COFFEE COM POFFEE
 
 
Aprender um segundo idioma é a redenção para muitos, para o empresário então é primordial e, claro, na maioria das vezes, no caso dos brasileiros, o inglês é o mais desejado. Se bem que o francês é um dos idiomas mais utilizados na Europa.
 
Há pessoas que têm facilidade para entender, mas não conseguem falar por alguns motivos, a vergonha de pronunciar errado. Esse medo ou receio só acaba quando se precisa de fato falar, quando em viagens, em negócios etc. Ou ainda quando se vai morar em um país que somente se fala o idioma temido.
 
Costumo dizer que para se falar mais ou menos a melhor coisa é ir morar no país praticante do idioma, mas todo cuidado é pouco, não adianta gastar uma fortuna e lá chegando se juntar com outros latinos e nem falar inglês muito menos o português. Há as exceções, puxando uma brasa pra minha sardinha meus filhos têm uma facilidade incrível, a filha número um até professora de inglês é, e em escola renomada onde de fato se aplica a prática.
 
Mas vou contar pra vocês um causo acontecido no interior do Amazonas, um daqueles “coronéis de barranco” querendo dar ao filho tudo aquilo que ele nunca teve, educação, mandou o filho para os EUA, para estudar e claro, aprender o bendito inglês. Conseguiu a escola, o visto, arrumou uma corretora para o envio dos valores mensais de sustento e custos pessoais do filho. Era a notícia na pequena cidade, não se falava em outra coisa, somente que Cidinho estava a caminho dos States.
 
Chegado o dia da viagem houve aquela despedida, mais parecia que o novo estudante jamais retornaria, parecendo uma viagem a lua. Muita festa e lá estava Cidinho pronto, nervoso pelo desconhecido, mas ofegante pelo maravilhoso que era chegar nos Estados Unidos. Tudo estava perfeito, com a exceção do lugar escolhido pelo coronel, Miami, onde talvez, somente 10% da população fala inglês.
 
Cidinho viajou até Manaus e de lá Miami, chegou bem, foi recebido pelo monitor da escola, foi direto para o alojamento, após fez um tur de reconhecimento e lhe foi explicado tudo como funcionava, claro que no idioma português. Dois dias depois começavam as aulas, passado o impacto da chegada, Cidinho tratou de fazer amigos, à noite deu uma espiadela nas redondezas e descobriu que estava hospedado no QG do latinos: brasileiros, peruanos, colombianos, bolivianos, argentinos, chilenos, equatorianos, ninguém que falasse inglês.
 
Cidinho feliz da silva já que conseguia se comunicar falando uma espécie de dialeto, “portunhol” e como não podia ser diferente a linguagem dos sinais, aquela que todos sabem usar no mundo inteiro. Em duas semanas já despontava como um verdadeiro líder dos latinos, no primeiro dia de aula perguntado quantas matérias queria fazer foi logo dizendo que eram oito matérias, mas foi corrigido pela professora que disse que no máximo ele poderia fazer quatro, arrancando uma risada geral dos demais.
 
Bom, passados cinco anos, Cidinho enganou o pai no que pode, pedia dinheiro, inventava dificuldades, e como seu estoque de enganação havia acabado decidiu voltar para o Brasil. Comprou um diploma de honra ao mérito em inglês, preencheu seu nome e retornou ao Brasil, uma festa digna de rei o esperava, afinal de contas agora a pequena cidade tinha um doutor formado nos EUA.
 
Chegando na cidade, palanque montado, bois assando, chopes, pinga, whisky para as autoridades, os melhores do forró e Cidinho chega em carro aberto. O velho coronel com o coração a 140bpm estava ofegante, sobe no palanque com o filho e o apresenta, todos aplaudem. No meio da multidão alguém pergunta: fale alguma coisa em inglês! Ele tremendo, boca seca, coração querendo parar, consegue perguntar o que o homem queria ouvir. O homem fala: café! Suando frio Cidinho lembrou da sua professora certa vez na cantina, quando disse: coffee, foi ovacionado por todos, e no meio daquela confusão outro incauto pergunta: e pão, como fala? Por dedução Cidinho não perdeu tempo, se café é coffee pão só pode ser poffee, novamente foi ovacionado pela multidão, rapidamente saiu pela tangente e despediu-se de todos.
 
Moral da história: Nem sempre os filhos querem seguir ou ter o que os pais não foram ou não tiveram.