PAQUINHA E ZÉ DA NÉIA

Ambos amarradores de vaca! Eram eles que preparavam as vacas para que quando os ordenhadores chegassem, segundo o linguajar dos retiros de leite: "ja topavam a vaca pronta, era só abaixar e arrancar a leitama. Paquinha era filho do Dito Primo, Dito primo por sua vez era de uma familia que tinha vindo lá do Paredão Das Dorna.

E o Zé da Néia? Ah Zé da Néia! Este era filho de gente braba, era da raça do Argemiro Furtunato, gente muito boa, mas corajosa até manda parar. A fama dos Furtunatos cresceu muito, depois do caso venda.

E não é que o Domingão lá do rancho dos Fortunas chegou lá na venda do Braz Carne Seca assombrando todo mundo, foi logo arrancando aquele revorvão de seis balas que tinha quase uma tonelada de aço, chego bem pertinho do Argemiro Fortunato e falou: aqui hoje todo mundo tem que beber um lavrado de cachaça. Argemiro foi ligeiro, arrastou a faquinha de picar fumo e encostou bem no pescoço do Domingão. Nem precisou falar nada porque o tal Domingão já tava amarelo que nem uma cêra.

E o Zé da Néia não saiu diferente, o caboclinho era um esteio lá no curral. Vaca podia tá investindo que ele nem ligava. O Zé continuou por algum tempo, alí, beirando fazenda. De amarrador de vacas passou logo a retireiro. O Cabra, agora já com seus vinte e dois anos, mostrou sua vocação para as lidas campeiras, e logo encarapitou no lombo de um pagão, daí em diante sua profissão passou a ser a doma, serviço dos mais rendoso naquelas beiras.Não demorou muito e o Zé já estava com o seu pedaço de terra comprado. Comprava a potraiada chucra, e a vendia como cavalos mansos. Naquelas terras de pouco emprego isso foi o jeito mais fácil de ganhar dinheiro que o Zé achou.

E o Paquinha? Ah, a sina do Paquinha foi bem diferente. A dona Zica do Dr Manuel Fragoso, que era mulher cheia de diplomas, pressentiu logo a inteligência do Paquinha. O tempo passou, Paquinha fez os estudos de colégio, e logo depois já estava estudando para médico. A única coisa que não despareceu daquele tempo de curral, foi a amizade do Paquinha com o Zé da Néia. Até hoje umas duas vezes por ano, ainda se vê o Paquinha e o Zé lá na venda que o Braz vendeu para um sobrinho de sua mulher.