Eu choro

Stoer o sábio andava pela cidade, coisa que não lhe era muito agradável, mas que às vezes precisava fazer dadas as obrigações que se impusera, no sentido de buscar pessoas necessitadas e trabalho na lida de servir ao próximo. No seu passeio naquela manhã ele encontrou um homem em uma praça, com a cabeça entre as mãos e os olhos cheios de lágrimas. Sentou-se o mestre no mesmo banco e ficou esperando ser notado pelo outro, o que aconteceu depois de algum tempo, quando houve espaço para se recompor. Contou o homem então um pouco de sua história, cheio de emoção e ressentimento, mas querendo demonstrar certo equilíbrio, mesmo cheio de tanta dor.

“Às vezes eu me desespero, tenho os meus momentos de dor. A vida é igual para todos nós, nem mais nem menos. Nestes momentos de dor eu paro e oro profundamente. E profundamente eu peço a Deus que me ajude, por que eu preciso de força para superar as dificuldades que a minha senda me oferece. Algumas vezes eu acho que o Pai se esqueceu de mim, mas eu lembro das suas pegadas na areia e novamente eu oro a Ele e peço: Pai socorro senão eu sucumbo tamanho o desespero e a tristeza que sinto no meu coração. Mas eu sei que a vida é passageira e que quando tudo isso terminar eu retorno à Casa Paterna e esta é a fé que me alimenta".

”Durante vinte anos de minha vida eu tenho me esforçado ao máximo para aprender com as revezes, não simplesmente a superar os homens, mas superar a mim mesmo. Purifico os meus pensamentos e elevo os meus sentimentos diuturnamente, como se estivesse fazendo a única coisa na vida realmente importante, e é. Neste meu trabalho eu penso nos mais carentes e nos desvalidos, nas prostitutas e nos desenganados e me recupero. Mas eu perdi há muito a fé no homem e na medida em que cresço como alma, fortaleço ainda mais a minha confiança no Poder e no Amor de Deus, que me deixa passar pelas dificuldades para despertar em mim o amor e fortalecer a fé”.

”Tem vezes que eu quero gritar por ajuda, estão me roubando os pés do chão, mas eu silencio a minha dor no peito e espero, por que na vida os exercícios mais importantes são os de Orar, Jejuar e Pensar. Quem ora liga-se a Deus, quem jejua abre-se ao Pai e quem pensa correto conversa com o Senhor. Mesmo assim muitas vezes me vem o desespero e novamente eu oro. Acho que não vou conseguir seguir adiante e quero parar deixar tudo por fazer e abandonar o caminho correto, me entregando ao sentimento de tristeza e abandono que me cerca. Não gosto de falar sobre a dor, mas ela está se tornando grande demais e eu não sei mais se vou suportar”.

”Quando o nosso esforço é pelo bem, eu sei, somos assediados pelo poder das sombras, querendo nos mostrar que somos nada e que todas as nossas crenças, fora delas, são inexistentes e falsas, mas aquele que tem o dom da fé sabe que o caminho dela é cheio de percalços e provações. Assim eu oro novamente e de novo eu peço amor no meu coração para que eu perdoe àqueles que querem me destruir, tirando de mim tudo o que eu construí com esforço e dedicação. Neste momento tão difícil de minha vida, quando com 54 anos, não tenho mais como recomeçar do zero, com a saúde abalada, os meus joelhos cansados e um futuro incerto, eu choro”.

Quando o homem terminou de contar sua história, Stoer falou: Você tem fé em Deus, isso eu sei e é muito importante, mas lhe falta a ciência de Deus e esta você só adquire com o conhecimento espiritual necessário. Abra espaço para que Ele se mostre aos seus olhos, ouça a sua voz no silêncio imposto à sua mente e observe sem deixar que os seus pensamentos costumeiros invadam a arena mental a ser elaborada. No silêncio você vai descobrir um sentimento muito mais profundo do que os sentimentos habituais e vai direcionar a sua vontade para o serviço espiritual, auxiliando as pessoas e atraindo para você o auxílio necessário para o crescimento sustentado de sua vida socio-profissional. É assim que funciona a vida, ajuda e serás ajudado. Quando nos dedicamos ao trabalho social desinteressado, atraimos para nós a energia precisa para aquilo que precisamos no mundo.