Tiradentes, o herói inventado

Muitos poderão me chamar de louco, ou de mentiroso, depois de lerem este texto. Mas a história é escrita pelos que mentem, matam, enganam e desejam, de alguma forma obter vantagem, para si ou para outrem. O fato é que esse é o meu ponto de vista e isso é permitido a qualquer ser pensante.

O “herói” Tiradentes não morreu enforcado como nos foi ensinado nos primeiros anos de aprendizagem escolar. Foi preso, sim, torturado, talvez, mas morto não. E vou tentar explicar o porquê.

Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, detinha o título de Alferes. Embora a história oficial considere a Inconfidência Mineira uma grande luta para a libertação do Brasil, na verdade o que queriam mesmo era a libertação das Minas Gerais. Novos estudos apresentam um Tiradentes bem mudado: sem barba, sem liderança e sem glória. Joaquim José da Silva Xavier não foi senão o "bode expiatório" da conspiração. Na verdade, o alferes nem sabia muito bem onde estava entrando, nem porque, o que é fácil acreditar. Como um simples alferes (o equivalente a tenente hoje) lideraria coronéis, brigadeiros, padres e desembargadores e intelectuais diversos?

É sabido que, na época, os condenados tinham suas barbas e cabelos raspados. Por dois motivos: primeiro para evitar a infestação de piolho, e, segundo, para impedir que os longos fios, tão comuns e abundantes naqueles tempos, impedissem que a barbárie, o homicídio legal, obtivesse o sucesso esperado. Mesmo assim, ilustrações mostradas em livros de história nas salas de aula trazem um “herói”, de barba e cabelo longos, o que é uma incoerência e inexatidão histórica, facilmente de ser comprovada (talvez as ilustrações tenham sido usadas para lembrar o Cristo e provocar a comoção, transformando o falso morto em mártir: corajoso, fiel a seu ideal de liberdade e amante da nação, a ponto de dar a vida por ela).

Lembremos um pouco os personagens que fazem parte da historia contada nas escolas: o médico José Alves Maciel, recém chegado da França, os padres Carlos Correia de Toledo, José da Silva de Oliveira Rolim e Manuel Rodrigues da Costa, o tenente-coronel Domingos de Abreu Vieira, o tenente-coronel Francisco de Paula Freire de Andrade (comandante da poderosa guarnição), o capitão José de Resende Costa, o cônego (sacerdote), Luiz Vieira da Silva, os poetas Cláudio Manoel da Costa, Inácio José de Alvarenga Peixoto e Tomás Antônio Gonzaga (que era ainda desembargador e personalidade ilustre). Porém, somente o nosso “herói” foi enforcado, decapitado e esquartejado. Por quê?

O historiador Marco Antônio Correia, encontrou uma lista de presença da assembléia nacional francesa de 1793, de onde constava a assinatura de um tal Joaquim José da Silva Xavier. Conforme o autor carioca narra em seu artigo publicado na Folha de São Paulo no dia 21 de abril de 1998, um ladrão condenado morreu no lugar de Tiradentes, em troca de ajuda financeira à sua família, oferecida pela maçonaria. O herói mineiro fora então embarcado para Lisboa, incógnito, em agosto 1792. Ainda segundo o historiador, Tiradentes fora salvo pelo amigo poeta, Cruz e Souza, que era maçom e gozava de influência, sendo ainda um dos juízes da Devassa.

Testemunhas da degola de Tiradentes se diziam surpresas, pois o cabeludo dependurado na ponta da corda aparentava ter menos de 45 anos. Isso explica o desaparecimento de sua cabeça um dia após a exposição.

Mas então para onde foi o nosso “herói”? Portugal, África, Copacabana ou Fernando de Noronha? Talvez tenha ido para Nova Serrana já que alguns historiadores alegam que há testemunhas históricas de que ele pernoitou no antigo casarão em ruínas da rua Dimas Guimarães.

A versão da morte de Tiradentes deveria ser heróica a fim de transformá-lo não só num mito, mas em um Cristo tupiniquim, um herói inventado. Aliás, sentimos mesmo necessidade de heróis, como Bruna Surfistinha, Getulio Vargas, Tiririca, Ronaldinho, Rita Cadilac...

“Se dez vidas eu tivesse, dez vidas eu daria”, como só tinha uma, nosso “herói”, resolveu mesmo foi dar no pé.

“E pra aquele que provar que eu tô mentindo eu tiro meu chapéu...”

Luciano de Assis
Enviado por Luciano de Assis em 11/09/2011
Código do texto: T3213558
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