O COMPADRE DA MORTE

O COMPADRE DA MORTE

Existem pessoas que são especialistas em pregar peças nas outras, passam a vida arquitetando formas de enganar as pessoas.

No tempo do coronelismo um abastado fazendeiro que subiu na vida à custa de suas maracutáias, enganando pessoas de bem; resolveu enganar a morte, querendo viver eternamente. Estando sua esposa grávida, prestes a dar luz. Ele imaginou logo uma forma de conquistar a morte, convidando-a a ser madrinha de seu filho. Conversou com a esposa a respeito, que, logicamente achou a idéia um absurdo, sem limites. Mas diante de tanto machismo nem cogitou discordar. Assim que a criança nasceu, ele sai à procura da morte. Em qualquer falecimento ocorrido nas redondezas, lá estava ele a procura da dita cuja. Percorrera cemitérios, hospitais, até os vilarejos onde normalmente ocorriam os tradicionais tiroteios nos pagodes de fim de semana, mas nada de encontrar sua preferida, “à futura comadre.” Sem muito sucesso, estava quase desistindo, quando um amigo informou-lhe de uma grande epidemia ceifando muitas vidas em um município vizinho.

Selando seu cavalo, rumou-se para lá. Encontrou na entrada da cidade, de foice no ombro, uma robusta senhora de semblante fechado muito elegante, perguntou-lhe se saberia informar o paradeiro da morte. Logo veio a resposta... – Está falando com a própria respondeu ela. Conversou um pouco, ele fez seu convite, ela aceitou e marcaram a data.

Apesar de ser um tremendo pão duro não poupou recursos preparou uma mega festa. Para o batizado levou como padrinho, um velho carreiro que vivia se aquecendo no borralho do fogão a lenha da casa grande da fazenda,

Uma exigência do falecido coronel que deixara aos cuidados do filho sua guarda vitalícia, exigida em uma clausula do seu testamento por ocasião de seu espólio.

Após o batizado, a confraternização de compadres, muita bebida, música, a alegria contagiante. A comadre pra lá de Baguidá bastante intima do compadre... Aí veio a proposta: - olha comadre agora que somos muito íntimo e ligado por laços tão efetivos tornamo-nos uma única família, quero fazer um pedido! – Pois não compadre diga, sou toda ouvida! - Você promete que vai me poupar? ...- Olha compadre pode me pedir qualquer coisa, mas isso não! Você me coloca numa situação dificílima... Todas as segundas-feiras ao apanhar a lista de óbitos da semana deixam lá meu juramento, e aquele que está nela não tem escapatória morre mesmo, é ordem superior, nada posso fazer. Mas já que tornamo-nos grandes amigos, farei o seguinte vou concedê-lo oito dias a mais... Quando chegar seu dia, avisarei. Você terá mais oito dias, se conseguir se livrar de mim, tudo bem!

A partir daquela data o compadre viveu um verdadeiro martírio, a comadre muito apegada ao afilhado passava constantemente para abençoá-lo. O compadre caía na maravalha ao vê-la. Por longo tempo ela Jamais deitou os olhos sobre ele. Até o belo dia que lá chegando, a comadre quis chamar o afilhado. Ela dispensou dizendo: - não se preocupe hoje estou a trabalho, conforme o combinado estou avisando ao compadre que hoje ele foi escolhido, passarei no próximo sábado!

A semana inteira o compadre mais apertado que suco de goiaba verde, matutou arquitetando seu plano. No sábado vestiu o carreiro com as melhores roupas que possuía, calçou-lhe suas botas de pelica colocou em sua cabeça a cartola usada no dia do batizado, deu-lhe alguns trocados e mandou que o mesmo passeasse pela cidade, cuja rua se estendia até bem próxima da fazenda. Vestiu os trapos do carreiro colocou na cabeça sua lebre velha e acocorou-se na porta do fogão como o costume do velho. Já era noite quando a morte entra casa à dentro, até a cozinha e pergunta pra comadre... – E o compadre onde está? - Foi até a cidade! Respondeu a comadre.... - Sabe de uma coisa comadre estive pensando vou dar mais uma oportnidade ao compadre, afinal amigos são para estas horas mesmo. Vou levar esse velho carreiro no seu lugar, já viveu bastante e saberá perdoá-lo. E foice nele lá AqueCENdo seu borralho.

“Da morte não há... nunca houve nem haverá... quem escape!”

Geraldinho do Engenho
Enviado por Geraldinho do Engenho em 04/10/2009
Reeditado em 19/08/2020
Código do texto: T1847669
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