O CÃO FANTASMA NA MAGIA DE UM SONHO

1ª PARTE

Dr. Mauricio trabalhava no hospital de uma cidade no interior de seu estado de origem. Residia em um sitio de sua propriedade na área rural, distante três quilômetros do seu local de trabalho. Sua rotina no trabalho era árdua e cansativa. Tinha horário marcado para iniciar no trabalho, mas nunca para encerrar. Começava sua jornada às oito horas em ponto, só encerrando depois das dez da noite. Era casado com Letícia tinham um filho de oito anos que frequentava a escola próxima ao hospital. E ele fazia questão de levá-lo para o colégio, era sua única oportunidade de passar um tempinho com filho, que voltava para casa numa Van do transporte escolar. Enquanto ele Chegando a sua residência altas horas o garoto já dormia.
Sua esposa levantava cedo e cuidava dos afazeres da casa com muita eficiência, se esforçava o máximo para que o marido se sentisse bem, e com disposição para enfrentar sua dura maratona profissional.
Uma das prioridades do casal sempre foi à educação do filho.
- Junior meu filho olha à hora, seja rápido, apanhe seu material, seu pai tem horário para chegar ao trabalho. Se tu não queres usar o transporte escolar tudo bem, mas não abuse da paciência do teu pai.
-- Ainda temos mais de meia hora mamãe, não vamos atrasar. Temos  tempo de sobra, inclusive vamos passar na gaveta da mina tomar água mineral fresquinha, como fazemos todos os dias. Esse é meu único momento de curtir o papai mais um pouco, e a senhora sabe disso!
- Que história é essa de gaveta da mina menino?
- Então a senhora não se lembra, há pouco tempo tivemos lá, no feriado de sete de setembro, o papai até nos explicou do poder de cura daquela água, que nasce entre as pedras e possui certos minerais. Cura algumas enfermidades, coisas da natureza. Muito linda aquela poça na rocha em formato de gaveta, por isso que leva esse nome. É uma delicia lavar as mãos e o rosto e beber água fresquinha com as mãos em forma de conchas.
- Tudo bem seu sabichão, mas não demore o relógio não espera ninguém!
Embora o percurso de acesso à cidade passando pela tal nascente numa reserva ambiental, fugisse da rota alongando um pouco sua viajem, o Doutor adorava aquele trajeto, o que acabou se transformando numa rotina diária, muito agradável a ele, passando um tempo a mais ao lado do filho.
Naquela manhã de inverno, embora não tão frio, ao estacionar seu carro, e seguir pela trilha tortuosa, cujas paralelas estavam margeadas por enormes pedras escurecidas pela ação do tempo. Algo curioso chamou atenção do seu filho. Um cãozinho preto desbarrigado com uma lsitra branca entre os  olhos, e no seu pescoço uma coleira feita com rodelas de sabugos de milho chamuscados, ou seja, sapecados no fogo. O animalzinho choramingou um pouco afastado da trilha, entre as pedras e os arbustos orvalhados pelo sereno. Juninho notou certo enigma na sua manifestação, pareceu-lhe que o cachorrinho queria dizer alguma coisa de importante a ele.
O Dr. com o pensamento focado em suas tarefas  diarias, nem percebeu a presença do animal. Seguiram a frente, lavaram as mãos e o rosto naquele quadrilátero esculpido pela natureza em forma de gaveta, onde a água borbulhava,evaporando, parecia bocejar como se fosse baforadas de um cachimbo fumegante. Juninho fez uma observação:
- Que coisa linda papai-, a fumaça da água morninha imita nossa respiração ao bocejarmos nessa manhã gelada-, que interessante!
- Sãos os caprichos da natureza filho, o efeito da temperatura da água brotando no ventre da terra acaba sendo um lindo espetáculo! Afirmou o pai ante a curiosidade do filho.
De volta ao veiculo o cãozinho os acompanhou, com a mesma lamuria. Juninho então chamou a tensão do pai:
-Veja papai um cãozinho! Pobrezinho, deve está morrendo de fome, posso dar minha merenda a ele?
Pode sim filho, lá na lanchonete do hospital nós providenciamos outra para você, mas seja rápido estamos com os minutos contados.
Com a porta semi aberta, um pé no interior do carro e outro no chão, Dr. Mauricio aguardou com orgulho aquele gesto humanitário do filho que caminhava ao encontro do pequeno vira lata.
Tirando de sua lancheira térmica um misto quente preparado pela mãe, ele o ofereceu ao cãozinho, mas este, ao invés manifestar alegria e abocanhar o alimento, virou trilha afora na direção da mina, abanando o rabinho e festejando. O menino o seguiu insistindo na sua oferta. Preocupado, o pai deixou o carro com a porta aberta, e os acompanhou. Algum passo à frente, em meio aos arbustos e pedras, deparou-se cm um homem deitado sobre uma camada de ramos já um pouco murchos, debaixo de uma touceira de buganvílha florida. Com  aparência funesta pareceu estar morto. O cãozinho saltou sobre seu corpo inerte, cheirou sua mão enrugada e postou sentado sobre as duas patinhas traseiras ao lado de sua cabeça e se pôs a lamber sua face. O medico ajoelhou ao seu lado, examinou seus batimentos cardíacos marcando o tempo no relógio do seu pulso, e exclamou:
-- Ele está vivo, mas ardendo em febre!
-E agora papai o que vai fazer?
-Vamos removê-lo para o hospital é lógico. Tirou o celular do bolso, tentou várias ligações, mas ninguém o atendeu, as chamadas caíram todas na secretária eletrônica.
- Vamos embora Juninho, temos que deixá-lo aqui por mais um tempo, levo você ao colégio vou ao hospital e providencio mais alguém para ajudar-me no resgate.
- E o cachorro papai? Pobrezinho o que faremos com ele, é tão fraquinho nem comeu o sanduíche que eu lhe ofereci?
-O cãozinho não se sabe, não podemos levá-lo ao hospital, lá não é lugar de cachorro!
-Então me leve em casa eu cuidarei dele, tá tão magrinho!
- Juninho você não pode perder aula e nós não temos espaço para um cão doente em casa.
- Ah já sei, leve-o para uma clinica veterinária, depois nós o devolvemos para este senhor seu dono, pode ser? Quando os dois tiverem recuperado é claro!
- Tudo bem, você me convenceu, mas agora vamos, não percamos mais tempo senão nossos pacientes vão morrer antes que o socorro chegue.
Empolgado com a atitude do filho, Dr. Mauricio removeu os dois, o homem ao hospital e o cachorrinho para uma clinica veterinária.
E assim uma semana depois, após passar por vários delírios provocados pela malária com a qual o estranho fora acometido. Ele estava salvo sobre os cuidados do bondoso medico. Recobrou o sentido e pode contar a ele sua surpreendente  historia.

(Não deixe de ler a segunda parte do conto)
Geraldinho do Engenho
Enviado por Geraldinho do Engenho em 29/04/2015
Reeditado em 08/05/2015
Código do texto: T5224393
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