reduzida da vidente, não da pessoa, porque essa não tem nada de muito diferente. É a biografia no sentido de busca, não de auto-afirmação. Não quero mostrar uma mulher-maravilha, quero mostrar como eu busquei, que eu passei por um processo e, de certa forma, ainda passo. É uma biografia como crescimento, não como grandiosidade.
Nasci em Porto Alegre a 2 de janeiro de 1949. Dois dias antes, uma benzedeira disse a minha mãe, ao passar um crucifixo em sua barriga grávida, que ela seria uma vidente muito famosa e respeitada. Minha mãe, então, procurou desenvolver essa capacidade, mas nunca conseguiu e acabou esquecendo a previsão.

Só aos 40 anos fiquei sabendo do fato, o que foi muito importante para minha organização, já que o prenúncio da benzedeira era, na verdade, para mim.

Com seis anos tive a primeira experiência paranormal. No meu quarto havia um quadro preto-e-branco de Jesus Cristo. Um dia olhei para o quadro e ele olhou para mim. A imagem de Jesus balançou a cabeça, sorriu e piscou. Fiquei apavorada e pedi para mamãe retirar o quadro.

A partir daí começaram as visões e a percepção dos pensamentos das pessoas. As coisas vinham na minha cabeça em lampejos e turbilhões de imagens. Era só pensar em alguma que lá vinham os desdobramentos. E não tinha controle de nada.

