OSÍRIS: O JUIZ DOS MORTOS

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Notas Biográficas

“As práticas religiosas e a arte egípcias eram para os mortos. Para o “além”, para a outra vida, sendo a vida terrena apenas uma passagem.”

O primeiro filho de Geb (deus terra e da fundação do mundo) e Nut (deusa do céu) foi Osíris que se casou com sua irmã Ísis - não havia pecado nesse casamento por eles serem deuses. Após a morte de seu pai, Osíris foi feito rei do Egito.

Ele foi o deus-rei civilizador. Aboliu o canibalismo, ensinou os homens a produzir grãos e uvas para transformá-los em pão e vinho, deu-lhes a sabedoria, estabeleceu as leis das práticas religiosas e as ldos seres humanos. No seu reinado não havia violência, ambição, inveja ou ódio a dividir os homens. Assim, Osíris governou a terra, pois amava seu povo. Seu fiel servidor era Torh, deus da sabedoria, que havia inventado a escrita e os números e depois resolvera ensinar essas artes aos egípcios.

Mas... havia Seth, o irmão invejoso e perverso de  Osíris.

Seth, o deus egípcio da violência, do ciúme, da inveja, que governava o deserto, um reino inóspito, varrido pela areia, pelos ventos e pelo calor. Seth, que ao nascer abrira um buraco no ventre de sua mãe.

À medida que o povo recuperava a terra seca do deserto pela irrigação, aumentava a ira de Seth por Osíris. E assim foi, até que um dia Seth resolveu arquitetar uma armadilha para seu irmão Osíris. Mandou fazer um maravilhoso sarcófago com madeira que cheirava a bálsamo e cedro, cujas dimensões só poderiam encaixar no corpo de seu irmão. Terminada a obra, convocou um grande banquete para todos os deuses. No salão de entrada colocou o sarcófago. Todos os que chegavam admiravam sua obra.

Durante o banquete, Seth oferece o caixão a quem nele coubesse. Porém, ninguém cabia no sarcófago, ele fora feito para Osíris. Por fim, Seth convence seu irmão a experimentar o sarcófago. Assim que Osíris deitou-se nele, setenta e dois servos de Seth aparecem do nada e pregaram a tampa do caixão, e o selam com chumbo quente.

No banquete o som dos martelos chamou a atenção dos demais deuses, que rapidamente foram ao salão de entrada. Mas Seth e seus servos já haviam fugido com o sarcófago, noite adentro. Tentaram segui-lo, porém era tarde demais.

Seth e seus asseclas jogam o sarcófago no rio Nilo. A corrente do rio arrasta-o até o mar Mediterrâneo, acabando por atingir Biblos, a costa da Fenícia, governado por Melkart e pela rainha Asterte, onde repousou na base de uma pequena árvore.

A morte de Osíris trouxe uma série de males ao Egito. Secaram os campos férteis. A fome chegou. As mães não conseguiam dormir com o choro das crianças famintas. Brigava-se por qualquer migalha. O desespero era tanto que o povo chegava a sentir inveja dos mortos.

Enquanto isso a pequena árvore brotara rapidamente encobrindo o sarcófago em seu tronco. A madeira perfumada que a árvore envolvera passou a exalar como se fosse da própria árvore tornando-a famosa. O rei Melkart ao ver tão extraordinária árvore, mandou-a cortar e esculpi-la como um pilar que foi colocado em seu palácio.

Ísis e Toth puseram-se a procura de Osíris por todo o território egípcio. Seguiram o curso do Nilo procurando obter todo tipo de informações que encontravam pelo caminho. Ísis, então, ficou sabendo do pilar que exalava maravilhoso perfume e entendeu do que se tratava. Foi a Biblos, sem revelar sua identidade. Astarte, rainha da Fenícia, confiou-lhe os cuidados de seu filho. Ísis sem que Astarte soubesse jogava ao fogo lascas do pilar que continha Osíris; quando as lascas ardiam, produziam chamas que não queimavam ninguém. A deusa então colocava o bebê nesse fogo que lhe concederia a imortalidade. Astarte, uma vez, viu a cena do bebe ardendo em fogo e gritou apavorada. Ísis retirou-o imediatamente do calor e explicou a rainha que a criança teria se tornado imortal se permanecesse no fogo só mais um pouco; mesmo assim o bebe passaria a ter vida longa. Ísis então revelou sua identidade e contou a rainha toda a história de Osíris.

De manhã o rei Melkart ordenou que o pilar fosse rachado e dele retirado o sarcófago. E assim, Ísis retornou ao Egito com o sarcófago do irmão e marido. Ao abri-lo surpreendeu-se pelo corpo não ter se decomposto. Ela o tomou nos braços e o beijou nos lábios, ao mesmo tempo em que soprava a vida para dentro dele. Osíris ressuscitou.

Ísis o levou para África onde ficaram escondidos receosos do poder maligno do irmão. Mas como seria de se esperar, Seth os descobriu e matou Osíris, cortando-o em 14 pedaços, espalhando-os por todo o país.

Ísis foi à busca dos pedaços do marido. Achou todos, menos um que tinha sido comido por um caranguejo. Pela primeira vez então foram feitas práticas de embalsamamento. Ísis soprou o corpo reconstituído do marido dando-lhe vida novamente. Mas Osíris retirou-se para o Reino dos Mortos, onde agora é o rei e o Grande Juiz das almas que morrem. ®Sérgio.

Veja Também (clique no link):

A Morte de Aquiles.

Aquiles e Heitor: Predador e Presa

Apolo e Píton.

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Subsídios foram retirados de New Larousse  Enciclopaedia of Mythology e adaptados ao texto.

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