NA GAVETA DA LEMBRANÇA

Vez e outra eu dou uma puxadinha na gaveta das lembranças e escapam algumas imagens de pessoas que foram muito queridas deixando suas marcas na passagem por nossa terra. Figuras simples desempenhando papeis importantes em nossa comunidade. Não existe nada humilhante em profissão nenhuma, muito pelo contrário, por mais simples e humilde que seja o papel profissional desempenhado pelo homem, ele tem um valor imensurável e não se vive sem o seu trabalho.
Quem já está na reta final dos entas, ou melhor, dizendo, já verteu o poente na longevidade do seu ocaso, e não se lembra do sapateiro, do ferreiro, ou até daquele barbeiro que afiava sua navalha numa pedra de amolar. Profissões que no passado teve grande valor prestando excelentes serviços à comunidade.
Nesta saudosa lembrança me vieram à tona figuras importantes, que se destacaram pelo trabalho que prestaram a nossa comunidade. Dante Ferry com sua tenda de ferreiro, e Zé Belém com sua barbearia. Suas residências se confrontavam na Avenida Guilhermino Rodrigues. Ambos muito amigos tinham o habito de caçar perdiz juntos. A caça não era proibida, e eles a praticavam como lazer e alternativa na alimentação
Às vezes estas pessoas nos marcaram a lembrança com pequenas histórias, brincadeiras simples e criativas que jamais são esquecidas, detalhes minúsculos, se tornam centelha de saudade que jamais se apagam e marcam a historia.
Certo dia o saudoso Zé do Meio, outro profissional que foi um carreiro de mão cheia. Tão importante como os demais citados. De quem eu tenho boas recordações pela convivência que tivemos. Parado dando fôlego aos bois, que arrastavam o carro cortando o chão, e gemendo dolente, carregado de milho.
Abordou os dois que conversavam amistosamente na porta da barbearia:
-- Oia to vindo La do lado da água branca, e as perdizes tão chamano oceis sem Pará. Antes ela cantava: espulêta –porva- e chumbo! Agora mudou tão cantando -: Ferry... Zé... Belém! Oceis pode ajeita as espingardas que tão tudo quereno oceis lá! Uma canta de um lado outra doutro lado, mais tudo dizendo a mesma coisa: Ferry—Zé-Belém!
Geraldinho do Engenho
Enviado por Geraldinho do Engenho em 26/05/2014
Reeditado em 26/05/2014
Código do texto: T4820809
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