O crime do poço - Compilação

Distante da rua Apá e do Castelinho apenas dois quilômetros e meio, seguindo a pé pela rua General Julio Marcondes Salgado em direção a Nothmann, 270 metros, continuando pela avenida São João 1400 metros, tomando a rua Cnso Crispiniano por mais 140 metros, passando pela praça Ramos de Azevedo, 77 metros, seguindo pela rua Cel. Xavier de Toledo por mais 300 metros, eis que surge o Ld de memória, 95 metros, caminhando pela avenida 23 de maio num percurso de 120 metros, seguindo ainda por mais 121 metros pela Psa. do Piques, o indivíduo chegará a Praça das Bandeiras, mais especificamente a antiga rua Santo Antônio, número 184, onde em 1948 outro crime bárbaro, envolvendo uma família inteira, iria chocar os moradores da capital paulista por meses.

No dia 23 de novembro de 1948, depois de várias denúncias do estranho desaparecimento de mulheres em uma casa da Rua Santo Antonio, o professor do departamento de química da USP (Universidade de São Paulo); Paulo Ferreira de Camargo suicida-se enquanto assiste pela janela do banheiro o momento em que a policia retirava do poço do seu quintal os corpos de sua mãe Benedita e das duas irmãs Cornélia e Maria Antonieta, pessoas que ele havia matado há 19 dias.

Paulo há vários meses vinha apresentando comportamento estranho. Segundo alunos do curso de química da referida universidade, Paulo havia feitos disparos de arma de fogo no interior do laboratório, alegando se tratar de um experimento cientifico, sobre efeitos de atritos de materiais e elementos químicos que compõem a pólvora, foi apenas repreendido pelos reitores. Cogitou-se posteriormente que o professor fosse viciado em ópio.

Assistente do prof. Hoffman, a ele fazia perguntas estranhas sobre quais seriam os melhores agentes químicos para corroer um cadáver. Alguma coisa já se delineava no seu cérebro esquizóide.

Uma carreira brilhante interrompida estupidamente.

Investigações da época revelaram que o crime foi motivado por vingança de Paulo contra sua família quatrocentenária que não aceitava seu romance com a enfermeira e ex-balconista Isaltina dos Amaros de 23 anos. Um crime bárbaro e premeditado já que o poço fora construído a pedido de Paulo, semanas antes do crime. Sua intenção, especula-se, seria usar o poço como tumba para a família que, afirmaria ele posteriormente, teria se mudado para outra região do país, evitando assim qualquer questionamento por parte de vizinhos ou conhecidos.

Um vizinho, também químico, procurou a policia para informar que no fim de outubro Paulo construíra no quintal da casa, um poço de 5 metro de profundidade, alegando que ia montar uma fábrica de adubos e a água encanada não servia ao trabalho. A obra foi feita em um dia por dois pedreiros que receberam 2 mil cruzeiros pelo trabalho. A polícia não deu a menor importância.

No dia cinco de novembro de 1948, Paulo teria dito aos amigos que viajaria com a família para o Paraná e logo em seguida mandou a noticia que a mãe e as duas irmãs haviam morrido em um acidente de automóvel perto de Curitiba.

Cordélia não aparecia no trabalho desde o dia cinco, também não havia dado notícias. O amigos, sabedores do acidente no Paraná, começaram a duvidar da história já que, Paulo não apresentava sinais de tristeza e nada havia sido noticiado nos jornais, fato que levou a polícia a desconfiar que algo estava errado, e no final de novembro começou a investigar o caso.

Toda a investigação policial chegou ao crime, e tudo leva a crer que ele tenha sido cometido no dia quatro de novembro, em duas etapas: entre nove e 10 horas da manhã, Paulo teria matado a tiros a mãe e a irmã Maria Antonieta. A irmã Cordélia teria sido morta ao chegar do trabalho para o almoço. Paulo sozinho levou os três corpos para o poço, que amanheceu coberto no dia cinco.

Levada por suspeitas, a policia começou a abrir o poço.

Os três corpos foram encontrados com as cabeças cobertas com panos pretos e de cabeça para baixo. E então, o medo atrasado, o susto quando o Crime do Poço virou manchete.

Os motivos? Oswald de Andrade na época escreveu para a Folha da Manhã, cinco artigos como matéria de capa, sob o título "Crime sem Castigo", em que procura analisar o crime de Paulo Ferreira de Camargo sob os aspectos psíquicos.

Ele diz: "Com a violência da censura ancestral, Paulo viu agigantar-se diante dele a família inútil. A psicogênese do crime evidentemente já trabalhava o seu inconsciente. Chegou um momento em que ele gritou não àquela pobre gente que representava a incompreensão e o tabu das velhas castas e dos superados preconceitos".

Uma outra versão apresentada na época dos acontecimentos é que suas suas irmãs e a mãe estavam acometidas de insanidade mental e, que, não tendo mais condições psicológicas, financeiras e de tempo para os devidos cuidados com elas, Paulo resolveu que o melhor para todos seria a morte delas.

Durante o resgate dos corpos, já em decomposição, um dos bombeiros que trabalhava no local foi contaminado e acabou morrendo por infecção cadavérica.

O lugar ficou conhecido como local do “crime do poço”, ganhou fama de mal assombrado e vinte e seis anos mais tarde, a casa foi demolida e em seu lugar ergueu-se o Edifício Joelma.

*As informações contidas neste conto é resultado de pesquisa em centenas de textos e vídeos da internet

Luciano de Assis
Enviado por Luciano de Assis em 15/09/2011
Reeditado em 14/02/2012
Código do texto: T3220595
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