As peripécias de Ulisses

        Em uma pequena cidade chamada Quiri, caracterizada por uma rua velha e comprida, entrelaçada por becos, existiam duas praças, nas quais as jovens moças tinham como costume se reunir ao final das tardes de verão. 
     Esta cidadezinha tinha como limite uma ponte, que separava o seu centro de diversos sítios que a cercavam. 
     Em um destes sítios morava Ulisses Moraes, um homem moreno, fransino, com cerca de quarenta e poucos anos.  Ulisses sempre tentava (e falhava) consquistar as moças da cidade. Para tal empreitada, este homem sonhador tinha o costume de usar água de colônia,  o cabela repartido ao meio e um fino bigode. Costume esse que fez nosso personagem receber o apelido "carinhoso" de Hittler.
     Além da maneira peculiar de se arrumar, Ulisses, usava como arma, na árdua e eterna conquista das jovens meninas, o hábito de contar histórias de guerra, falava que era militar e havia lutado na guerra, especializando-se, durante o combate, em datilografia e no controle de máquinas de transporte terrestre.
     O que este frustrado homem nao contava para as meninas, era o seu imenso e incontrolável medo por fantasmas e coisas do além, o que o fazia carregar consigo (sempre) um pedaço de madeira, o qual ficava escondido no muro próximo a entrada da cidade.
     Quando seus conhecidos perguntavam por que nao noivava como alguma moça da cidade, já que possuia algumas cabras, porcos, galinhas, uma casa com um poço e algumas cabeças de gado, Ulisses respondia, para fugir do questionamento, que já era noivo e que passava todos os periodos de festas com sua amada, afirmava que "Sempre passo anus com ela, faço serenata, vemos a lua, canto a lua prateada e depois venho embora". Esse homem alegava que só casaria após a morte de suas duas tias.
     Todos sabiam Ulisses era um grande falador, um fanfarrão, que contava suas histórias e não enganava ninguém.
     Alguns jovens da cidade resolveram, então, pregar uma peça em ulisses. Em um belo dias, pegaram uma melancia, tiraram seu conteúdo, colocaram uma vela dentro e a prenderam em bambu. 
     Após retornar de mais uma noite de batalhas perdidas na conquista das moças, o grande falastrão se deparou com o espantalho, saiu correndo louca e desesperadamente achando que havia topado com uma alma de outro mundo. Seus sapatos e parte da camisa, que enroscara em uma árvore ficaram para trás servindo como troféus para os jovens brincalhoes.
   Ulisses ficou sumido por cerca de um mês, todos acharam que haviam conseguido mudar o homem. No entanto, ao voltar, não se deu por vencido, afirmou que tinha sido chamado para uma missão militar, onde ajudou a derrubar um governante que tinha uma cabeça muito grande, parecida com uma melancia. Ulisses então passou a utilizar essa história como seu novo chaveco, e continuou para sempre só, porém feliz.
Lidia Albuquerque e Thiago de Alcântara Pereira
Enviado por Lidia Albuquerque em 11/07/2012
Código do texto: T3772092
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