MISTÉRIO

Vivia o jovem rapaz, recém-casado, numa espécie de cortiço, nas proximidades do bairro Mocambo. Nos dias de trabalho, precisava acordar muito cedo para tomar o coletivo que o levaria ao colégio onde trabalhava.

Naquele dia, acordara por volta das cinco da manhã e se dirigira ao banheiro coletivo.

Gritos, lamentos e choros tomavam conta da vizinhança, repentinamente. Colocou a roupa e correu para verificar o que ocorrera. Havia muitas pessoas na calçada da casa, inclusive, a polícia já havia sido chamada. Era a casa de um jovem casal que tinha um filho de poucos meses. O berço da criança pegara fogo e o casal acordara aos prantos. Não se ouvia o choro da criança e as intensas labaredas não permitiam que seu minúsculo corpo fosse visto.

Meu Deus, quanto sofrimento!

O corre-corre não parava, na tentativa de apagar aquele fogo que ameaçava tomar conta de toda a casa.

Abalado, como todos ali presentes, mas sem nada poder fazer para amenizar o sofrimento daquele casal, o jovem rapaz tomou seu coletivo e fora ao trabalho. Pensou no que ocorrera por todo o dia e não conseguia conformar-se com aquela tragédia.

Retornou, como de costume, por volta das 19 horas e, para seu alívio, ficara sabendo que tudo não passava de um grande susto, pois a criança que, supostamente, queimara naquele berço, havia, inexplicavelmente, sido encontrada intacta numa casa distante quilômetros dali.

Décadas se passaram e ninguém, até hoje, foi capaz de compreender ou explicar tal mistério que ainda o atormenta.

Rodelas/BA, 15 de novembro de 2009.

Prof. Generino Gabriel

GENERINO GABRIEL
Enviado por GENERINO GABRIEL em 15/02/2013
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