O Caso do Jegue na Praça

I

Este caso foi lembrado por um colega de uma das Secretarias de Belo Horizonte. Disse-me ele ter ouvido a história da boca de um colega servidor lotado na Vara do Trabalho de Itabira e que não acrescentara nela sequer o pequenino olho de um siri.

Entretanto, sabe-se muito bem que quem conta um conto sempre aumenta um ponto...

Então vamos ver no que dá!

II

O fato é que ocorrera a penhora e a avaliação de um jegue na cidade de Itabira.

Algum tempo depois o juiz determinou que o referido o animal fosse levado à praça. Acerca da praça, portanto – a data de sua realização, horário e local onde aconteceria - foram imediatamente notificados o reclamante e o reclamado.

III

Entretanto - no dia seguinte ao da realização da praça – surge “um” reclamante muito nervoso e agitado no balcão da Secretaria. Dissera ele que permanecera durante toda à tarde do dia anterior numa das praças mais populares e freqüentadas de Itabira, a Praça Laerte Brandão.

Esta praça se localiza em frente à rodoviária da cidade. Nela foi recentemente inaugurada uma placa em homenagem ao poeta Carlos Drummond de Andrade, filho legítimo daquelas terras e ares.

Então o balconista da Secretaria achou por bem que deveria parar tudo o que estivesse fazendo naquele momento para explicar detalhadamente ao reclamante – e numa linguagem bem simples e brasileira - qual era o significado da palavra “praça” no Direito do Trabalho e naquele processo em especial.

IV

Foi assim que aconteceu esse caso do jegue na praça.

No entanto – já que nos foi possível viajar em pensamento até a bela Itabira – que tal se nos lembrássemos de uns versos escritos pelo nosso poeta maior em homenagem a sua querida cidade natal?!

Fica aqui também a nossa homenagem à população de Itabira e aos colegas e servidores lotados em todas as Secretarias das Varas de Trabalho localizadas nesses muitos caminhos e veredas de Minas.

Dessas Minas, aliás, que são tantas e nossas!

O poema chama-se “Lanterna Mágica” e se divide em oito partes, cada uma delas endereçada a uma importante localidade do nosso Estado. A parte IV refere-se à cidade mãe e berço do notável poeta. É na Praça Laerte Brandão que se encontram os presentes versos, uma das quarenta e quatro placas cunhadas em homenagem ao grande poeta. As demais se acham espalhadas por todo o município e nos permitem variados e curiosos encontros com o poeta e a poesia.

Itabira

Cada um de nós tem seu pedaço no pico do Cauê

Na cidade toda de ferro

As ferraduras batem como sinos.

Os meninos seguem para a escola.

Os homens olham para o chão.

Os ingleses compram a mina.

Só, na porta da venda, Tutu caramujo cisma na derrota incomparável.