Q CÃO FANTASMA 2ª PARTE

2ª PARTE

-- Eu me chamo Cassiano, sou natural de uma pequena vila de nome Coqueiral. Fui casado por pouco tempo, isso a mais de quarenta anos atrás. Tenho uma filha da qual me restou apenas uma foto amarelada pelo tempo, foto essa em que ela está abraçada ao nosso cãozinho de estimação. Presumo estar ela embrulhada junto aos meus documentos e alguns pertences, numa bolsa de couro, Eu espero que a encontre ainda pendurada no parreiral de uma buganvília aonde me deitei sobre uns ramos com os quais forre i o chão, .
Meu casamento durou apenas o suficiente para o nascimento de minha filha que ao completar um ano de idade, a mãe que sempre foi meio louquinha e nunca teve juízo, a levou com ela ao me abandonar e fugir com o trapezista de um circo que passou por minha terra.
Amargurado pela saudade de minha filhinha perambulei sem rumo de cidade em cidade. Não sei se a encontrasse, o que eu seria capaz de fazer, tamanha era minha sede de vingança, não pelo abandono a que fui submetido, mas, por ter me tirado a filha que era a coisa mais importante de minha vida. Revirei o mundo a sua procura, até que um dia me deparei com o maldito circo numa cidade distante, cujo nome já nem recordo mais.
A primeira coisa que fiz, foi arrumar trabalho com o seu proprietário na certeza de que ninguém me reconheceria. O circo estava para ser transferido e não foi difícil eu ser contratado para ajudar a desmontá-lo. Eu o havia procurado sem rumo por vários anos e vi naquela oportunidade a possibilidade de resgatar minha filhinha. Acompanhei sua transferência para a próxima cidade. No trajeto descobri que o palhaço ainda era o mesmo de quando a mulher me abandonou. E qual não foi minha decepção, ao saber através dele que ela faleceu pouco tempo após sua partida, acidentada por uma queda de um trapézio quando recebia uma aula ministrada pelo seu amante. Soube também através dele, que logo após essa tragédia, o maldito desapareceu sem deixar pista. E abandonou minha filhinha, que foi adotada por um casal de colonos os quais ninguém mais soube do seu paradeiro, muito menos onde residiam e que rumo tomou.
Envelheci procurando minha filha,, alimentado por uma estranha magia e pelo sonho de um dia encontrá-la. Sofri as piores humilhações privado de quase tudo que se faz necessário a vida de um homem. Até tomar a decisão de não mais sofrer, e me aquietar, para viver em função de mim mesmo. Comecei a trabalhar de cidade em cidade prestando serviços como jardineiro, o que, aliás, modéstia parte, o faço muito bem. Minha vida melhorou. Trajo-me razoavelmente, estou bem alimentado, não posso me queixar.
Tive esse pequeno percalço, mas vejo que Deus colocou alguém em meu caminho e me salvou dessa, resta-me agora saber qual foi o anjo que Deus enviou para me salvar. Eu só me lembro que estava indo conhecer a tal mina da gaveta ou gaveta da mina como queiram, e tentar combater com sua água que afirmam ser milagrosa um mal estar que me atacou de repente, e que julguei ser passageiro. Acabei por cair num estado febril e quase morri com uma tremedeira violenta, preparei uma cama de ramos debaixo de uma buganvília e deitei sobre ela.. É apenas o que me lembro. Meu propósito de passar uma temporada trabalhando nesta cidade quase fugiu por água abaixo, não fora eu ser salvo por este anjo que Deus me enviou.

