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Perfil

Luciene Soares, poetisa paraibana, natural de Santa Rita, a cidade das águas, é filha do poeta pernambucano Severino Dias Costa, começou a sua trajetória poética escrevendo em comunidades de Cordel do antigo OrKut. Entende a poesia como a fala da alma, a fotografia da beleza da simplicidade e faz do campo e da cidade do interior o seu universo de pesquisa, não obstante morar na Capital.

A poeta sofreu influência do pai, como expressa nos cordéis que escreve, mas permeia o mundo do soneto, em que a habilidade se lhe afigura:

S O L

É feliz quem nasceu pra colorir
Ter em si a alegria da aurora
Feito um sol benfazejo que a sorrir
Sai beijando por aí fauna e flora
 
Flor do mal tão somente ignora
E num eterno bailar de colibri
Os amores perfeitos ele namora
Não nasceu para os cactos daqui

E os abrolhos procurem outra pista
Que o jardim onde pousa a sua vista
Tem perfume de Espanca a Florbela

De mãos dadas com a brisa otimista
Leva a vida como um hábil artista
Que imprime a beleza numa tela!

 
Luciene Soares

É membra da Academia de Cordel do Vale do Paraíba - ACVPB, órgão criado por ocasião do sesquicentenário de nascimento do poeta Leandro Gomes de Barros, vate de quem segue a escola literária. E é na Literatura de Cordel em que a poetisa Luciene Soares demonstra toda a sua maturidade literária:

EU SOU ASSIM!

Das terras do pensamento
Sou eu a morubixaba
Ando nas asas do vento
Sou senhora em minha taba
Tenho meu próprio reinado
Aonde o verso é gerado
Às vezes fica encubado
Mas nasce, nunca se acaba!

Sou o vento que se gaba
De entrar em todo canto
Sou o visco da mangaba
Sou o sol do helianto
Sou o fogo da paixão
Sou xaxado, sou baião
Sou lajedo, sou vulcão
Sou o riso e sou pranto

Da noite eu sou o manto
Que cobre o meu sertão
Do mistério o encanto
Da tempestade o trovão
Sou o húmus, sou o lodo
Do sal eu sou o iodo
Na guerra sou o denodo
Sou remo de embarcação

Sou as mudanças do chão
Montanha, vale, buraco
Sou o bico do gavião
Que arranca da carne um naco
Sou as notas musicais
Que correm pelos quintais
Do Iapoque às Gerais
Sou provisão no bisaco

Luciene Soares

E um pouco mais da sua capacidade poética pode ser analisado nesta página do Recanto das Letras. E como eu já disse em certa ocasião, analisando o seu poema "Eu sou assim": Tu és assim, eu sei! Uma explosão de cores e encantos, cuja poética exacerba a sentimentalidade da canção e suscita a criação do belo.


Sander Lee
Presidente da Academia de Cordel do Vale do Paraíba - ACVPB