Biografia de João Cruz e Souza

João Cruz e Souza nasceu em Nossa Senhora do Desterro – atual Florianópolis, Santa Catarina – em 1861, e faleceu no município mineiro de Sítio - hoje Antonio Carlos - em 1989.

Era negro, filho de escravos alforriados; sendo o pai mestre-pedreiro e a mão lavadeira. Nasceu e cresceu no lar abastado do marechal-de-campo Guilherme Xavier de Souza, de quem tomou o nome de família, como era comum na época. Lá recebeu exemplar educação e instrução, e fez um brilhante curso de Humanidades.

Muito cedo começou sua carreira jornalística e literária, e teve atuação na Campanha Abolicionista, tendo visitado várias capitais do Norte para realizar conferencias.

Em 1890 fixou residência no Rio de Janeiro, engajando-se desde logo no Movimento simbolista, do qual seria figura de primeiro plano.

Casou-se e passou a viver modestamente como funcionário da Central do Brasil, aonde chegou a ser arquivista. Sua vida privada foi marcada pelo infortúnio. Teve quatro filhos, dos quais dois faleceram; três anos após o casamento sua mulher enlouquece; e logo depois morre seu pai.

Passou por duas privações e, tuberculoso, morreu na cidade de Sítio, para onde havia partido três dias antes na esperança de melhoras. Foi sepultado no Rio.

É um das vozes mais altas da poesia brasileira. Com o aparecimento de Broqueis em 1983, praticamente inaugurou o Movimento Simbolista no Brasil. A poesia Antífona constitui-se como verdadeira profissão de fé simbolista.

A edição comemorativa do centenário de nascimento acrescentou mais de 100 páginas do poeta – em prosa e poesia – ao acervo contido na edição de 1945, promovida pelo “Instituto Nacional do Livro”, que por sua vez já editara setenta poesias ainda não recolhidas em volume.

Obras:

-Missal e Broqueis, 1983

-Evocações, 1898

-Faróis, 1990 (póstuma)

-Últimos sonetos, 1905 (póstuma)

Monja

Ó Lua, Lua triste, amargurada,

fantasma de brancuras vaporosas,

a tua nívea luz ciliciada

faz murchecer e congelar as rosas.

Nas floridas searas ondulosas,

cuja folhagem brilha fosforeada,

passam sombras angélicas, nivosas,

Lua, Monja da cela constelada.

Filtros dormentes dão aos lagos quietos,

ao mar, ao campo, os sonhos mais secretos,

que vão pelo ar, noctâmbulos, pirando...

Então, ó Monja branca dos espaços,

parece que abre para mim os braços,

fria, de joelhos, trêmula, rezando...

Lidia Albuquerque
Enviado por Lidia Albuquerque em 03/09/2014
Código do texto: T4948135
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