Breve Vingança

- Eu lhe amei muito, sabia? Mas também sofri muito. Você não só me abandonou, mas o fez quando eu mais precisei. Deixou-me sozinha, rodeada por pessoas que me odiavam, com um coração sangrando e um amor pulsante. Você me fez promessas e as esqueceu: você me abandonou e me feriu, você não esteve sempre comigo e eu não pude contar com você. Você me esqueceu. Deixou-me ao relento. Fraca e vulnerável - Limpou as lágrimas, num soluço. Sorriu, irônica - Obrigada! Você me provou o quanto eu fui idiota quando me cortei por ti, quando alimentei esperanças e quando acreditei outra vez em você. Você me ensinou, de uma maneira cruel, que é a mais pura burrice se entregar desse modo. - Sua face estava dura, seu olhar frio. - Eu já devia saber que amar não valia a pena, desde o começo meus instintos não gostaram da palavra “amor”, mas eu os contrariei e o senti. Eu amei. - Ela o olhava com um mestiço de ódio e amor. O amava, isso sem dúvidas. Mas ele a feriu de forma dolorosa e profunda. Odiava amá-lo - Eu te amei. Eu ainda te amo. Mas eu sei quando “perdi”, quando já não tenho forças e quando devo desistir. Sabe, eu havia prometido lhe amar eternamente. Talvez eu cumpra e você fique guardado em mim eternamente. Mas eu cansei disso. Eu vou descumpri-la. Mas o que é uma minha comparado a suas? - A vontade dela era de fazê-lo sentir o que ela sentia, aquelas palavras eram nada comparado ao que acontecia dentro dela, eram um resumo inútil e pouco explicativo, eram quase uma banalização de seu interior. Ela estava sendo infantil ao contar-lhe tudo, esperando ouvir um “eu te amo”. E estava sentindo-se fraca por estar tão exposta. Sentia-se vulnerável.

Não houve resposta da parte dele. Ele estava atônito, sem palavras, vidrado em cada palavra, em cada gesto e face daquela garota. Nunca notara o quanto era bela e imponente, chegava a dar-lhe medo.

- Engraçado. Você me deixou sozinha e vulnerável. Mas hoje, sou forte e não estou sozinha. Sabe, eu construí em mim uma proteção, uma arma, uma defesa. Sou forte e fria. Sou resistente. Não sou de aço, mas sou quase. Também não sou escrava desse amor. Perdoe-me, você é passado, ficou para trás. Te guardarei no coração, não nego, mas o sentimento todo, o amor todo, entrou em extinção. - Ela deu-lhe as costas, o rosto agora, ainda vermelho, confiante, leve, com um sorriso tolo na cara, aqueles de quem superou algo. Um sorriso sincero a iluminava.

E lá ele ficou: fraco, vulnerável e sozinho. Refletindo. Pensando no que a bela garota que antes ele desprezou tornou-se. Pensando na mulher que acabara de deixá-lo, só.