MEU OUTONO

MEU OUTONO

Quatro amigos em um almoço programado de fim de semana após comerem do bom e do melhor iniciam uma discussão, no bom sentido, que dariam horas de discordância e polêmica pra mais de metro. Um dos presentes relembrando seu passado começa a contar sobre seus amores. Disse ele que guardava ótima recordação de determinado mês do ano, e fez referência ao Verão, como sendo sua estação do ano inesquecível especificamente pelo amor vivido: “lembro-me como se fosse hoje, ela estava linda na praia, um super biquíni, barriguinha escultural e aí me apaixonei. à noite fazíamos fogueiras na praia. Ah, como foi maravilhoso”. Os amigos esperavam sua vez de falarem e também contarem suas experiências.

Em seguida o outro sai em defesa da sua época predileta, dizendo que não gostava de sol, muito menos de calor. Que o sol era problema de pele e enumerou vários motivos para sequer sair de casa sob o sol. E como não podia ser diferente defendeu com unhas e dentes o Inverno. Justificou dizendo que o inverno sim que era pra ser comemorado, pois além de se vestir bem, o frio aproximava as pessoas, aí os beijos e abraços eram constantes. E citou um momento da sua vida: “Era julho, o inverno maravilhoso, quando surgiu a ideia de irmos pra Bariloche. Como fomos felizes. Vinhos, chocolates, lareira e muito amor vivido. Reuníamos os conhecidos e a conversa era longa. Nunca vou esquecer”.

Na sequência o outro amigo dá um verdadeiro salto da mesa e diz que os anteriores estavam enganados, que a melhor estação do ano sem dúvida alguma era a Primavera, a época das flores, a beleza natural deixada pelo Senhor: “A primavera é demais, o mês era setembro quando decidimos até escrever uma nova primavera, estávamos loucamente apaixonados. Fizemos juras de amor e éramos convictos que viveríamos até o fim de nossas vidas. Poxa, como me emociono ao viajar no tempo e recordar o que vivemos, ela dizia que tudo que vivíamos era sagrado”. Por isso discordou dos demais, disse ainda que o frio é dolorido, o sol nem merece comentários, mas as flores não, são lindas e inigualáveis.

O último amigo que a tudo observava então diz que também vai dar sua opinião, que infelizmente, ele discordava de todos, mas deixa claro que, não quer dizer que gostasse das outras estações, pelo contrário, via em cada uma suas qualidades, mas que fazia questão de mostrar a qualidade superior da sua preferida. Então diz que a melhor estação era o Outono, e justifica: “o outono é uma estação de transição do Verão para o Inverno, para não chocar a natureza que sai do calor para entrar no frio ou na chuva. É a estação que devemos plantar e com inverno tudo vai nascer e lá na frente até as flores chegarão com a Primavera. Além do mais, foi no outono que descobri que estou amando, apaixonado, que também sou amado, vejam o tempo do verbo: presente. Vocês falaram do passado que pelo visto já não perduram mais esses amores. Por fim, digo que é o outono porque ele simboliza “o morrer pra se nascer de novo”, o que vocês deviam fazer. Enterrar esse passado e viver o presente, amar e ser amado, foram meras aventuras, senão fosse até hoje estariam juntos”.

Os amigos se olham e dando um abraço coletivo no defensor do Outono concordam e acrescentam: “vamos perder que nem fazem as árvores, todas nossas folhas que aqui representam o passado e deixar nascer novas que nesse caso é representado por um coração limpo das feridas do que se foi e pronto para viver o presente com muito amor, intensamente”. O amigo abraçado então finaliza: “bem vindo meu Outono”.