ALBERTO TORRES
República, nacionalismo e direitos civis

 

   Durante os primeiros anos da República, poucos homens tiveram tanta relevância no campo do pensamento, ou pelos cargos que exerceu, quanto o itaboraiense Alberto Torres. Nascido em 26 de novembro de 1865, na Fazenda Conceição, em Porto das Caixas, Alberto de Seixas Martins Torres integrou gabinetes ministeriais, exerceu mandatos eletivos, chegou à suprema corte, em apenas duas décadas de vida pública.
   Quando deixou a terra natal, em que viveu experiências que afetariam decisivamente seu pensamento sobre o povo brasileiro, Alberto Torres frequentou o Colégio Menezes Vieira, no curso de Humanidades, e chegou a entrar para a Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, que abandonou no 2º ano. O jovem seguiu, então, a carreira do pai, o magistrado Dr. Manuel Martins Torres, e entrou para a Faculdade de Direito de Recife, graduando-se bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais em 1885.
   Desde sua destacada atuação no 1º Congresso Republicano Fluminense, em 1888, Alberto Torres era um político em ascensão. Em pouco tempo, foi eleito deputado constituinte do Estado do Rio de Janeiro, cargo em que permaneceu até 9 de abril de 1893, quando foi eleito deputado federal. No governo de Prudente de Morais, Alberto Torres assumiu o Ministério do Interior, em 30 de agosto de 1896, ficando poucos meses no cargo. Revoltado com a intervenção federal em Campos, promovida pelo vice-presidente Manuel Vitorino Pereira, Alberto Torres exonerou-se no cargo.
   Em 31 de dezembro de 1897, com sua postura de defesa dos ideais republicanos, Alberto Torres tomou posse como presidente (cargo equivalente ao de governador) do Rio de Janeiro. Entre seus principais méritos como governante estão a valorização da educação pública, na qual investiu, especialmente na ampliação da instrução primária em um estado majoritariamente analfabeto, e as ações em defesa da agricultura fluminense, inclusive com o financiamento de estudos científicos no setor. Ficou no cargo até 31 de dezembro de 1900.
   No ano seguinte, com o falecimento do ministro Antônio Gonçalves de Carvalho, Alberto Torres foi indicado para ocupar uma vaga no Supremo Tribunal Federal, nomeado em 30 de abril de 1901 e empossado em 18 de maio do mesmo ano. No STF, Alberto Torres foi relator, por exemplo, de um caso polêmico: o Habbeas Corpus 1974, julgado em janeiro de 1903, negado pela corte, que pedia a revogação do decreto que determinara o banimento da família imperial. Em 1909, Alberto Torres aposentou-se, a pedido, já enfrentando problemas de saúde.
   Durante toda a vida, o jurista e político dedicou-se ao estudo da Sociologia, que embasou em parte o seu pensamento a respeito do Brasil. Devoto do nacionalismo e da formação de uma identidade do povo brasileiro, Alberto Torres colaborou intensamente com a imprensa da época e, posteriormente, reuniu seus artigos em livros que se tornaram referência: “O Problema Nacional Brasileiro” (1914); “A Organização Nacional” (1914); “As Fontes da Vida no Brasil” (1915), além do póstumo “As Ideias de Alberto Torres” (1932).
   Em 29 de março de 1917, Alberto Torres faleceu, vítima de um câncer, deixando a viúva, Maria José da Silveira Torres, e os filhos Maria, Heloísa e Alberto Torres Filho.

 

(Parte da coletânea ITABORAÍ, TANGUÁ E REGIÃO (1), em produção, de William Mendonça. Direitos reservados.)

 

INFO: Criado em 2021 publicação para uma série de fôlderes de divulgação da Casa de Cultura Heloísa Alberto Torres, em Itaboraí.