O maldito violão

Foi um dia de chuva, ventos fortes e o jovem Ilê, tinha em mente a reconquista de uma garota muito linda. E ficou refletindo sobre tudo que havia se passado alguns dias quando teve a felicidade de reencontrá-la depois de muitos anos.

Havia se encontrado com ela na rua e como não a via a algum tempo, viu sua transformação e encantou-se. Conversa vai, conversa vem, marcaram um encontro, foram ao cinema e ela dando corda, e ele foi, foi.

Foi até sua casa, reencontrou o pai que conhecia desde garoto quando eram vizinhos e ele feliz em revê-lo, recebeu muito bem o jovem Ilê.

Ilê apenas não sabia que Rosalva guardava ressentimentos desde os tempos de adolescencia, quando o jovem Ilê, a trocou por outra e ainda fez chacota dizendo que ela era muito feia, magrela e desajeitada.

Não disse isso diretamente, pois era muito educado, mas jamais imaginou que comentando isso com um amigo, ele teria por sacanagem contado a uma amiga de Rosalva e assim, ela ficou remoendo aquilo uma vida inteira.

O fato de Ilê depois de tantos anos chegar assim caindo de joelhos, foi perfeito para que ela colocasse em prática seu plano de vingança e deu-lhe muita corda.

Nesse dia de muita chuva, na verdade ventos fortes e muita tempestade, não era um dia convidativo para sair, ainda mais de ônibus, pois Ilê naquele tempo, ainda não havia comprado seu carro.

Mas era o aniversário de Rosalva e ele não poderia faltar-lhe e mais ainda teria que comprar um belissimo presente para comemorar sua reconquista amorosa.

Pensou: Vou dar um violão Di-Giorgi, o melhor que havia na loja e como ela está aprendendo entusiasticamente a tocar, vai apreciar o presente. E assim fez, entrou num magazine e sacrificou boa parte de seu salário comprando à prestação para pagar em dez vezes, o tal violão.

Entrou com aquele embrulho enorme no onibus e finalmente chegou ao bairro onde Rosalva morava. A casa estava cheia, muitos convidados amigos e havia um carrão ultimo tipo na porta que ele imaginou não saber de quem, pois conhecia todos ali na região.

Entrou e o pai dela todo sem jeito recebeu Ilê na sala e disse em tom meio triste: Espere ai, que eu vou chamá-la. A festa acontecia nos fundos da casa, numa area enorme e assim todos estavam lá se divertindo.

Rosana chega de mãos dadas com o namorado que havia arrumado uns dias depois do reencontro e disse-lhe:

Oi Ilê, que prazer poder rever meu melhor amigo - Apresento-lhe meu namorado, o Gilbran.

Ele parece ter desfalecido, mas conseguiu dissimular sua tremura, sua raiva, seu nojo e manteve a linha.

E disse: Eu apenas passei pra cumprimentar minha amiga de infância e como estou indo pra uma viagem, passei aqui pra lhe deixar esse presente que sempre tive vontade de te dar e espero que o Gilbran não fique com ciumes.

- Desejo-lhe muitas felicidades e desculpe a pressa, pois meu amigos estão me esperando lá fora.

Tchau.

E nunca mais viu Rosana na vida dele, mas já soube que ela está separada do marido Gilbran e pesando estimativamente uns 100 kilos.

O que sobrou do outro violão, o instrumento musical, ele não teve noticias.