Carta...que um dia você lerá !

...e, espero ser tempo, ainda !

Não compreendo, ainda, essa necessidade que me torna, dependente , prestes a me afogar, ao mesmo tempo emergir, tal bolha que salta ao ar. Tenho pressa de que aconteça, sem soberba ou soberania, feito maestro que dedilha seu piano em serena harmonia, ritmado por instinto de amar e ser amado e, junto as notas, vai seu pulsar a encantar as noites frias,

Ciente estou dos percalços desta viagem quase louca e inusitada desvantagem, juntando-me a ti , quase sem perceber...é meu querer que banha esta vontade desbravada e caliente, é minha força interior que, sem saber, se embrenha em fogoso torpor, buscando no imaginário de minh’alma tua figura tão desejada.

Desejos...loucos...intensos, tão intensos quanto meu divagar solitário por entre linhas, buscando palavras, bebendo teu prazer em entrelinhas. Nem sei onde estás, quase te alcanço os braços, ...teu respirar ? pura embriaguez que desnuda o coração.

Em exílio, sinto-te sem nunca ter tido teu calor, o beijo...ah ! como suave são as caricias que evolam de ti ! quão doce é teu perfume ! que ternura há em teus beijos ! Tormento sutil é pensar que pode ser fácil, por ti, me apaixonar....e ti conquistar. Em sonhos atentos de olhos bem abertos, faço desenhos de tua grandeza, mapeando teus desejos que se misturam com os meus...mas nem sabes ainda ! são detalhes que ignoram e nunca levam em conta....simples, espera por ti !

Vergo sobre minhas entranhas suadas e febris, incandescendo e agigantando em fervor, não meramente fugaz, mas uma dor aguda de mulher adulta e vencida pelo cansaço de esperar. O sol nasce, festeiro e convidativo, carrega sob a face um dia cheinho de pequenas coisas e logo vem uma noite quente e aventureira, perturbadora, atentando meu pudor, fuçando a velha agonia de moça-menina, desdobrando-se em vigília que espreita e se rende a contínua espera, a eterna mania de trazer teu querer.

Noites insones...ali estás colado a mim, em meio a perfumes e alvos lençóis, conduzindo tudo que habitava outrora em sonhos, somando-se a odores insanos e impiedosas buscas, desde a mais minúscula vontade até o mais forte desejo em vendaval ...trazendo paixões...que possam ser um personagem permanente ...não em mais um devaneio, feito este. Apenas sei que quando nos cruzarmos, nossos olhos serão o nosso termômetro e desejo que, mesmo sem saber que sou eu.... me reconhecerás .

É inútil alimentar ilusão, pior será se nada tiver para aquecer teu prazer, quando, meio louca, receber-te-ei em meus braços e entre abraços e beijos, ativarei teu coração. Choro companhia, noite e dia...e a tua é, a que melhor se encaixa.

Estamos prestes a sair dos becos dos nossos próprios mundos, outrora, profundos e obscuros... e nos adensar em alinhada conduta de confiante busca , certa estarei de que, aconchegados por entre afagos e doces caricias, colhendo os frutos de longa espera ... válida, em noites intensas de poesia...e do nada ...tudo sairá. Algum dia chegará ...

Carinhosamente,

tua,

Célia Matos
Enviado por Célia Matos em 10/03/2010
Reeditado em 10/03/2010
Código do texto: T2131220
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