A MULHER DO QUEIROZ
 

Quando estou em Maceió sempre sou recepcionado por meia dúzia de amigos de fé, amigos mesmo, daqueles que pagam ingresso pra brigar por mim. Costumo dizer que em terras alagadas estou seguro e tranquilo, eita povo gente boa. Seria como se estivesse em Brasília com a segurança redobrada. Por lá costumamos aproveitar as delícias daquele lugar abençoado por Deus, a beleza litorânea é indescritível.
 
Dia desses, naquelas rodadas de conversas fiadas, de fim de tarde na praia, contemplando o crepúsculo, várias historias surgiram, de gente que é rica, de gente política, de religião, futebol e por aí iam às conversas. Até que chegou a sobre os maridos traídos, fomos até advertidos por um dos presentes que não existia homem chifrudo, mas homem vítima de mulher sem ética. As risadas eram em todas as direções, todos sem exceção tinham uma para contar.
 
Eu não poderia ficar para trás, aliás, um contador de causos que nem eu no mínimo teria uma dezena, logo fui cobrado para contar uma daquelas que soube e presenciei lá pelas terras amazonenses, lembrei de várias, inclusive citei a história do PEIXEIRO E A PIRANHA que por aqui já consta, mas decidi contar outra história que envolve os mesmos personagens, dessa vez o marido da piranha e a própria personagem, lembrei da época pós a descoberta que ele era traído, o sujeito revoltado decidiu entrar no jogo, mas dessa vez ele participaria.
 
Então comecei, uma vez ciente que jamais poderia deixar de ser o traído, já que não existe ex corno, ou ex chifrado, decidiu levar sua ainda esposa a participar de variadas orgias, um absurdo, mas é verdade, assim decidiu viver. Dizia que se sua esposa havia traído e queria viver uma vida promíscua, agora ela viveria de fato e com todo prazer. Acredite, o “homem” passou a organizar encontros nos quais levava sua esposa e a apresentava como garota de programa, denominado-a de Paula. A coitada em vista das ameaças do marido, agora pervertido, assumia com medo das ameaças de morte.
 
Certo dia numa festa de aniversário estava eu e uma dessas moças que ganhava a vida como prostituta e eis que chegam o “homem” e sua esposa. Inocentemente a garota vira-se para mim e diz: “nossa esse cara disse para eu não vir, porque aqui não era lugar para mim, mas traz essa Paula!” olhei para casal que chegava ao recinto e voltando-me para a jovem garota disse que ela estava enganada, que aquela era a esposa dele, mas fui contestado pela jovem garota, que disse: “pois saiba que nas orgias que participamos, ele a leva e apresenta como, Paula!” fiquei estático, e sem entender nada até ser chamado por “Paula” que pedia para eu não condená-la, que ela me explicaria.
 
Com ânsia de vômito escutei tudo e incrédulo fiquei, ao saber, de toda verdade, e cá com meus botões pensava: esse “homem” só deve ser doente, uma pessoa normal jamais submeteria sua esposa a esse tipo de coisa. Quando narrava o fato, fui aparteado pelo meu amigo, um juiz de direito, que disse: “meu amigo esse aí é o Queiroz, que traz a mulher pra nós!” foi uma gargalhada geral dos presentes, desse dia em diante mudei o nome do marido, de Ronaldo para Queiroz.