JOÃO PACIÊNCIA

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Recontando Contos Populares

 

Conta a lenda, que lá para as bandas de Rio Negro morava um velho muito sabido, chamado pelos moradores da região de seu João. Além disso, ele era tido como a pessoa de maior paciência que se tem lembrança naquelas paragens. Ninguém conseguia tirar seu João do sério.

Certa vez, apareceu por lá um caboclo muito do metido, que não acreditou nessa história de paciência do velho.

— Duvido que na minha frente ele fique calado! Se ele é o pai da paciência eu sou do insulto! Quero ver quem é melhor! - berrou o metido, no bar da cidade, desafiando o velho.

Logo foram contar o acontecido a seu João, que nunca tinha ouvido falar do tal metido. E como era de costume, ele não se abalou, apenas balançou a cabeça, para lá e para cá, como que diz para consigo: não é possível!

Chegando a tarde, seu João, encilhou seu velho cavalo, montou, deu rédeas e tocou para a cidade. Atravessava o centro em direção a igreja, para a reza das seis, como fazia todos os dias, quando foi interpelado pelo tal metido que logo de cara foi insultando o velho. Como os insultos não estavam dando certo, derrubou seu João do cavalo, cuspiu em sua direção e gritou todo o tipo de palavrão que sabia. Durante horas fez tudo para provocá-lo, mas o velho permaneceu impassível.

Caía à noite, quando o metido se sentido exausto e humilhado, se deu por vencido e retirou-se. Nunca mais foi visto na região.

Impressionados com a maior prova de paciência que já viram, um dos que estavam no local, perguntou a seu João como ele pudera suportar tanta indignidade.

— Se alguém chega até você com um presente e você não o aceita, a quem pertence o presente? — perguntou o velho.

— A quem tentou entregá-lo, respondeu o morador.

— O mesmo vale para a inveja, a raiva e os insultos. Quando não são aceitos, continuam pertencendo a quem os carregava consigo. Assim é que mantenho minha calma, devolvendo o que vem para donde saiu.

Tá certo! Respondeu o morador. ®Sérgio.

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Agradeço a leitura e, antecipadamente, qualquer comentário. Volte Sempre!

Ricardo Sérgio
Enviado por Ricardo Sérgio em 16/10/2007
Reeditado em 31/07/2013
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