Surpreendentemente minha

Mas ela permanecia ali. Todos os outros haviam ido embora, mas ela permanecia, com um sorriso resplandecente e sincero, olhando para mim, através de minha alma. Quanto tempo a mais ela ficaria? Até que ponto vai me aguentar, pequena?

Fiz meu café, peguei o violão e coloquei sobre seu colo. Toque, meu amor, amo lhe ver tocando! Prometi que lhe acompanharia, cantando. Não cumpri; a vergonha me impediu. Então apenas fiquei ali, tomando meu café, ouvindo-a tocar. Fechei os olhos, procurando esconder as inúmeras sensações que a cena me causava. Lágrimas chegaram à garganta, instantaneamente às bloqueei.

Abri os olhos, ela fitava o violão, concentrada nas notas. Talvez nem tenha notado meus olhos fechados. Eu cantava mentalmente. Pensando friamente, agora, a cena estava terrivelmente poética.

Eu não cansava de fitar a única pessoa que sempre esteve e que sempre está comigo - segundo ela mesma. Acho que nesse momento eu sorri. Oh, ela estava linda, como sempre. Jamais cansaria de fita-la enquanto ela toca. Ainda mais quando, minutos antes, a pessoa que te mantem respirando, tenta te ensinar umas das coisas que ela faz de melhor.

Ah, mas o mais prazeroso de tudo é saber que, apesar de existir um milhão de pessoas melhores que eu, ela sempre será minha, tão somente minha, que agora pensando nisso, eu me surpreendo. E também me surpreendo com o fato de que ela é a pessoa mais importante de toda minha vida.