- Não foi um anjo que o resgatou, eu diria que foram dois, meu filho de oito anos, e seu cãozinho vira lata! Foram eles que me levaram até você!
-Um momento-, o Dr. Disse seu cãozinho vira lata, referindo a mim ou a seu filho?
- Me refiro a você dono do vira lata, meu filho ao seguir o seu cachorro levou-me até você!
-- Que coisa estranha Dr. Eu não tenho cachorro!
- Como não tem cachorro, e o vira lata preto com listra branca na testa, com uma coleira de sabugos no pescoço que te fez companhia? Eu o levei em meu carro a uma clinica veterinária e o deixei lá para ser cuidado, enquanto a ambulância que te resgatou dirigiu para Ca. Espanto-me quando diz não ter cachorro. Aliás, sua historia me deixou apreensivo, minha esposa é sua conterrânea saiu de coqueiral ainda Bebê, seus pais são adotivos e por coincidência são colonos, mas mora no nordeste, coqueiral fica no sul. Seria muita consciência, não? Não pode ser! Eu pensar nessa possibilidade é absurdo.
- Que possibilidade Doutor?
- Deixa pra lá são coisas de minha cabeça o fato é que você está de alta e pode seguir seu rumo vá cuidar dos jardins desta cidade, chegou à boa hora pode embelezá-la com sua arte se isso que procuras. Só tem um detalhe quero que vá comigo até a clínica resgatar o cachorro, depois vejo que rumo dará nele já que não lhe pertence.
Dirigiram até a clínica, lá chegando, outra surpresa o aguardavam, não tinha cachorro nem coleira de sabugos. Intrigado e meio sem jeito o medico veterinário os levou ao compartimento do canil e explicou que o vira lata de coleira de sabugos no pescoço desapareceu misteriosamente com o canil trancado  a sete chaves sem que ninguém percebesse.
--Agora só nos resta recuperar sua bolsa de couro, e verificar em seus pertences se o tal retrato está entre eles. Quero compará-lo com um, de  certo bebê com a qual eu me casei, se confirmar minha suspeita meu amigo vamos dar uma grande festa em comemoração ao nosso encontro.

Seguiram na direção do parque ambiental, e de fato encontram a bolsa. Verificou, a foto estava lá. Dr. Mauricio não consegiu disfarçar seu contentamento, ao constatar que o cãozinho da foto era o mesmo que ele levara ao veterinário.
Dirigiram-se para casa do médico. Naquela altura  o filho que já voltara da escola estava erm casa. Cassiano desconfiado sem nada entender, o acompanhou. Ao chegar desceram do carro e dirigiu-se a sala de visitas, Letícia sua esposa um pouco assustada, os cumprimentou, e um tanto apreensiva perguntou:
- O que houve meu bem, algo de errado aconteceu, você aqui há esta hora?
--Nada de errado vim acompanhado deste senhor desfazer uma duvida você ainda guarda aquela sua foto de quando era bebê?
Sim, jamais eu me desfarei dela é meu conforto na falta do pai biológico que nem conheci, mas por que a pergunta?
Traga-me ela este senhor que aqui está, tem uma bem parecida com ela!
O coração de Letícia quase saiu pela boca, rapidamente ela voltou com a foto e entregou ao marido, ele retirou a outra foto de sua maleta e comparou as duas, por momentos  a emoção cortou sua voz e ele ficou sem ação.
Notando seu desconforto Letícia perguntou:
- O que foi meu amor está pálido sem cor, ta tudo bem com você? Tome um pouco de água. O Dr. Tomou a água ofertada pela esposa e se recompôs, prosseguindo disse:
-Chame o Juninho, preciso falar com ele!
O garoto entrou na sala e  seu pai foi logo lhe entregando as duas fotos.
- papai o que esse cachorrinho ta fazendo nessas fotos, ele é igualzinho aquele que nos levou ao encontro daquele senhor que estava morrendo perto da gaveta da mina, veja  alistrabraca de sua testa e aquela coleira esquisita usada pose ele.
Cassiano entrou na conversa e explicou
- Aquela coleira de sabugos sapecados Juninho é uma simpatia que os antigos usavam pra curar tosse em cachorro! Retomando a palavra o Dr.concluiu:
-- De fato você acertou, é ele mesmo, e o senhor que você e ele ajudaram a salvar, é este que está a sua frente, e você e sua mãe podem abraçá-lo, pois ele é teu avô pai de tua mãe. Ai esta a prova nessas duas fotos iguaiszinhas, contendo sua mãe ainda bebê com um ano de idade e seu cachorrinho, que voltou como um  fantasma misterioso e mágico. Lembra como ele não comeu o lanche por mais que você insistisse, fantasma não come. Ele veio para unir nossa familia e contemplar o sonho de seu avô Cassiano de encontrar sua filha querida a quem ele procurou a vida inteira. Agora vamos festejar você ganhou um avô tua mãe um pai, eu um sogro, e ainda de brinde um bom jardineiro pra cuidar do nosso sitio, e  viver conosb co o resto da vida.




 
Geraldinho do Engenho
Enviado por Geraldinho do Engenho em 30/04/2015
Reeditado em 08/05/2015
Código do texto: T5225472
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