MEDO DO DIABO

O medo do diabo e o temor a Deus influenciaram de forma significativa, na formação religiosa das gerações que antecederam a minha infância.

Alcancei um pouco desta cultura, não com tamanho exagero como no tempo de meus avôs e as demais gerações que há eles antecederam.

Em remotas épocas passadas a semana santa era respeitada com verdadeira paixão, revivendo o martírio de Cristo como se sua trágica morte ocorresse a cada ano em que se revivia seu martirio na cruz.

Respeito absoluto, aliás, luto e comoção ninguém trabalhava de a quinta a partir do meio dia até a meia noite da sexta-feira santa. Alguns não penteavam os cabelos, não cozinhavam não se faziam uma faxina na casa antes que rompesse a aleluia ocorrida no sábado.

A alimentação era preparada com antecedência para que na sexta-feira se dedicasse ao velório de Jesus, com profunda solidão e tristeza pela sua morte.

Mudou gradativamente, esta tradição, vivi minha infancia e juventude influenciadas por este pricipio.

Dizia à lenda que o diabo estava à solta durante os quarenta dias da quaresma. Uma excelente arma aliada a igreja católica na evangelização. Resgatando fieis e os ensinando caminhos que os levaram ao temor a Deus. Durante toda a semana santa não se ouvia palavrões não ligava um rádio. Ninguém cantava, não pronunciava em voz alta aos gritos. Nos lugares mais ermos onde o conhecimento era menor, a partir do meio dia de quinta-feira santa as casas aparentavam estar inóspitas com os moradores recolhidos em profundo silencio aguardando o desfecho da história, que ocorreria com a condenação e a queima de Judas prevista a partir das nove horas do sábado de aleluia; atualmente sábado santo. nas celebrações os seus rituais eram bem representados, encenadas por atores amadores dando ao acontecimento uma excelente figuração encarnando os personagens principais e os algozes de Jesus, de forma tão convincente capaz de deixar a população comovida por um longo período.

Aos poucos os hábitos foram mudando, surgiu essa parafernália sonora que não cessa um segundo sepultando de vez aquele respeitoso sentimento de dor que foi arraigado na personalidade do ser humano pela tradição histórica. Ficaram apenas as lembranças que também estão com os dias contados. E serão sepultadas com o desaparecimento desta ultima geração que ainda carrega este sentimento na alma. Atualmente estão trocando o sentimento pelo consumismo dando oportunidade ao mercantilismo oportunista visando apenas vantagens. Lucros e mais lucros com o consumo de bebidas e toneladas de carnes e chocolates. Como se a passagem da páscoa fosse uma festa cívica apenas de cunho social. São incapazes de colocar uma simples mensagem em seus requintados produtos, divulgando o verdadeiro sentido da páscoa, como um sentimento cristão. Uma pena ver a mãe conduzindo o filhinho pelo caminho exagerado do consumismo.

Perguntei a uma mãe que comprava um ovo de chocolate satisfazendo a exigência do filhinho, se havia explicado a ele o verdadeiro sentido da páscoa; simplesmente me respondeu: - ah pra que eu perder tempo com isso-, ele não vai mesmo entender, quando crescer ele aprende!

Outra leu um cartaz que fixamos junto aos ovos de chocolate com a seguinte mensagem: “DEJAMOS AOS CLIENTES E AMIGOS UMA FELIZ PASCOA DEILICANDO OS SABORES DO CHOLATE, MAS SEM JAMAIS ESQUECER O SEU VERDADEIRO SENTIDO CISTÃO!” Logo veio à pergunta - porque essa escrita que eu não entendi? – Se você não entendeu talvez eu não tenha sido claro ao escrever, não será explicando que irá entender! Deixa isso de lado e vá saborear seu chocolate!

Geraldinho do Engenho
Enviado por Geraldinho do Engenho em 25/04/2011
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