Muitas coisas estranhas para mim passaram a acontecer. Numa noite, já adolescente, estava secando a louça, quando apareceu um foco de luz em cima do poço que tínhamos nos fundos da casa, perto da cozinha. Entrei em pane, sem entender nada. Mais tarde passou a ser comum ver luzes correndo em minha casa.
Na escola, minhas colegas adoravam estudar comigo, porque, de uma forma natural, eu dizia os conteúdos das perguntas que estariam nas provas para elas.
Quando morávamos em Alegrete, Rio Grande do Sul, uma vizinha recém-casada estava grávida. Contei que o nenê iria nascer no dia 28 de abril, mas ela respondeu que não tinha como, devido às contas do médico. Disse que se nascesse no dia 28 seria a madrinha. Dito e feito, ganhei mais uma afilhada.
Sempre sonhava com coisas loucas. Na época, não existia a possibilidade de eu viajar de avião, mas sonhava muito com isso, o que começou a acontecer concretamente anos depois.
Aos 10 anos, fiz um teste vocacional e o resultado indicou aptidão para freira carmelita. Aos 12, fui estudar para ser freira, porém não carmelita. No convento, a experiência não foi muito boa. Não aceitava a forma como as pessoas eram tratadas. As superioras usavam de grosseria e deboche. Faziam isso, porque não eram satisfeitas com elas mesmas. Íamos à missa todos os dias e tínhamos hora para tudo, só que de Deus se falava pouco. Com o tempo acabei abandonando.
Antes de ir para o convento, porém, vivi um drama. Apareceu em minha perna um tumor, que poderia ser fatal. Desesperada, minha mãe fez uma promessa para eu caminhar 24 horas depois da operação. Com 50 pontos na perna, caminhei sem problemas. Os médicos disseram que era um milagre. Acharam na perna um cristal que saiu dos rins, se alojou lá e criou o tumor. Fiquei muitos anos sendo observada a fim de que descobrissem o porquê da cura. Nunca tive mais nada na perna.
Aos 15 anos, quando morava em Cachoeirinha, na Grande Porto Alegre, houve o caso do sumiço de um menino na vizinhança. Havia um rio próximo e todos da rua se mobilizaram para encontrá-lo. Chamaram a polícia e criou-se o alvoroço. Quando a tia da criança passou pelo meu portão, lhe falei que a criança estava dentro do roupeiro. A mãe da criança escutou e me olhou indignada, achando que era zombaria. Porém, a tia voltou para a casa e encontrou o garoto dormindo dentro do roupeiro.
Depois disso pairou um mistério no ar. Para mim era tudo muito natural. Abria a boca e falava como se fosse qualquer coisa sem importância. Em seguida, esquecia e ia fazer outra coisa.
Na adolescência, as pessoas sempre me procuravam como amiga e conselheira. Sempre fui aquela figura que “segurava a barra” dos outros, contornava a situação, inclusive dos adultos. Só que dentro de mim era uma pessoa muito insatisfeita. Faltava algo, pois misturava meus sentimentos com os das outras pessoas por não administrar a minha telepatia.
Saia , passeava, namorava, ia às festas, e quando chegava em casa, sentia um vazio muito grande, uma coisa sem complemento. O que chamava minha atenção era o fato de não conseguir gostar de ninguém, ter afeto pelas pessoas, como se elas não tivessem muito a dar. Eu, sim, sempre dava muito aos outros, mas não recebia o que precisava. Agora sei que era preciso me achar antes.
Para tentar acabar com esse vazio interno, fui atrás de religiões e afins. Era o primeiro passo para sair do labirinto que me encontrava. Aos 20 e poucos anos, minha vidência começou a ficar mais clara e me indicava o que fazer e a quem procurar. Saía em busca de orientação, mas era eu quem acabava ajudando as pessoas.
Numa ocasião, fui a uma cartomante. Quando entrei na sala, olhei para um quadro com uma fotografia e comecei a falar coisas relacionadas a ela. A cartomante foi ficando com os olhos cheios d’água. A foto era de sua filha, morta recentemente em um acidente que eu descrevi. Abismada, fechou as cartas dizendo apenas que eu deveria seguir uma religião. Isso me confundiu ainda mais. Passei a ter mais consciência da seriedade do que se passava comigo.
Por toda a minha vida, procurei entender o que acontecia comigo. Sempre questionava tudo. As coisas não aconteciam quando queria e eu perdia o controle, não sabia como proceder. Não podia ficar dentro de casa, não podia ficar na rua, tinha uma ansiedade muito grande em todos os lugares. E não parava em emprego nenhum.
Cheguei a trabalhar como secretária de uma grande metalúrgica. Lá usava a vidência para todas as pessoas que iam falar com o meu chefe. Ele estranhava, pois todos entravam na sua sala um pouco assustados e concordavam com tudo que ele dizia. Não demorou muito, fui transferida para outro setor, onde supervisionava um turno de produção. Nesse, logo me tornei mais produtiva. Ia de funcionário a funcionário e fazia um atendimento rápido.Embora capacitada, meu modo de trabalho não se enquadrava em nada. Incomodados, mandaram fazer vários exames, sem nada constatar. A solução foi eu ser demitida.
Um médico chegou a me dizer que eu tinha uma veia da cabeça entupida a ponto de explodir e era isso que me dava aquele desespero. Me senti condenada à morte, mas como não detectaram nada nos exames esqueci a história.
Nas religiões questionava tudo e também não me enquadrava. Estava cada vez mais perturbada, vendo coisas e sem conseguir dormir, sempre como dizem “em alfa”.
Preocupado, meu irmão me levou a casa de uma senhora – já estava casada na época –, que afirmou ter um espírito ruim dentro de mim. Para tirá-lo, fizeram correntes com várias pessoas, foram para a encruzilhada, mas nada conseguiram. Depois de tudo, disse a eles que ninguém conseguiria tirar isso de mim, já que isso era eu mesma.
Muitos me rotulavam. Na Umbanda, diziam que eu era mãe-de-santo pronta. Antes disso, fui chamada de curandeira. Para os católicos era “respondo de Santo Antônio”, depois benzedeira e assim foi...
Quem me ajudou nessa fase foi Dona Alda, uma umbandista. Segundo sua visão, eu tinha um espírito que eles iriam doutrinar, já que não havia como tirar. Mesmo sabendo que não era isso, pois via os espíritos e os conhecia muito bem, encontrei o apoio e a aceitação dela, que tentou me organizar.
Depois, voltei à Ciência. Os médicos, depois de muitos testes, diziam que o meu grau de sensibilidade era tão grande que iria enlouquecer. Para eles, como eu fazia muitos fenômenos, poderia perder o controle psíquico. Os paranormais – conheci muitos – e os religiosos, cada um a seu modo, diziam a mesma coisa. Todos me faziam não me sentir normal.
Até que um dia, muito desorganizada, cheguei em casa e falei em voz alta: “Quem me deu isso é que vai me ajudar. Não acredito que Deus dá um dom a uma pessoa para ela enlouquecer”.
Através de um processo interno trabalhoso, descobri que havia herdado dos meus ancestrais essa facilidade de viver todos os momentos simultaneamente: o hoje, o ontem, o amanhã. Vidência é herança. Assim como o DNA transmite as heranças físicas, a psique também tem um canal que vai de geração para geração.
Certa vez, presenciei uma ancestral minha, uma sacerdotisa. Comecei a vivenciar seu povo e seus costumes. Nesse processo, entendi que eu não era ela, apenas herdei geneticamente algo seu.
Por isso não acredito em reencarnação. Acredito na ancestralidade, na genética do inconsciente, por onde se dá o desenvolvimento físico e psíquico.
Minha vidência me mostrava os processos claramente, pela necessidade de organização. Ao entender isso, fiquei mais calma e permiti ser meu próprio laboratório. Fui aceitando minha sensibilidade e conhecendo sua linguagem.
Quando me desorganizava captando muitas coisas, como cargas negativas, por exemplo, minha sensibilidade mostrava os fatos e me acalmava.
De certa forma, eu entrava para dentro de mim e lá descobria como proceder. Assim, trabalhei minha segurança psíquica e emocional.
Sempre preferi vivenciar todas as situações que a sensibilidade me mostrava. Não aceitava as teorias e os conhecimentos prontos. Isso me possibilitou conhecer profundamente os processos de muitos paranormais, religiões, seitas e filosofias.
Sei que tudo existe, mas o foco do meu trabalho, da minha vida é o ser humano e sua organização. Não gosto de fantasias e parafernálias. O caminho até Deus, Alá, Cosmos etc., é muito simples e acontece com os “pés no chão”, nos relacionamentos familiares, no dia-a-dia do trabalho e, sobretudo, vivendo.
Hoje, continuo minha busca. Mais consciente, enfrento as situações energéticas com mais tranqüilidade. Não tenho medo, gosto do embate, da adrenalina.
Tanto busquei a verdade nos outros, que encontrei a minha, nem certa, nem errada, apenas a minha e isso me trouxe paz interna.
Sou muito tímida e não me sinto a vontade em lugares com muitas pessoas, mas quando olho com os olhos da vidência, tudo fica “normal”. Entendo os movimentos das pessoas, que no íntimo querem também a sua paz.

O que aprendi, resolvi compartilhar com pessoas que passam ou passaram pelos problemas que passei. Os frutos disso são o livro Paranormalidade – O Elo Perdido (além de outros ainda não editados), a empresa Elo Perdido Consultoria e Treinamento, que promove meus cursos e palestras, e este site. Pois, é dividindo que iremos multiplicar exemplos e posturas.