Casimiro de Abreu

Casimiro de Abreu

1839 – 1860

Casimiro de Abreu nasceu dia 4 de janeiro de 1839 em Barra de São João no Rio de Janeiro.

Viveu pouco, escreveu pouco, mas, tornou-se um dos poetas mais populares do Brasil, graças ao seu lirismo ingênuo e adolescente.

Casimiro contou os temas típicos do Romantismo: “Saudades da infância e da terra natal”, e ficou famoso com o seu poema “Meus oito anos”, a brevidade da vida e as emoções e desilusões no amor. Em 1850 foi enviado pelo pai ao Rio de Janeiro para trabalhar no comercio.

Em Novembro de 1853 Casimiro José Marques de Abreu parte para Portugal, a fim de completar os estudos na prática comercial. Lá inicia sua carreira literária.

No dia 18 de Janeiro do ano de 1856, sua peça Camões e Jaú foi encenada em Lisboa.

Volta ao Brasil em Julho de 1857, continua a trabalhar no comercio da cidade do Rio de Janeiro, e conhece os intelectuais da época. Travando amizade com Machado de Assis, rapaz moço como ele.

Ao final do ano de 1859 fica noivo de Joaquina Alvarenga Silva Peixoto.

Em Julho vai a Nova Friburgo tentar a cura da tuberculose que o acometera. Nada adiantou, morreu aos 18 de Outubro com seus 21 anos de idade.

MEUS OITO ANOS

Casimiro de Abreu

Oh que saudades que tenho

Da aurora da minha vida,

Da minha infância querida

Que os anos não trazem mais

Que amor, que sonhos, que flores,

Naquelas tardes fagueiras,

A sombra das bananeiras,

Debaixo dos laranjais.

Como são belos os dias

Do despontar da existência

Respira a alma inocência,

Como perfume a flor;

O mar é lago sereno,

O céu um manto azulado,

O mundo um sonho dourado,

A vida um hino de amor !

Que auroras, que sol, que vida

Que noites de melodia,

Naquela doce alegria,

Naquele ingênuo folgar

O céu bordado de estrelas,

A terra de aromas cheia,

As ondas beijando a areia

E a lua beijando o mar !

Oh dias de minha infância,

Oh meu céu de primavera !

Que doce a vida não era

Nessa risonha manhã

Em vez das mágoas de agora,

Eu tinha nessas delicias

De minha mãe as carícias

E beijos de minha, irmã !

Livre filho das montanhas,

Eu ia bem satisfeito,

Pés descalços, braços nus,

Correndo pelas campinas

A roda das cachoeiras,

Atrás das asas ligeiras

Das borboletas azuis!

Naqueles tempos ditosos

Ia colher as pitangas,

Trepava a tirar as mangas

Brincava beira do mar!

Rezava as Ave Marias,

Achava o céu sempre lindo

Adormecia sorrindo

E despertava a cantar !

Oh que saudades que tenho

Da aurora da minha vida

Da, minha infância querida

Que os anos não trazem mais

Que amor, que sonhos, que flores,

Naquelas tardes fagueiras,

A sombra das bananeiras,

Debaixo dos laranjais!

Lidia Albuquerque
Enviado por Lidia Albuquerque em 10/09/2014
Código do texto: T4956833
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