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Eu sou o poeta
Deus das minhas palavras
Faço o que quero com elas
Assim como o pintor
Que faz o que quer com suas telas
Hora posso ser estrela
Deixe de besteira
Posso ser também a lua
O sol... posso ser o soul
O jazz
A rumba,
A macumba
Posso ser essa rua
Que a gente pisa
Posso ser o carnaval
Em Veneza
Em santa Tereza
Posso ser o coliseu
A torre de pisa
Eu sou o poeta
Que como todo poeta
É Deus de suas próprias palavras
Posso criar uma curva
Mais sutil... No teu corpo
Posso acrescentar um pouco de larva
No meu querer
Posso criar uma chuva
Pra aliviar a seca...da amargura
Posso te trazer com o vento...
Posso acariciar-te com uma luva
Assim como posso te tirar do pensamento
É só acrescentar uns adjetivos
É só inventar umas mentiras
E pronto crio um novo sentimento
Todo poeta é assim
Volátil táctil
Se sente como pintor
Que muda as cores
Quando quer mudar a aquarela
E cria uma aventura
Quando se sente vazio
Cria avenidas. passarelas
Muda a moldura...
Muda sol...
Faz ficar frio
Faz ficar cinzento
Cria mais uma janela
Alimenta mais um argumento
Insere mais uma frase feita
Arremessa no período umas reticências
Deita na rua como se fosse vagabundo
Faz rimas com as fazes da lua
Brinca com o vocabulário
Joga um verbo mais explicito
No assunto
Ser poeta é ser o verso do mundo
E sou poeta
Sou o Deus das minhas palavras
Faço o que quero com elas
Assim como o pintor
Que faz o que bem quer com suas telas!