Morte súbita

Aquele homem estava atordoado com a quantidade de preocupações do dia. Contas a pagar, brigas com a mulher, problemas com o filho na escola, obrigações a serem feitas no trabalho com urgência. Ele mal conseguia respirar, andava pela rua como se estivesse alheio a tudo. Atravessou a rua e foi colhido por um veículo a alta velocidade.

A morte foi instantânea. Nestes casos o impacto atordoa a alma, que desmaia junto com o corpo. Depois de algum tempo ela (a alma) desperta, mas mais perdida do que antes, pois desconhece o acontecido, dado ao tempo entre o acidente e o seu despertar. Agora já é outro dia e tudo está diferente do que foi no instante do sinistro e ela está confuso.

Ela então retorna às suas preocupações habituais, para ela nada aconteceu, tudo está normal, até o instante em que chega em casa e encontra todos tristes. Ninguém lhe responde nada e ela entra em desespero. Vai então para o trabalho e encontra um ambiente semelhante ao de sua casa. Todos estão alheios á sua presença, ela quase enlouquece.

Agora, imagine você, quantas vezes por dia isso acontece? Quantas pessoas morrem todos os dias de forma violenta e ficam perdidas no mundo, sem saber o que fazer, fugindo da luz, por que a luz quer tirá-las daqui e elas estão apegados ao mundo, certos de que elas são o seu corpo e o seu corpo está vivo, pois ele ainda vive, sente, pensa e respira.