CARLOS PENA FILHO
Nasceu em Recife em 1930, onde morreu em 1960, vítima de um acidente de automóvel. Embora tenha desaparecido prematuramente, foi das figuras mais notadas de sua geração, continuando a linha dos bons poetas do país. No Recife divulgou, em edições limitadas, suas primeiras coletâneas de versos, tendo estreado em livro em 1953. Um ano antes de morrer, publicou-se, já no Rio de Janeiro, Livro Geral, contendo os volumes anteriores (O Tempo da Busca, Memórias do Boi Serapião e Vertigem Lúcida) além da produção até então inédita (Nordestino, Cinco Aparições, Dez Sonetos Escuros, Poemas Sem Data e Guia Prático da Cidade do Recife).
Manipulou o soneto com desembaraço, impregnando a tradicional composição poética de jovem substância.
(Por Lídia Albuquerque)
Segue abaixo um soneto do autor:
"Para fazer um soneto
Tome um pouco de azul, se a tarde é clara,
e espere pelo instante ocasional.
Nesse curto intervalo Deus prepara
e lhe oferta a palavra inicial.
Aí, adote uma atitude avara:
se você preferir a cor local,
não use mais que o sol de sua cara
e um pedaço e fundo de quintal.
Se não, procure a cinza e essa vagueza
das lembranças da infância, e não se apresse,
antes, deixe levá-lo a correnteza.
Mas ao chegar ao ponto que se tece
dentro da escuridão a vã certeza,
ponha tudo de lado e então comece.”
Nasceu em Recife em 1930, onde morreu em 1960, vítima de um acidente de automóvel. Embora tenha desaparecido prematuramente, foi das figuras mais notadas de sua geração, continuando a linha dos bons poetas do país. No Recife divulgou, em edições limitadas, suas primeiras coletâneas de versos, tendo estreado em livro em 1953. Um ano antes de morrer, publicou-se, já no Rio de Janeiro, Livro Geral, contendo os volumes anteriores (O Tempo da Busca, Memórias do Boi Serapião e Vertigem Lúcida) além da produção até então inédita (Nordestino, Cinco Aparições, Dez Sonetos Escuros, Poemas Sem Data e Guia Prático da Cidade do Recife).
Manipulou o soneto com desembaraço, impregnando a tradicional composição poética de jovem substância.
(Por Lídia Albuquerque)
Segue abaixo um soneto do autor:
"Para fazer um soneto
Tome um pouco de azul, se a tarde é clara,
e espere pelo instante ocasional.
Nesse curto intervalo Deus prepara
e lhe oferta a palavra inicial.
Aí, adote uma atitude avara:
se você preferir a cor local,
não use mais que o sol de sua cara
e um pedaço e fundo de quintal.
Se não, procure a cinza e essa vagueza
das lembranças da infância, e não se apresse,
antes, deixe levá-lo a correnteza.
Mas ao chegar ao ponto que se tece
dentro da escuridão a vã certeza,
ponha tudo de lado e então comece.”